Pequenos grupos de pessoas à entrada das lojas, mais movimento nas ruas, convívios tímidos nas esplanadas e nos jardins, que deixaram de estar desertos. O regresso “à vida lá fora” faz-se lento, mas espera-se que a cidade volte, à semelhança do que aconteceu no Verão passado, a assumir os contornos de um novo normal. Ainda que o material de protecção, a lotação limitada, a etiqueta respiratória e o distanciamento social continuem a ser palavras-chave.
Depois de um longuííííísimo período de dormência e degradação (décadas...), a Estação Fluvial Sul e Sueste vai voltar à vida, e em grande. A Câmara Municipal de Lisboa já anunciou que em Abril a irá reabrir, agora como espaço dedicado à actividade turística fluvial. As boas notícias são que este edifício classificado foi restaurado e está como nem nunca o vimos.
Aproveitámos a abertura de vedações da obra e fomos ver a estação: a luz, a luz, que entra pelo tecto, e pelas portas em vidro e metal, em arco redondo, de um lado ao outro, das fachadas da terra ao rio; o chão de mármore, com padrão e molduras; e, no exterior, aqueles gradeamentos, que se desenvolvem em sombras.
Um pouco de história. Nasceu para fazer a ligação ferroviária de Lisboa ao Alentejo e ao Algarve. Daqui se partia para o Barreiro para, então, rumar de comboio para o Sul e Sueste do país – daí o nome. A estação fluvial projectada por Cottinelli Telmo foi inaugurada em 1932, rompendo com as opiniões de que o edifício deveria seguir as linhas da arquitectura pombalina circundante. Segundo o próprio, a melhor forma de prestar homenagem à arquitectura pombalina era precisamente não competir com ela, e foi isso que fez: um edifício modernista Art Déco.