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wild mouse, filme na mostra kino 2018

KINO: Um filme por dia de cinema que nunca se vê

Filmes de expressão alemã são, às vezes, apresentados em Portugal. Escassos, não servem para conhecer o que por lá se produz. Para isso serve a mostra KINO, de volta ao cinema S. Jorge

Escrito por
Rui Monteiro
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O tema desta mão cheia de filmes é sério: “A falta de comunicação e a dificuldade em manter uma relação de empatia com o próximo.” Mas há muitas maneiras de mostrar assuntos sérios e, na sua 15.ª edição, a Mostra de Cinema de Expressão Alemã KINO faz isso mesmo.

Aqui vai um filme por dia de cinema que nunca se vê. 

Kino. Qui (18) a Qua (24) de Janeiro. Cinema São Jorge. 4€/sessão  

KINO: Um filme por dia de cinema que nunca se vê

Wild Mouse

Ninguém sabia até onde chegava a fúria de um crítico de música até o realizador austríaco Josef Hader a mostrar em imagens pungentes e cómicas neste filme, estreado no Festival de Berlim, o ano passado. Aqui encontramos um crítico (o próprio Josef Hader) há décadas iluminando o povo em jornal de Viena, inesperadamente, para ele, que não estava a par das últimas do capitalismo e da imprensa, tornado dispensável por uma reestruturação. E pronto para a vingança, por muito que isso lhe pareça irracional.

Quinta, 18, 21.00. S. Jorge.

Casting  

Com muito atrevimento, Nicolas Wackerbarth, no seu sexto filme, faz que refaz, nem mais nem menos, do que As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, do sagrado Reiner W. Fassbinder. E antes que as redes sociais entrem em ebulição, diga-se que o realizador aborda a obra com idêntica seriedade e mantém a essência do original, lançando olhar igualmente impiedoso sobre as relações humanas e as misérias dos meandros da indústria do espectáculo, no entanto, sabendo no que estava metido, mantendo suas distâncias e montando a obra como uma ficção dentro de outra ficção.

Sexta, 19, 21.00, S. Jorge.

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Se Penso na Alemanha à Noite

Entre o pulsar nocturno das discotecas e o seu estranho e iluminado vazio diurno, o realizador alemão Romuald Karmakar filma amplificadores e mesas de mistura para, com cinco pioneiros da electrónica, Ricardo Villalobos, Sonja Moonear, Ata, Roman Flügel e Move D., contar, deixando-os falar sobre o seu trabalho, a dinâmica da pista de dança. No final percebe-se como o realizador habilmente cria um retrato bastante claro da influência alemã na música pop contemporânea, principalmente a criada a partir de Berlim, e que, em grande parte, quando não dominou, definitivamente influenciou a música de dança do resto do mundo.

Sábado, 20, 21.00, S. Jorge.

Casa Sem Telhado

Soleen Yusef, realizador curdo nascido na Turquia, filma a impressão que a aldeia curda onde estão as suas origens provoca nos irmãos Liya, Jan e Alan. Criados na Alemanha, ali sentem uma estranheza tão grande como a que caracteriza a sua própria relação. Mas é a última vontade da mãe, que desejava ser enterrada junto do marido, morto durante a guerra contra o regime de Saddam, e, portanto, o regresso ao Iraque é obrigatório. Para tal, os irmãos apartados viajam através de um país assolado por conflitos, ao mesmo tempo que o seu conflito privado se torna cada vez mais dramático.

Domingo, 21, 21.00, S. Jorge.

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Bebedolas

Desde a juventude de Tobias (Heiko Pinkowski) que Flasche (que quer dizer garrafa, e é interpretado por Peter Trabner), o seu melhor amigo, esteve sempre presente. Juntos embebedam-se em noites de festa que se prolongam pela manhã; nos momentos de tristeza é ele que está ali, ao seu lado. Porém, o elevado teor alcoólico desta amizade também cria os seus problemas, principalmente a Tobias, casado, com filhos e gabinete de arquitectura para gerir. Mas afastar-se desta obstinada e afeiçoada amizade não é fácil no filme de Axel Ranisch.

Segunda, 22, 19.00, S. Jorge.

Dezassete

A realizadora austríaca Monja Art estreia-se na longa-metragem com um filme galardoado com o Prémio Max Ophüls, o ano passado. Dezassete, com Elisabeth Wabitsch, Magdalena Wabitsch e Bailey, debruça-se, entre a selvajaria e a suavidade, sobre amores lésbicos, e outros, para o caso menos importantes, de uma aluna inteligente e ousada, mais o seu círculo de amigos adolescentes, como todos os adolescentes, perfeitamente normais e, simultaneamente, completamente loucos. Por outras palavras: uma crónica da vida juvenil na província.

Terça, 23, 21.00, S. Jorge.

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A Ordem Divina

Na Suiça de 1971, Nora (Marie Leuenberger) vive o sufoco de habitar uma aldeia onde a regra cada género no seu lugar é praticada com afinco. Ali, as transformações sociais de finais dos anos de 1960 pouco ou nada se sentem e o papel da mulher continua amarrado ao convencionalismo ancestralmente machista. Até um dia. Aquele em que o marido a proíbe de trabalhar, praticamente o mesmo dia em que um grupo de mulheres reivindica o direito de voto, que, até aí, por estranho que pareça em país democrático europeu no século XX, a Suiça vedava às mulheres. E, embora leve o seu tempo, não há ordem divina capaz de manter a injustiça daquele estado das coisas, pelo que o filme de Petra Biondina Volpe não se inibe de narrar as alterações sociais que levaram, finalmente, à introdução do direito de voto das mulheres em toda a confederação helvética.

Quarta, 24, 21.00, S. Jorge.

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