Superman Películas de estreno julio CDMX
Foto: Cortesía
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Os filmes em cartaz esta semana, de ‘Superman’ a ‘O Surfista’

As estreias de cinema, os filmes em exibição e os novos filmes para ver em streaming, incluindo ‘O Esquema Fenício’, ‘Elio’ ou ‘Missão: Impossível’.

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Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes.

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Filmes em estreia esta semana

Superman

James Gunn assina esta nova incarnação no cinema de Super-Homem, agora interpretado por David Corenswet. O realizador de filmes como Esquadrão Suicida e a série Guardiões da Galáxia assina também o argumento de Superman, que procura refrescar a personalidade do histórico super-herói criado por Jerry Siegel e Joe Schuster, apresentando-o como uma personagem guiada pela compaixão e pela crença na bondade da humanidade, mas que percebe que está num mundo em que tais valores são vistos como antiquados. Rachel Brosnahan interpreta Lois Lane e Nicholas Hoult é Lex Luthor.

Ler Lolita em Teerão

A história verdadeira de uma professora de literatura que junta secretamente, na sua casa de Teerão, um pequeno grupo de alunas mais empenhadas, para que possam continuar a ler os clássicos da literatura ocidental que os fundamentalistas religiosos do seu país e a Polícia da Moralidade Islâmica querem apreender e obrigar a deixarem de ser ensinados. As raparigas depressa removem véus e esquecem constrangimentos, e as suas histórias começam a cruzar-se com as das heroínas dos romances de Nabokov, Jane Austen ou Henry James. Na realização, Eran Riklis.

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O Surfista

Nicolas Cage interpreta aqui o papel de um homem que regressa à sua cidade à beira-mar na Austrália, após ter passado boa parte da vida nos EUA, e que, após ter sido humilhado à frente do filho adolescente por um gangue de surfistas que reivindica a posse da praia isolada da sua infância, entra em guerra aberta com estes.

O Processo do Cão

A actriz francesa Laetitia Dosch realiza e interpreta esta fita em que personifica uma advogada com um longo historial de casos perdidos, que jura a si própria que vai ganhar o próximo, dê por onde der. E surge um cliente desesperado, que lhe pede que defenda o seu companheiro, Cosmos. Só que Cosmos é… um cão.

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Luz na Escuridão

O Sr. Deen (Jared Harris) é professor de Teatro e descobre que um dos seus alunos, Nate Williams (Nicholas Hamilton), vive num carro em condições precárias. Quando Nate é preso, o docente paga a fiança e decide ajudá-lo antes que ele se envolva em situações mais perigosas. Realização de Damian Harris.

Lindo

Documentário de Margarida Gramaxo sobre Lindo, que durante mais de 20 anos caçou tartarugas marinhas na ilha do Príncipe. Mas, após encontrar uma tartaruga especialmente dócil, mudou de vida para começar a proteger a espécie contra outros predadores.

Filmes em cartaz esta semana

  • Filmes
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Os filmes de terror sobre exorcismos são todos devedores, inevitavelmente, de O Exorcista, de William Friedkin. E nenhum dos muitos já feitos depois conseguiram alçar-se ao nível deste, mesmo quando tentaram contornar ou inovar a pauta narrativa, estilística e emocional que a fita de Friedkin estabeleceu (ver, por exemplo, o recente O Exorcismo, de Joshua John Miller, com Russell Crowe).

Em O Ritual, passado no interior dos EUA nos anos 20 e alegadamente baseado em factos reais, como é habitual nestes filmes, David Midell recorre às situações, convenções e personagens tipificadas que este subgénero do terror sobrenatural consagrou, mas consegue ao mesmo tempo escapar-se ao espartilho do formato, ao dar tanta atenção ao exorcismo em si como à erosão física, à inquietação psicológica e à perturbação espiritual sentida pelos dois padres que o estão a fazer, e pelas freiras do mosteiro em que se encontram.

Midell tem ainda uma abordagem visual e gráfica mais elíptica e comedida do que o habitual às sequências de possessão e de exorcismo, que rima com a interpretação invulgarmente contida de Al Pacino no frade capuchinho exorcista, bem coadjuvado por Dan Stevens no jovem padre perturbado pelo recente suicídio do irmão, e que sente a sua fé abalada. Aliás, uma das sequências mais conseguidas e arrepiantes de O Ritual não é de exorcismo, mas sim aquela em que a personagem de Pacino é visitada, de noite, por uma entidade demoníaca, que fica na sombra a proferir as suas ameaças.

F1: O Filme

Sonny Hayes (Brad Pitt) é um antigo piloto de Fórmula 1 que decide regressar às pistas para integrar uma nova equipa, a Apex, experimentar um novo carro e correr ao lado de um piloto mais novo e inexperiente, a que irá servir de mentor. Parte da rodagem de F1: O Filme decorreu durante o Grande Prémio de Inglaterra de 2024, e a fita contou com a participação de todos os pilotos da modalidade. Os carros da equipa de Pitt são de Fórmula 2 com equipamento de Fórmula 1. Lewis Hamilton é um dos produtores da fita, Joseph Kosinski realiza.

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A Vida Luminosa

Filme do português João Rosa centrado em Nicolau, um rapaz de 24 anos que vive com os pais em Lisboa, está refém de um sonho de ser músico que não se concretiza e preso à figura da ex-namorada que o deixou há um ano e que não voltou a ver. E sente-se incapaz de seguir em frente com a vida.

  • Filmes
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Tom Hiddleston interpreta o papel do título nesta adaptação de uma novela de Stephen King, uma história contada em sentido cronológico inverso e três partes, que começa com o fim da vida de Chuck Krantz, um homem comum que nunca saiu da pequena cidade dos EUA em que viu a luz do dia e cresceu, mas à qual está ligada o destino do universo, e depois recua no tempo para ver como ele a viveu.

Realizado por Mike Flanagan, que já assinou outras duas adaptações de livros do escritor, Jogo Perigoso (2017) e Doutor Sono (2019), A Vida de Chuck assenta um pé no fantástico e outro no realismo (que Stephen King também cultiva ocasionalmente), a sua decifração assenta num poema de Walt Whitman que é referido por um par de vezes durante a história, e assemelha-se ao resultado da junção do espírito de um filme de Frank Capra como Do Céu Caiu Uma Estrela com o da série The Twilight Zone.

Tem alguma sacarina, mas que não chega para ser enjoativo, e a “mensagem” é evidente, embora não pese demais, e a primeira parte, quando se começam a manifestar os sinais do fim do universo associados à agonia de Krantz, quase que vale por toda a fita, que tanto pode ser entendida metaforica (a morte de um homem é também a de todo um universo que ele contém) como literalmente (a existência do universo está, de forma inexplicável, ligada à de um indivíduo anónimo e aparentemente sem importância). Mark Hamill interpreta o papel do avô de Chuck.

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28 Anos Depois

O realizador Danny Boyle e o argumentista Alex Garland regressam ao mundo pós-apocalíptico e povoado por zombies de 28 Dias Depois (2002) e 28 Semanas Depois (2007). Em 28 Anos Depois, um grupo de sobreviventes do vírus devastador vive há quase três décadas numa pequena ilha. Quando um dos seus membros vai numa missão ao continente, descobre segredos e horrores que causaram mutações não só nos infectados, como também em outros sobreviventes. Interpretações de Ralph Fiennes, Aaron Taylor-Johnson e Jodie Comer.

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Queer

Adaptação, por Luca Guadagnino, do romance homónimo de William S. Burroughs (1985), ambientado em 1951. Daniel Craig é William Lee, um americano e homossexual que se instalou na Cidade do México, fugindo a acusações de posse de droga nos EUA. Lee vive isolado da comunidade americana da capital mexicana, está deprimido, bebe demais e tem um comportamento errático. Um dia, conhece Eugene Allerton (Drew Starkey), pelo qual fica obcecado. Apesar de ser heterossexual, Allerton aceita a amizade de Lee.

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  • Filmes
  • Comédia
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Pouco antes da actual moda dos “Starter Packs” na Internet, houve outra, que embora breve, foi bastante significativa para os cinéfilos: a dos falsos trailers de filmes de sucesso mundial, tal como teriam sido realizados por Wes Anderson, gerados por Inteligência Artificial (IA) e feitos por fãs do realizador de Um Peixe Fora de Água, Moonrise Kingdom e O Grande Hotel Budapeste. Entre os melhores destes trailers brincalhões, todos eles pastiches impecáveis do inconfundível estilo visual de Anderson e que podem ser encontrados no YouTube, estão os de franchises como Guerra das Estrelas, The Matrix, O Senhor dos Anéis e Harry Potter.

Já antes o célebre programa Saturday Night Live tinha feito um sketch com a forma de um trailer de um falso filme de terror de Anderson, intitulado The Midnight Coterie of Sinister Intruders, onde Edward Norton finge ser Owen Wilson, um dos actores favoritos e regulares do realizador. Estas novas brincadeiras digitais em redor da peculiar estética de Wes Anderson levaram ao aparecimento de alguns artigos sisudos sobre os perigos da IA na sua aplicação ao cinema. Mas não se pode negar aos autores dos ditos trailers conhecimento dos tiques cinematográficos do cineasta, muito menos sentido de humor. E Anderson não reagiu mal aos ditos, sentindo-se até lisonjeado.

Eles são, aliás, uma manifestação da enorme popularidade do realizador e do culto que o rodeia. Os seus idiossincráticos filmes podem irritar muita gente e ser aclamados por outra tanta, mas nunca deixam os cinéfilos impassíveis ou desinteressados. O Esquema Fenício teve estreia mundial no Festival de Cannes, onde competiu pela Palma de Ouro, e foi feito após uma publicidade cómica assinada por Anderson para comemorar os 100 anos de um modelo das canetas Montblanc, que também interpretou, juntamente com Jason Schwartzman e Rupert Friend.   

Passado nos anos 50 e descrito pelo próprio Wes Anderson como “uma mistura de filme sobre a relação entre um pai e uma filha, e uma história negra de espionagem global”, O Esquema Fenício foi escrito pelo realizador e por Roman Coppola, marcando a sexta colaboração entre ambos em termos de escrita de argumentos. Anderson disse também que a principal inspiração para o filme foi o nascimento da sua filha Freya. E que a sua mulher havia previsto que o feliz acontecimento, e o facto de ser pai pela primeira vez, de certeza o conduziria a fazer uma fita envolvendo um pai dedicado e a sua desvelada filha – ambos consideravelmente excêntricos, como não podia deixar de ser.  

Em O Esquema Fenício, Benicio Del Toro interpreta Zsa-zsa Korda, um magnata das indústrias de armamento e de aviação apaixonado por arte clássica, e cuja vida é marcada por acontecimentos peculiares e características insólitas. Entre eles estão o ter sobrevivido a seis acidentes de aviação e ter dez filhos (com os quais não vive). A sua filha favorita, Liesl (Mia Threapleton) é uma freira noviça que se interessou e envolveu nos negócios da família, e que acompanha o pai para toda a parte, depois de ambos terem retomado contacto, muitos anos após a morte da mãe e de ela ter ido para o convento, e com a qual aquele se quer reconciliar. Com eles segue também o novo secretário/tutor artístico de Zsa-zsa, Bjorn (Michael Cera), um norueguês apaixonado por entomologia.

Zsa-zsa é execrado e vigiado de perto pelas grandes potências mundiais, e está empenhado em concretizar o “Esquema Fenício” do título, que ele concebeu para salvar as suas finanças, e para o qual precisa de deter a maioria do capital, partilhado por sócios mais ou menos suspeitos e por familiares que ou não o têm em grande conta, ou que o odeiam tanto que o querem matar. Mas o intrincado e bizarríssimo enredo de O Esquema Fenício é, mais uma vez, um cabide que Anderson utiliza para pendurar o seu formalismo a régua e esquadro, o gosto pelas encenações visuais inatacavelmente arrumadinhas, a simetria rigorosa, os dioramas em tamanho grande e “vivos”, e dominados pelas cores pastel, e a pormenorização microscópica. 

Só que desta feita, o filme é melhor que os dois anteriores (excluindo o quarteto de contos de Roald Dahl que Wes Anderson adaptou para a Netflix, A Incrível História de Henry Sugar), o atravancadíssimo Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun (2021) e sobretudo o árido e amaneirado Asteroid City (2023), porque mais narrativo, menos distante e mais “vivo” emocionalmente. Isto devido, por um lado, à relação entre pai e filha e à sua evolução, e pelo outro à personagem de Zsa-zsa, decalcado de magnatas como Giovanni Agnelli, Aristóteles Onassis ou Calouste Gulbenkian, e que Benicio Del Toro preenche com consistência, humor e riqueza interior, tornando-a em algo mais do que uma das marionetas unidimensionais e extravagantes típicas do realizador.    

No elenco de O Esquema Fenício, longo e muito variado, como também é habitual nos filmes de Anderson, encontramos nomes que já têm senha de presença neles, caso de Bill Murray (que faz de Deus bíblico), F. Murray Abraham, Rupert Friend, Willem Dafoe, Benedict Cumberbatch ou Scarlett Johansson. E que são acompanhados por estreantes no universo andersoniano como Tom Hanks, Charlotte Gainsbourg, Hope Davis, Jeffrey Wright ou Mathieu Amalric, uns com mais que fazer que outros, mas cujas personagens são todas obedientes à batuta do seu estrambótico demiurgo. Se não agradar totalmente aos que andam desiludidos com Wes Anderson desde Grand Budapest Hotel (e com a excepção da citada fita da Netflix), O Esquema Fenício poderá ser o primeiro para passo para uma reconciliação futura.

Elio

O pequeno Elio, herói da nova longa-metragem animada da Pixar, é um menino fascinado pelo espaço e por vida extraterrestre, e com uma imaginação muito fértil, que se vê envolvido numa complicada aventura cósmica em que vai fazer amizade com criaturas alienígenas.

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Um Silêncio

Em 2008, o advogado belga Victor Hissel, que se tornou conhecido por, dez anos antes, ter representado as famílias de duas das vítimas do pedófilo e assassino Marc Dutroux, foi preso por posse de pornografia infantil, o que destruiu a boa imagem que a opinião pública tinha dele. Em 2009, o seu filho Romain, de 20 anos, tentou matá-lo à facada. Joachim Lafosse inspirou-se neste caso para rodar Um Silêncio, passado no seio da família de um famoso advogado. Daniel Auteuil e Emmanuelle Devos são os principais intérpretes.

Do Mundo de John Wick: Ballerina

Continuam a aparecer os títulos passados no universo da série de filmes John Wick, com Keanu Reeves. Do Mundo de John Wick: Ballerina , de Len Wiseman, decorre entre os acontecimentos de John Wick 3: Implacável e John Wick: Capítulo 4. Eve Macarro (Ana de Armas) é uma jovem assassina treinada nas tradições da Ruska Roma, que busca vingança contra as pessoas que mataram a sua família. Também com Keanu Reeves, Ian McShane, Anjelica Huston, Gabriel Byrne e Catalina Sandino Moreno.

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Marés Vivas

Jia Zhangke, realizador de títulos tão importantes do cinema chinês contemporâneo como Plataforma, O Mundo, Se as Montanhas se Afastam ou China – Um Toque de Pecado, centra este novo filme numa rapariga que parte numa viagem para se juntar ao namorado, anos depois de este a ter deixado numa grande cidade e haver prometido vir buscá-la, quando tivesse ganho dinheiro suficiente para poderem encetar uma vida em comum. 

  • Filmes
  • Acção e aventura
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Chega finalmente aos ecrãs a segunda parte, e oitavo título, daquele que será o derradeiro filme desta série de espionagem e acção protagonizada por Tom Cruise desde o primeiro, estreado em 1996, há quase 30 anos. Ethan Hunt e a sua equipa, mais alguns aliados que apanham pelo caminho, continuam a tentar anular a Entidade incorpórea (o vilão digital da fita) que se quer apoderar de todos os arsenais nucleares mundiais e desencadear um holocausto atómico no planeta, bem como Gabriel (o segundo vilão, este humano), que pretende, pelo seu lado, controlar a Entidade e ser ele a mandar no planeta.

Embora com menos e menos variadas sequências de acção do que o anterior, Missão: Impossível – Ajuste de Contas – Parte Um (2023), e um pouco mais de palha de explicações e de exposição, sobretudo na primeira meia hora, Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final, realizado com mão firme e visão panorâmica por Christopher McQuarrie (no seu quarto filme da série), continua à altura dos pergaminhos desta saga que passou a ocupar o lugar central no cinema do género (sobretudo depois que James Bond deixou de se manifestar), e Tom Cruise, à beira de fazer 63 anos, afirma-se mais uma vez, e em simultâneo, como superprodutor, “estrela” de primeira grandeza e como o actor mais trabalhador, entusiasmado, profissional e que mais arrisca – a própria vida, mesmo, já que dispensa os “duplos” – para dar o maior, melhor, mais arrebatador e inédito espectáculo do mundo aos espectadores. A longa sequência final do duelo entre os biplanos dos anos 30, pilotados por Hunt e por Gabriel (Esai Morales) fica desde já para a história do cinema de acção, juntando-se à do comboio na Parte Um.

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  • Filmes
  • Documentários
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Colossal documentário em três partes, totalizando cerca de 10 horas de duração, assinado pelo realizador chinês Wang Bing. Co-produzido com três países europeus, Juventude foi rodado entre 2014 e 2019 na cidade de Zhili onde se concentram muitos milhares de pequenas fábricas de vestuário, sobretudo infantil, e trabalham e vivem, em condições precárias, cerca de 300 mil pessoas, quase todas jovens e vindas do campo. Bing dá-nos um amplo e detalhado panorama do repetitivo dia-a-dia destes trabalhadores sazonais, adolescentes ou na casa dos 20 anos, do seu convívio, entre brincadeiras e namoros, dos choques com os empresários que os contrataram (sobretudo na segunda parte, Tempos Difíceis), e das suas aspirações e frustrações, filmando-os ainda em viagem e junto das suas famílias.

Retrato de uma nova geração de chineses ao trabalho nas suas máquinas de costura e em movimento entre o campo e a urbe, Juventude mostra também as realidades e o funcionamento do modelo económico-industrial que permite à China inundar o mundo com os seus produtos baratos e em que a quantidade prima sobre a qualidade, e o grande fosso que existe ainda entre o país urbano que o Estado chinês exibe como vitrina do progresso e da superioridade tecnológica, económica e industrial chinesa, e o país rural, onde muitas coisas continuam como a ser como eram há muito tempo, e que é visto na terceira parte, Regresso a Casa.

Através dos seus longos documentários (este Juventude não escapa a alguma repetição e poderia ter sido um pouco “aparado” aqui e ali), Wang Bing é o principal, mais atento, mais pormenorizado e mais paciente cronista das enormes alterações socio-económicas sucedidas na China nos últimos 25 anos, dos seus efeitos sobre as vidas dos cidadãos comuns, e mesmo de toda uma nova geração, como fica registado em Juventude.

Diva Futura

Após ter fundado com um amigo, Riccardo Schicchi, a agência Diva Futura, a actriz porno húngaro-italiana Cicciolina, aliás Ilona Staller, enveredou, na década de 80, por uma carreira política, concorrendo ao parlamento de Itália e apoiando a candidatura de uma amiga e também conhecida actriz de filmes hardcore, Moana Pozzi, à Câmara de Roma. Cicciolina seria eleita, como é recriado nesta fita de Giulia Louise Steigerwalt. A fita recorda também, e em pormenor, os dias de glória e a decadência da agência Diva Futura, e a personalidade de Schicchi, que queria ser mais do que apenas um produtor de pornografia e empresário ligado à massificação do negócio do erotismo, e tentou levar o espírito do “amor livre” e dos costumes permissivos da década de 70 para o território do cinema hardcore e do espectáculos e produtos eróticos. 

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  • Filmes
  • Comédia
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

Vencedor dos Césares de Melhor Primeiro Filme e Revelação Feminina, Amor e Queijo, de Louise Courvoisier, centra-se Totone, de 18 anos, que após a morte do pai, um queijeiro e fazendeiro, tem de abdicar da sua vida despreocupada de adolescente e cuidar da irmã mais nova e da quinta da família, em difícil situação financeira. Para conseguir ganhar dinheiro, o rapaz decide entrar num concurso para eleger o melhor queijo Comté, produzido artesanalmente naquela região do Jura. Feito com a ajuda da família e actores não profissionais, este modesto mas sincero e afectuoso filme de estreia de Louise Courvoisier está enraizado na identidade, na paisagem e nas realidades da região em que a realizadora nasceu, sem precisar de ademanes “pitorescos” nem de sublinhar a autenticidade, e a sua história valoriza a família, a amizade e o esforço, mesmo que as coisas não corram bem logo à primeira.

Lilo e Stitch

Versão em imagem real e com efeitos digitais da animação de 2002 da Walt Disney, em que uma solitária menina havaiana trava amizade com um extraterrestre fugitivo e muito irrequieto, que a vai ajudar a reunificar a sua família.

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  • Filmes
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Realizado em estreia nas longas-metragens por Bogdan Muresanu, este filme faz-nos recuar à Roménia de perto do Natal de 1989, quando o regime totalitário de Nicolae Ceausescu foi derrubado pela fúria popular em Bucareste. O realizador adopta o ponto de vista de uma série de personagens anónimas cujas vidas se cruzam e assistem, ou participam decisivamente, no caso de uma delas, na queda do “Conducator”.

Prémio de Melhor Filme na secção paralela Orizzonti do Festival de Veneza de 2024, e extensão de uma curta realizada por Muresanu em 2018, The Christmas Gift, O Ano Novo que Não Aconteceu está na linha de fitas anteriores sobre o mesmo tema de outros realizadores romenos, como 12:08 a Este de Bucareste, de Corneliu Porumboiu (2006), The Paper Will be Blue, de Radu Muntean (2006), ou o mais recente Libertate, de Tudor Giurgiu (2023).

Com a particularidade de ter uma forma “coral”, de cruzar várias personagens na mesma narrativa, que se conhecem com maior ou menor intimidade, são apenas vizinhos ou nunca se viram, de contemplar um registo finamente controlado na harmonização de drama e comédia, e de acabar precisamente quando a revolta popular se inicia, concluindo com imagens de arquivo da queda do comunismo romeno nas ruas, e a libertação dos principais protagonistas das várias situações difíceis em que se encontravam. O Ano Novo que Não Aconteceu é um dos melhores filmes sobre este momento inesquecível da história contemporânea da Roménia.

  • Filmes
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza, e candidato pela Itália à nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional, Vermiglio, escrito e realizado por Maura Delpero, passa-se entre 1944 e 1945, na remota vila montanhosa do título, à qual chegam certo dia dois desertores do exército transalpino, que ali se refugiam, dividindo as opiniões dos locais: alguns, apoiam o que eles fizeram, outros, reprovam a sua fuga ao dever. Um dos soldados, siciliano, envolve-se amorosamente com a filha mais velha do respeitado professor local, Cesare, que tem uma família numerosa. Engravida-a e casam-se, mas a guerra acaba entretanto e o rapaz tem que regressar à sua Sicília natal para regularizar a sua situação militar. Maura Delpero remete para o cinema dos irmãos Taviani, e muito especialmente de Ermanno Olmi, com este filme em que recria meticulosa e placidamente, sem pressupostos político-“sociológicos”, e com uma reserva emocional que não impede a empatia com as personagens, o quotidiano de uma distante comunidade rural italiana nos meados da década de 40 e finais da II Guerra Mundial, e a vida dos membros de uma família que faz parte daquela, os Graziadei, cada qual uma pequena história em si.

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As Mortalhas

No novo filme de David Cronenberg, Vincent Cassel interpreta Karsh, um inovador empresário de tecnologia de ponta, que inventou um aparelho que permite às pessoas verem os restos mortais dos entes queridos nas suas sepulturas. Karsh é o proprietário de um cemitério onde esta tecnologia é aplicada, nomeadamente à tumba da sua mulher, que amava loucamente e morreu de cancro. Um dia, o cemitério aparece vandalizado e Karsh vai ter que descobrir por quem, e por quê. Também com Diane Kruger e Guy Pearce.

Thunderbolts*

Mais um filme do Universo Cinematográfico Marvel, Thunderbolts* conta no seu elenco como nomes como Florence Pugh, Sebastian Stan, Olga Kurylenko, Lewis Pullman e Julia Louis-Dreyfus. Depois de se terem encontrado presos numa armadilha mortal, um grupo de anti-heróis e de vilões reformados com agendas próprias, lança-se numa missão muito perigosa por um objectivo desconhecido, que os vai obrigar a confrontarem-se com os aspectos mais negros do seu passado.

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  • Filmes
  • Drama
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado

Depois de dez anos na prisão, Lang (Eddie Peng) regressa à sua remota cidade natal, no noroeste da China, agora muito degradada e que vai ser demolida em grande parte para dar lugar a um complexo de fábricas, no âmbito do esforço de desenvolvimento nacional quando dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008. Lang apenas arranja emprego a apanhar cães vadios e abandonados, que estão por toda a cidade, e acaba por ficar com um cão preto que o mordeu e pelo qual havia uma grande recompensa, após ter estado isolado com o animal para evitar a eventual propagação do vírus da raiva. E desenvolve-se uma amizade entre eles.

Há toda uma vasta filmografia sobre os laços e o companheirismo entre o homem e o cão, e a lealdade, a fidelidade e mesmo o espírito de sacrifício que decorrem deles, e Cão Preto, de Guan Hu, vai mesmo lá para o topo da lista. Além de contar a lacónica mas tocante história da ligação entre o solitário e individualista Lang, e o animal igual a ele em feitio que adopta, e que é o seu correlativo canino, Hu recria também, na desolada cidade em que se passa o enredo, um momento fulcral da história colectiva recente da China, longe da fachada de optimismo propagandístico e de auto-congratulação estridente do Estado central e do Partido Comunista. E fá-lo harmonizando um realismo áspero e uma fantasia de recorte surreal, com uma câmara de vistas amplas que capta e incorpora na narrativa a vastidão esmagadora das paisagens da região, remetendo quer para os westerns e para os road movies do cinema ocidental, quer para a tradição do filme épico, de aventuras e histórico chinês.

Cão Preto ganhou a secção paralela Un Certain Regard do Festival de Cannes 2024 e, para rematar com final feliz fora da tela, o actor Eddie Peng ficou com o cão após a rodagem. 

Filmes em estreia no streaming

Madea – Um Casamento nas Bahamas

Tyler Perry realiza, escreve o argumento e volta a interpretar a popular personagem de Madea em mais esta comédia em que ela e a família vão a um casamento nas Bahamas, acabando por espalhar a confusão do costume. Ao mesmo tempo que investigam a legitimidade da união entre a noiva e um rapper que ela conheceu num iate.

Netflix. Estreia a 11 de Julho

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