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THE GREATEST SHOWMAN
Photo Credit: Niko TaverniseHugh Jackman em O Grande Showman

Entrevista a Hugh Jackman: "Se James Bond viesse ter comigo, claro que ponderaria"

Hugh Jackman está de volta com 'O Grande Showman' e falou com a Time Out Londres sobre o papel de PT Barnum, o fim de Wolverine e o 007 que podia ter sido

Phil de Semlyen
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Phil de Semlyen
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A vida parece correr de feição a Hugh Michael Jackman. Ao olhar para trás, para o ano que está a acabar, vê como baixou as garras de Wolverine com um mais do que bem sucedido Logan e como se atirou a um projecto antigo e apaixonante: o de O Grande Showman. “Foi mesmo um ano de sucesso”, admite. Termina 2017 ao estilo "homem dos sete instrumentos" na pele de PT Barnum, ao leme de um circo de excêntricos – pense num Moulin Rouge com elefantes – e a enfrentar manifestantes.

Quanto tempo levou a preparar O Grande Showman?

Sete anos e meio. Há 23 anos que ninguém fazia um musical de raiz mas o estúdio estava preparado para assumir esse risco. Houve uma altura em que pensei que a nossa hipótese de o concretizar era de um para dez.

O que dificultou o processo?

A música. Tínhamos um bom argumento mas faltava-nos música. Nem cheguei a dizer isto aos compositores (os mesmos de La La Land, Pasek & Paul), mas enviei umas quatro ou cinco canções deles para o Baz Luhrman. Ele respondeu: “tens aqui qualquer coisa”. Disse-me que tinhamos três bons ganchos e só precisávamos de dois para conseguir um hit.

O que torna os musicais um género tão propício a celebrar a diversidade?

Penso que [a história de PT Barnum] faz sentido agora mais do que nunca: esta ideia de que o que é diferente é especial, de seres quem és, por mais que isso seja desagradável para os outros. Mas tens razão, os musicais inclinam-se muito para isso; há um lado emocional associado, as pessoas identificam-se. Posto isto, é um pouco como acontece com o X-Men, e eu não sou apologista de um musical de X-Men, apesar de toda a gente me ter dito que devia fazer um musical do Wolverine.

Quase conseguimos imaginar o Wolverine no circo do Barnum.

Certamente não sobrariam muitos manifestantes. “Chamaste-me o quê?” (risos)

Atrai-te a ideia de espelhar a diversidade?

Sim. Tenho 49 anos e sinto que apenas nos últimos três ou quatro anos me comecei a aceitar como realmente sou. Devo confessar que se me perguntassem há uns sete ou oito anos pelo meu estilo de música preferido, daria uma resposta que não corresponde à verdade, mas que ficaria bem nos jornais. É um bocado merdoso, mas o facto é que simplificava as coisas. E era um homem de 40 anos a fazer isso. Este filme relaciona-se com os adolescentes que estão realmente a passar por isto. É uma altura horrível para te assumires e seres diferente.

Vês alguma semelhança entre Barnum e Donald Trump?

Não quero perder muito tempo com isso, mas é fácil perceber o que as pessoas querem e esperam de ambos. Não sei que Barnum pensaria [do seu paralelo]. Muitos dos seus disparates são na base humorísticos. Ele costuma dizer: “Sem publicidade acontece uma coisa terrível: nada”.

Foi um ano em cheio para ti. Que balanço fazes?

Tem sido de facto muito bom. Quando vi Logan pela primeira vez chorei de alívio e felicidade, porque acho que durante 17 anos não apanhámos bem a personagem. Ok, agora sim. Adoro a sobreposição disso com um musical. Estou numa fase da minha carreira em que pelo menos esses dois filmes acontecem por minha causa, e assumo essa responsabilidade de forma muito séria.

Tens pena que Wolverine nunca se tenha juntado à turma dos Vingadores?

Um pouco. Quando saiu o Iron Man, lembro-me de pensar que adorava vê-lo envolvido em algo com o Wolverine — e com o Mark Ruffalo a fazer de Hulk. Imaginava muito isso mas penso que essa oportunidade passou.

Estiveste na calha para fazer de Bond antes de Daniel Craig. Achas que essa oportunidade também já passou?

Não sei. Na altura não fazia muito sentido, mas se voltasse a cruzar-me com ela, claro que ponderaria. É um dos grandes papéis, mas estou quase nos 50, não sei bem. Acredito que o papel será do Daniel Craig até ele querer.

Porque recusaste?

Sentia que me faltava alguma disciplina. Para ser honesto, o meu agente ligou-me a dizer que eles queriam saber se eu estava interessado no papel. Perguntei quem seria o realizador e se podia espreitar o guião. Eles responderam que era para assinar e ponto final, então desejei-lhes boa sorte. Estava prestes a fazer o X-Men 2 e estava preocupado com a mensagem que ia passar à indústria se ficasse cinco anos ligado ao 007. Já representei a mesma peça 400 vezes num ano, por isso nem é pela repetição; é mais por decidires o que queres naquele momento. A propósito, vi o Casino Royale e correspondeu exactamente ao que esperei.

Por fim, os Óscares bem precisavam de um pouco da magia de Barnum. O que achas que ele faria com eles?

Faria algo que nunca foi feito. Realidade virtual, talvez? Permitir que o público em casa ocupasse a primeira fila do espectáculo. Mas mais facilmente estaria a trabalhar em Silicone Valley neste momento, a fazer dinheiro.

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