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A Terra Prometida
Henrik Ohsten ZentropaA Terra Prometida

Os filmes em cartaz esta semana, de ‘A Terra Prometida’ a ‘O Panda do Kung Fu IV’

As estreias de cinema, os filmes em exibição e os novos filmes para ver em streaming, incluindo ‘Duna: Parte 2’, ‘A Última Evasão’ ou ‘Quatro Filhas’.

Escrito por
Eurico de Barros
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Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes.

Recomendado: As estreias de cinema a não perder nos próximos meses

Filmes em estreia esta semana

A Terra Prometida

Na Dinamarca do século XVIII, um capitão do exército (Mads Mikkelsen) arrenda à Coroa um terreno na Jutlândia para cultivar e estabelecer uma colónia, mas além de um solo árido e de condições meteorológicas ingratas, tem que enfrentar o rico, poderoso e sádico senhor local, que quer a propriedade para si. Nicolaj Arcel assina esta grande produção histórica entre a Dinamarca, a Noruega, a Alemanha e a República Checa. 

Amor em Sangue

Lou, a reservada gerente de um ginásio, apaixona-se por Jackie, uma culturista ambiciosa que está a caminho de Las Vegas. Mas Lou acaba por se ver arrastada para a teia da família criminosa da Jackie. Rose Glass realiza Amor em Sangue, que tem Kristen Stewart, Katy O’Brien, Ed Harris e Jena Malone no elenco.

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Carmen

Uma reinterpretação contemporânea da ópera de Bizet, com uma nova banda sonora e canções, e ambientada na fronteira entre o México e os EUA. Interpretações de Melissa Barrera, Paul Mescal, Rossy de Palma e Elsa Pataky.

Shoshana – A Terra Prometida

Michael Winterbottom realiza esta fita passada nos anos 40, na Palestina sob mandato britânico. Thomas Wilkin, um dos membros da equipa de contraterrorismo britânica, apaixona-se por uma rapariga que integra um movimento terrorista sionista.

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Levante

Sofia, uma voleibolista brasileira de 17 anos, descobre que está grávida nas vésperas de um campeonato decisivo para o seu futuro como atleta. Quando vai fazer um aborto clandestino, torna-se alvo de um grupo fundamentalista.

Paloma

Paloma é uma mulher trans que sonha casar-se na igreja com Zé, o seu namorado. O brasileiro Marcelo Gomes realiza este filme baseado em factos reais.

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O Panda do Kung Fu IV

Nova longa-metragem animada com o Panda do Kung Fu, que é escolhido para ser o novo Líder Espiritual do Vale da Paz. Só que ele não sabe absolutamente nada sobre o assunto.

Filmes em cartaz esta semana

  • 4/5 estrelas
  • Filmes
  • Drama
  • Recomendado

“Old soldiers never die, they simply fade away”, diz a velha canção militar inglesa. Bernard Jordan (Michael Caine), o veterano marinheiro protagonista de A Última Evasão, de Oliver Parker, baseado em factos reais, não quer desaparecer sem ir às comemorações, em França, do 70.º aniversário do Dia D (a história passou-se em 2014). Só que não conseguiu arranjar lugar na excursão oficial de veteranos britânicos, e vai ter que ficar a ver as cerimónias na televisão, no lar de idosos de Hove onde mora com a mulher, a vivaça, espirituosa e sarcástica Rene (Glenda Jackson, no seu último papel antes de morrer, e que faz com a sua interpretação que o filme seja tanto sobre a sua personagem como a de Caine), com a qual está casado desde a II Guerra Mundial. Só que Bernard tem mesmo que ir à Normandia para as cerimónias do desembarque, porque de certeza não poderá ir às dos 80 anos, e ainda por outra razão, mais secreta, que o filme desvendará lá para a frente. Por isso, com toda a cumplicidade de Rene, escapa-se do lar bem cedo na manhã do dia 6 de Junho e mete-se no ferry boat para o outro lado do Canal da Mancha. A bordo, conhece Arthur (John Standing), um ex-piloto da RAF que o convida para se integrar no seu grupo de ex-combatentes, e lhe oferece também alojamento no hotel onde se vão hospedar. Além do quarto, Bernard e Arthur vão ainda partilhar histórias de guerra, bem como o grande segredo pessoal de cada um – que está relacionado com o conflito, e nunca contaram a ninguém. A Última Evasão é muito mais do que um filme sobre a inesperada e atrevida aventura do idoso Bernard. É também sobre a longa, cúmplice e fortíssima relação de amor entre ele e Rene, um casal devotadíssimo, a que os magníficos Caine e Jackson, dois dos nomes maiores e mais lendários do cinema britânico, trabalhando em perfeita sintonia dramática, dão uma autenticidade imediata e intensa, sentimental mas jamais lamechas, e com um toquezinho de humor aqui e ali; sobre as muitas marcas que a guerra deixa nos combatentes, e a forma como cada um deles lida com elas; sobre o significado, o valor e a importância da camaradagem entre soldados, da mesma geração ou de gerações diferentes; e ainda a reconciliação entre antigos inimigos, através da bonita cena com os veteranos alemães no bar em França. 

  • 3/5 estrelas
  • Filmes
  • Recomendado

O novo filme de Sofia Coppola sobre Priscilla Presley, baseado no livro de memórias desta, Elvis and Me, pode ser visto como o reverso do Elvis de Baz Luhrmann. Priscilla Beaulieu (Cailee Spaeny, Melhor Actriz no Festival de Veneza), filha de um militar colocado na Alemanha na década de 50, tinha 14 anos e conheceu e começou a namorar com Elvis Presley quando este fazia ali a tropa, casando-se com ele em 1967. Divorciaram-se em 1973.

Rodado sempre do ponto de vista dela, Priscilla foge a mostrar Elvis em palco ou a fazer filmes, preferindo detalhar a existência de luxo e conforto, mas também de solidão, tédio e frustração da retratada, que ficava em Graceland com os familiares do marido, que eram também seus empregados. Priscilla vivia como um pássaro numa enorme gaiola de ouro em que a porta não estava fechada, embora carregada de restrições.

Sofia Coppola não nega que Elvis Presley (permanentemente rodeado de uma corte de amigos e sicofantas incapazes de lhe dizerem “não” ou de o contrariar) a amava e se preocupava com ela, mas tratava-a como uma boneca que cobria de presentes para a manter satisfeita, a sua Barbie de carne e osso, que queria também obediente e sem o incomodar. E filma-os como namorados, e depois numa vida conjugal e familiar crescentemente instável e insatisfatória para Priscilla, sem sensacionalismos dramáticos ou fogo de vista cinematográfico, nem vitimizações “feministas” fáceis.

A recriação das décadas de 50, 60 e 70 através das modas e das roupas, dos automóveis e dos comportamentos, é perfeita, e Cailee Spaeny personifica Priscilla sempre de forma consistente e plausível ao longo do tempo, desde a adolescência tímida e ingénua até cerca dos seus 30 anos, quando deixou Elvis com a filha de ambos, Lisa Marie. E é precisamente na recta final que a fita perde personalidade, aproximando-se dos biopics convencionais. 

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Culpado – Inocente – Monstro

Distinguido com o Prémio de Melhor Argumento no Festival de Cannes, o novo filme do japonês Hirokazu Kore-eda é contado através dos pontos de vista sucessivos dos seus três principais protagonistas: o da mãe do jovem Minato, que começa a comportar-se de forma estranha em casa, o de um dos seus professores, o Sr. Hori, que terá maltratado Minato na escola, e o do próprio rapaz. E nada é o que parece nesta história complexa.

Duna: Parte 2

A segunda parte deste filme épico de Denis Villeneuve que adapta o livro de ficção científica de culto de Frank Herbert, continua a seguir Paul Atreides na sua jornada. Ele agora junta-se a Chani e aos Fremen para se vingar dos conspiradores que destruíram a sua família e tomaram o poder no seu planeta. Ao enfrentar uma escolha entre o amor e o destino do universo, Paul lutará para impedir que se realize o futuro terrível que só ele consegue prever.

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  • 4/5 estrelas
  • Filmes
  • Recomendado

O realizador romeno Bogdan George Apetri filma em O Milagre aquilo que aparenta ser apenas uma história policial. Um inspector da polícia tenta, recorrendo até a meios violentos, que um taxista confesse a violação e o brutal espancamento de uma noviça, que se revelou estar grávida, deixando-a às portas da morte. Segundo título de uma trilogia (o primeiro, Unidentified, nunca se estreou cá e também versa uma investigação policial), Milagre junta ao seu enredo de pavio longo e à placidez estilística, a capacidade de deixar nas entrelinhas dos diálogos coloquiais, na sugestão, no não-dito (ou, no caso da cena em que a rapariga consegue erguer-se na cama do hospital para dizer algo ao polícia, no não-ouvido), as pistas para a compreensão do que está em causa na história. O confronto entre fé e razão, a utilidade (ou não) da religião, o (para alguns) incompreensível silêncio dos céus perante a barbaridade dos homens (o inspector não é crente, ao contrário do agente que o acompanha, e cuja fé o irrita), e a desordem do mundo, que atingiu extremos tais, que nos leva a fazer o que de outra forma seria impensável, senão para a restaurar, pelo menos para a enfrentar. Sob a sua placidez visual, o seu auto-controlo dramático e a sua impassibilidade geral, Milagre é um subtil e intrigante policial de rosto realista e fundo místico, que se resolve com uma das mais fugazes e poderosas manifestações sobrenaturais vistas recentemente no cinema. Um milagre suave e salvador, diríamos.

  • 4/5 estrelas
  • Filmes
  • Recomendado

Concorrendo pela Alemanha ao Óscar de Melhor Filme Internacional, A Sala de Professores, de Ilker Çatak, segue Carla Nowak (excelente Leonie Benesch), uma jovem professora idealista que inicia a sua carreira docente como substituta numa escola secundária. Quando ali se dão uma série de roubos de que um dos seus alunos é o suspeito, e ela própria é roubada, Carla decide investigar e faz uma descoberta chocante, que vai lançar a escola no caos e comprometê-la perante colegas, alunos e pais, por fazer o que a consciência lhe dita e defender os seus discentes mesmo contra os seus próprios interesses. Servindo-se do roubo como mero pretexto para desencadear os acontecimentos e expôr o que lhe interessa, e adoptando a cadência em crescendo de um filme de acção, Çatak retrata a escola como um lugar de tensão constante, de fricção contínua e de combate permanente, envolvendo os alunos entre eles e com os professores, estes entre si, e os progenitores e os docentes. E sugere também que o excesso de abertura aos alunos e de “democracia” no funcionamento dos estabelecimentos de ensino como o do filme, na Alemanha, pode ter consequências muito graves, e que os jovens não devem ser tratados como adultos, dando-lhes demasiada voz, poder e autonomia para o exercer, em especial na escola. Como a própria Carla, tão conscienciosa como ingénua, descobre a certa altura de A Sala de Professores.

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  • 4/5 estrelas
  • Filmes
  • Recomendado

Em 1970, num exclusivo colégio privado da Nova Inglaterra, um professor rabugento, sarcástico, exigente e de quem ninguém gosta, nem alunos nem colegas, tem que ficar no período do Natal e do Ano Novo na escola, a tomar conta de um aluno inteligente mas rebelde e amargo que os pais não levaram nas férias, juntamente com a cozinheira-chefe, que perdeu há pouco o filho, um antigo aluno, no Vietname. Escrita por David Hemingson e realizada por Alexander Payne, Os Excluídos é uma comédia dramática sobre três solitários que representam outras tantas formas pessoais de infelicidade, e que vão ter que achar a maneira de se relacionarem nos dias penosos que têm que passar juntos num enorme edifício vazio e em plena época de alegria festiva e convívio familiar. Payne recria a época com discreta exactidão (a certa altura, aluno e professor vão ao cinema ver O Pequeno Grande Homem, de Arthur Penn, e toda a gente está a fumar no cinema; e numa sequência passada num restaurante, a empregada recusa servir ao rapaz uma sobremesa que inclui uma bebida alcoólica, porque ele é menor), não força qualquer nota sentimental ou efeito narrativo e consegue um filme pleno de observação e calor humano, humor seco e irónico, e drama tocante sem sombra de pieguice. O sempre notável Paul Giamatti, no professor Paul Hunham; Dominic Sessa, no jovem Angus Tully; e Da’Vine Joy Randolph, na cozinheira Mary Lamb, trazem graça, emoção e uma imediata e profunda verdade humana às suas respectivas personagens, cada qual a esconder um segredo que será revelado na sua devida altura, no decorrer da história. Os Excluídos está nomeado para cinco Óscares, e merece ganhá-los todos.

  • 3/5 estrelas
  • Filmes
  • Drama
  • Recomendado

Em meados da década passada, os media deram bastante atenção à história de uma mulher tunisina chamada Olfa Hamrouni. Divorciada de um marido que não a tratava bem, Olfa viu duas das suas quatro filhas, as mais velhas, desaparecerem de casa e deixarem o país após terem sido radicalizadas por jihadistas, e juntarem-se às forças do Estado Islâmico (EI). Uma delas casou-se com um dirigente desta organização, depois morto em combate, e teve uma filha dele. As duas raparigas acabaram por ser presas pelos militares da Líbia que lutavam contra o EI e estão presas neste país, juntamente com a criança. Olfa e as outras duas filhas esperam que elas possam um dia ser extraditadas para a Tunísia. A cineasta Kaouther Ben-Hania queria rodar um documentário sobre Olfa Hamrouni e as suas filhas, mas furtando-se às convenções e rotinas do formato, e ao que considerava ser o “condicionamento” da mulher pelos jornalistas com quem tinha já contactado e a quem tinha dado entrevistas. O seu filme Quatro Filhas é, por isso, um arriscado híbrido de realidade, ficção e reconstituição dramatizada, em que Olfa participa, assim como uma actriz que a interpreta. As suas duas filhas mais novas também aparecem, e as duas mais velhas que estão presas na Líbia são personificadas por duas actrizes muito parecidas com elas. Há alturas em que nos sentimos algo baralhados, e em que nos interrogamos se o formato narrativo heterogéneo escolhido por Ben-Hania não terá cobrado algum tributo emocional mais pesado sobre Olfa e as duas filhas que não a deixaram, Eya e Tayssir. Por outro lado, estas, tal como a mãe, revelam-se muito articuladas, sensíveis, expressivas e empáticas, falando abertamente e, por vezes, com muita graça e bastante desassombro, sobre a sua vida familiar e íntima, a relação entre as irmãs (todas muito bonitas e gaiatas) e com Olfa, e a condição das mulheres de duas gerações, com alguns valores partilhados mas aspirações e ideias diversas, num país como a Tunísia, que era aceitavelmente laico até à eclosão da chamada Primavera Árabe. Embora Quatro Filhas não explique bem de que forma, quando e por quem é que as duas raparigas mais velhas foram radicalizadas e decidiram juntar-se ao EI, o filme deixa bem claro o efeito catastrófico da Primavera Árabe sobre sociedades e famílias nos países em que se deu. Com o seu formato excêntrico e complicado, e os seus defeitos e lacunas, Quatro Filhas acaba por conseguir contar a história trágica de uma mãe árabe e do seu quarteto de filhas, separadas pelos ventos mais implacáveis da história deste século. O filme é candidato ao Óscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem.

Filmes em estreia no streaming

Um Desejo Irlandês

Lindsay Lohan é a protagonista desta comédia romântica, no papel de Maddie, uma rapariga que viaja até à Irlanda para ser dama de honor no casamento da sua melhor amiga com o amor da sua vida. Após formular um desejo, Maddie acorda, magicamente, no dia seguinte, no lugar da noiva.

Netflix. Estreia a 15 de Março

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