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Os Dias de Marvila, onde se celebra o matrimónio cultural

Escrito por
Francisca Dias Real
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Entalada entre o Parque das Nações e Santa Apolónia, Marvila é periferia no centro da cidade. A primeira edição de Os Dias de Marvila acontece de sexta a domingo (22 a 24 de Setembro) e celebra o matrimónio cultural entre os vizinhos Teatro Maria Matos (Alvalade) e Biblioteca de Marvila, localizados em freguesias limítrofes.

Durante três dias, juntam-se para oferecer um programa cultural aos lisboetas num triângulo de espaços: a biblioteca de Marvila, o Maria Matos e a Casa Conveniente/Zona Não Vigiada. “O ponto de partida deste pequeno festival surgiu no Maria Matos, num projecto que começou há cerca de um ano, o Topias Urbanas”, explica Mark Deputter, à frente da programação do evento e que em breve assumirá novas funções na Culturgest. “Isto é para toda a gente em Lisboa, queremos promover uma cultura de proximidade com as pessoas de ambos os bairros.”

Ao longo do último ano, o projecto Topias Urbanas foi apalpando terreno para culminar neste evento ao trabalhar com a comunidade dos bairros. O cenário cultural em Marvila mudou aquando da abertura da Biblioteca, em 2016, que “não é pensada apenas como uma biblioteca mas também como um centro de proximidade”.

São três dias cuja programação oscila entre peças de teatro, concertos, debates, performances e actividades dedicadas aos mais novos. “O Maria Matos lançou o desafio à Biblioteca e à Casa Conveniente para se pensar em conjunto numa oferta cultural mais robusta e abrangente ”, diz Mark.

O objectivo é criar um fluxo entre estes três locais e com o espaço público dos bairros, que perfaz o quarto espaço onde tudo isto vai acontecer. Esta é a primeira edição, mas Mark adianta que parcerias a longo prazo entre os dois locais já estão em cima da mesa.

As actividades são todas de entrada livre com excepção da peça de teatro Moçambique (a Time Out errou na edição impressa desta semana quando disse que era tudo gratuito). 

Aqui damos-lhe os destaques da programação dos três dias que não pode mesmo perder. Para miúdos e graúdos.

Sexta (22)

- Onde o horizonte se move (18.30 em frente à Biblioteca de Marvila)

Gustavo Círiaco vai convidar o público a desacelerar e a procurar o que está além do horizonte, as histórias que a realidade fosca que os interpela vai escondendo. É preciso é estar atento e ficar de vigia.

- Assembleia (21.30 na Biblioteca de Marvila)

Quem assiste faz parte do público e se faz parte do público então vai formar a assembleia. É com esta Assembleia reunida que se pretendem resolver os problemas do bairro colectivamente. Esta performance é um trabalho levad a cabo pelos moradores de Marvila que já esteve no Maria Matos e agora regressa às origens.

-Miniaturas no Teatro (no Teatro Maria Matos)

O pano de fundo é o Maria Matos e o matéria-prima são as histórias. Os artesãos? Os alunos finalistas do 11.º ano da Escola D. Dinis, em Marvila. A inspiração para as 16 obras destes 16 alunos veio do artista Slinkachu, que lhes permitiu criar histórias com miniaturas e fotografias. A exposição também está disponível para mostra no sábado.

-Moçambique (sex-sáb 21.30 e dom 18.30 no Teatro Maria Matos 6€ a 12€).

Não é uma estreia, mas tudo o que é bom vale a pena repetir. Moçambique, da companhia Mala Voadora, regressa aos palcos sala principal Teatro Maria Matos nestes dias depois de ter recebido o Prémio Autores 2017 da Sociedade Portuguesa de Autores, na categoria de Melhor Espetáculo. Moçambique é uma peça atrevida que se traduz numa espécie de comédia, meio teatro, meio revista que remonta a história colonial portuguesa.

-Pega Monstro: Ateliê de formação musical (20.00 no Espaço Casa Conveniente/Zona Não Vigiada)

Também o festival Zona Não Vigiada deu frutos. As Pega Monstro estiveram uma semana em residência na Zona J, onde desenvolveram com crianças do bairro um trabalho de sensibilização musical que vai ser apresentado num concerto a muitas vozes na Biblioteca de Marvila.

Sábado (23) 

-Muita tralha Pouca tralha (17.00 na Biblioteca de Marvila)

Para miúdos ver, Muita tralha Pouca tralha: A viagem de ida para a grande corrida instala-se na Biblioteca de Marvila no sábado, às 17.00,  e traz de volta a  história de Manuela e da sua grande corrida, agora a partir da visão dos tios Queridos que se veêm a braços para fazer a mala. Levar a vida toda na bagagem é uma tarefa complicada para todos, até para eles. A entrada é livre, mas tem de levantar bilhete no local a partir de uma hora antes do início do espetáculo.

-Coleção de Poemas de Rita Taborda Duarte (sáb-dom 11.00 na Biblioteca de Marvila)

Os poemas de Rita Taborda Duarte estão de volta pelas mãos de Crista Alfaiate. É uma bela sessão de poesia para levar os miúdos, sobretudo se quiserem ter uma conversa animalesca (ou melhor, sobre animais). A rimar se contam histórias e aí se começa a explorar a imaginação desde tenra idade.

-Cartografia em Movimento (18.00-20.00 ponto de encontro: Biblioteca de Marvila)

Prepare o calçado confortável. Em Cartografia Em Movimento a ideia é simples: fazer um percurso-instalação de forma a conhecer o bairro. Começa na Biblioteca e acaba no bairro Marquês de Abrantes e o passeio desafia todos os participantes a enfrentar a realidade daqueles bairros através do real e das instalações.

Domingo (24)

-Biblioteca Humana (15.30-17.30 no Maria Matos)

Já lhe aconteceu ouvir histórias vindas de certas pessoas e pensar 'esta história dava um livro'? Pois bem, nesta Biblioteca Humana passa-se mais ou menos isso. Em sessões de meia hora, vão ser pessoas com diferentes backgrounds a assumir o papel de livros humanos e terem uma troca de idieas com um grupo de leitores, neste caso o restante público.

O objectivo é a partilha de culturas, ideias e valores, partindo para a desconstrução de estereótipos e de preconceitos.

-Humano (18.00 na Biblioteca de Marvila)

E já que estamos numa onda de elevar a condição humana, sugerimos que vá ver Humano, o documentário de Yann Arthus-Bertrand que tem uma série de histórias que retratam este mundo de uma perspectiva quase imersiva, até no próprio comportamento do ser humano.

-Concerto a muitas vozes (17.00 na Biblioteca de Marvila)

Ainda para os gaiatos se entreterem, também na biblioteca há um concerto a várias vozes. São crianças de diversos bairros que se apresentam com as cordas vocais afinadas na sua primeira apresentação pública, ensaiados pela maestrina Catarina Braga.

Pode consultar a programação completa aqui.

Teatro Municipal Maria Matos (Avenida Frei Miguel Contreiras, 52) e Biblioteca de Marvila (Rua António Gedeão). Sex-Dom. Entrada livre (com excepção da pela de teatro Moçambique).

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