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Bruno Nogueira
Duarte Drago

Os sítios preferidos de Bruno Nogueira

Antes de subir ao palco da Altice Arena, Bruno Nogueira, director convidado da Time Out, falou-nos das suas paragens obrigatórias em Lisboa (e não só).

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Bruno Nogueira foi o director convidado na semana em que faz história em Lisboa ao esgotar a Altice Arena em nome próprio e com um espectáculo de stand-up. Durante a sua passagem pela redacção, que virou a revista de pernas para o ar, deixou-nos um roteiro com oito paragens que o director temporário considera serem obrigatórias para quem vive esta Grande Alface. Debaixo de terra, ao pé do mar, na galeria, no meio de um viveiro de plantas ou num histórico clube de Lisboa, siga as pisadas de Bruno Nogueira que esta sexta-feira enfrenta uma Altice Arena esgotada há semanas com Depois do Medo

Recomendado: Bruno Nogueira na reunião editorial da Time Out Lisboa

 

Os sítios preferidos de Bruno Nogueira

  • Museus
  • Arte e design
  • Cascais

Paula Rego é um dos grandes vultos das artes plásticas portuguesas e nesta casa desenhada por Souto de Moura guarda, desde 2009, uma colecção de 620 obras da sua autoria, entre pinturas, desenhos e gravuras, frutos de um percurso artístico com mais de 50 anos. Na impossibilidade de encaixar tudo na exposição permanente da Casa das Histórias, ocasionalmente é complementada com exposições temporárias como a que pode ver até 24 de Maio. Chama-se “Paula Rego: Desenhar, encenar, pintar” e reúne uma série de trabalhos que desvendam o processo criativo da artista portuguesa, através de desenhos soltos e cadernos de desenho, alguns deles nunca apresentados ao público, ou mesmo elementos cenográficos. Outro destaque é a mais recente obra de Paula Rego, “Orgulho /Pride” (da série Sete Pecados Mortais), exibida pela primeira vez em Portugal. Uma obra tridimensional feita em papier mâché e vários materiais e tecidos que representa Marie Antoinette (1755-1793).

O Bruno responde
Souto de Moura (edifício) ou Paula Rego?
"Um edifício lindíssimo, numa zona que me diz muito. As obras da Paula Rego lá expostas são um presente para todos os que por lá tenham a sorte de passar. O dia em que eu consiga comprar um quadro dela será o dia em que já terei falecido."

  • Restaurantes
  • Sintra

A 14km da vila de Sintra fica esta pitoresca aldeia plantada no alto das arribas, um impressionante miradouro com vista para o oceano Atlântico. A praia, apesar de pequena, tem uma piscina oceânica que até já foi eleita pela CNN como uma das melhores piscinas naturais de todo o planeta. O passeio não fica completo sem uma boa refeição e, suspenso sobre a praia e a piscina, encontra o restaurante homónimo, sempre com peixe e marisco frescos e pratos como massada de cherne, arroz de polvo ou caril de gambas.

O Bruno responde
O Bruno terá alguma vinha junto ao mar?
"Antes tivesse. No entanto, sou um excelente consumidor do produto final que a vinha oferece."

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Galeria do Loreto
  • Coisas para fazer
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

Há um mundo para descobrir entre as Amoreiras e o Miradouro São Pedro de Alcântara. Associada ao património do Museu da Água está a Galeria do Loreto (inaugurada em 1746), uma das cinco que integrou o sistema do Aqueduto das Águas Livres. E alguns troços desta galeria subterrânea ainda podem ser visitados (embora não estejam abertos os 2835 metros que incluem todos os seus ramais). O Museu da Água (propriedade da EPAL) organiza visitas guiadas sob marcação e há dois percursos à escolha: um mais longo, com 1250 metros, entre o Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras e o Miradouro de São Pedro de Alcântara (Sex 15.00, Sáb 1º e último do mês, 5€) e outro mais pequeno, que ao longo de 410 metros lhe dá a conhecer o troço entre o Reservatório da Patriarcal e o mesmo miradouro (Sáb 11.00 e 15.00, 3€).

O Bruno responde
O Bruno já meteu o pé na poça numa visita à galeria?
"Estou sempre a pôr. Aqui ainda não."

  • Noite
  • Avenida da Liberdade/Príncipe Real

Na Praça da Alegria mora o clube mais antigo de Portugal, desde 1948. Embora tenha mudado de porta na sequência de um incêndio que ocorreu há onze anos, o espírito da casa manteve-se incólume, mesmo após a interdição ao fumo dos cigarros que tão bem (ou mal, ou mal) a imaginação associa ao ambiente dos clubes de jazz. A entrada para sócios é habitualmente gratuita, mas o clube de jazz está aberto ao público e tem concertos todas as semanas, entre terça-feira e sábado. Terça é dia de entrada livre e também de jam sessions, sempre com um músico convidado a liderar a sessão, normalmente composta por dois sets: um às 22.30 e outro às 00.00. Algumas semanas são excepção, como é o caso da próxima. A razão é boa: nessa noite sobem ao palco Bruce Barth e Eri Yamamoto (10€/não sócios), dois reputados pianistas nova-iorquinos que partilham o piano, tocando a quatro mãos com “lirismo, alegria e humor”, lê-se na descrição do evento.

O Bruno responde
O Bruno já se imaginou a fazer aqui uma jam session, mas com a sua melódica?
"Não, não. O pudor e a falta de talento deixam-me confortável no lugar de espectador. Para bem do jazz e da música em geral."

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  • Teatro
  • Chiado

É uma das grandes salas de teatro em Lisboa. E já teve muitos nomes. Começou como Teatro Dona Amélia em finais do século XX e foi rebaptizado como Teatro da República após a queda da monarquia. Em 1914 um violento incêndio resultou numa reconstrução que não impediu uma remodelação passados 14 anos para o adaptar a cinema, o São Luiz Cine. O teatro regressou nos anos 1970, quando o edifício passou para as mãos da Câmara Municipal de Lisboa. A programação é uma das mais saudáveis da cidade. Até este domingo pode ver o espectáculo A Reconquista de Olivenza (a parcela de terra que ainda hoje vai dividindo opiniões sobre a pertença do território, entre Espanha e Portugal), que reúne texto e encenação de Ricardo Neves-Neves e música original de Filipe Raposo. Um jogo de faz de conta com a história portuguesa com recurso a personagens do DragonBall ou Street Fighter, num mundo de referências actuais e cheias de humor.

O Bruno responde
Esta escolha estará também ligada ao facto do São Luiz ter recebido (pelo menos duas vezes) espectáculos do Bruno Nogueira?
"Já terei feito uns 14 espectáculos no São Luiz. Em todos fui feliz. Já o público talvez não. É o mais perto que tenho de casa fora de casa."

  • Arte
  • Marvila

Chegou a Lisboa há uma década e desde então tem levado a arte urbana para dentro de portas de muitos lisboetas e visitantes. É a grande montra de artistas portugueses como Wasted Rita ou Alexandre Farto e também de conhecidos artistas internacionais. É no Armazém 56 do Braço de Prata que pode apreciar as mais criativas exposições curadas em território nacional e abastecer-se de obras numeradas e assinadas lá para casa. Em Janeiro inaugurou a exposição “When The Rest Of The World Has Gone To Sleep” de Tamara Alves, a sua primeira exposição individual na Underdogs. A partir do poema “Uivo”, de Allen Ginsberg, a artista põe em confronto o irracional e o racional. O resultado é um conjunto de obras pintadas em vários suportes e formatos – acrílico sobre tela, aguarelas, esboços a lápis de cor – num universo de figuras femininas, lobos e carros espatifados, numa referência ao filme Crash, de David Cronenberg.

O Bruno responde
O Bruno já comprou alguma obra na Underdogs? Ou convidou o Vhils para explodir uma parede lá em casa?
"O Vhils é alguém de quem gosto muito como pessoa e como artista. A Galeria Underdogs é mais um dos seus muitos talentos. Isso e explodir coisas. Nisso também sou muito bom. Talvez até seja melhor."

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  • Noite
  • Intendente

Música, teatro, artes plásticas, gastronomia, tudo tem o seu lugar na Casa Independente, um dos mais prolíficos pólos culturais de Lisboa. Chegada em 2012 ao Largo do Intendente, teve um papel fundamental na mudança de reputação da zona, normalmente associada a problemas relacionados com a prostituição e a toxicodependência. Hoje, na antiga Casa da Comarca de Figueiró dos Vinhos, quase todos os dias são de festa, e no segundo piso (o Andar de Cima) encontra uma das melhores varandas da cidade, com vista para o pátio da casa. Agora, a Casa Independente é também um Alojamento Artístico Local (AAL), pelo menos neste mês de Fevereiro, com a residência de Pedro Coquenão, que assina como Batida tudo o faz: produção musical, rádio, vídeo, dança e artes visuais e plásticas. E levou consigo uma exposição (“Neon Colonialismo”, que se estende também à Galeria da Junta de Freguesia de Arroios), uma rádio (a Normal) e um musical (IKOQWE) que nasce das conversas entre Iko (Ikonoklasta, ou Luaty Beirão) e Coqwe (Coquenão). Um projecto que foca temas essenciais como a água, a mobilidade ou mesmo a sanidade mental, remisturados com sons recolhidos em África entre 1920 e 1970, pelo etnomusicólogo britânico Hugh Tracey. Conta com a colaboração de bailarinos como Piny, Sani, André e Gonçalo Cabral.

O Bruno responde
A Casa Independente é agora um Alojamento Artístico Local (AAL) e o primeiro residente é Pedro Coquenão. O Bruno também gostaria de se mudar, por uma temporada, para esta casa no centro da cidade?
"Embora goste muito do espaço, sou mais produtivo a criar fora da cidade. Ou se calhar nem fora da cidade. Disse isto mais para parecer interessante, penso que se conseguiu perceber."

  • Coisas para fazer
  • Grande Lisboa

No ponto mais ocidental da Europa existe um verdejante horto que prima pela apresentação dos exemplares, inseridos num espaço verde onde também se vendem vasos criativos. É um jardim, mas também um centro profissional de jardinagem bastante completo e com muitas etiquetas em latim, como Pterodiscus speciosus (uma suculenta), Protea cynaroides (madiba), Carissa macrocarpa (ameixa-de-natal) ou Dahlia imperialis (uma das espécies de dália). Além das flores, o Verdeal da Roca também aposta nas suculentas e nos cactos, que aqui vivem numa estufa antes de rumarem para os seus novos lares. Há ainda árvores para apreciar e outros exemplares, como uma glicínia que já dá flor há 70 primaveras.

O Bruno responde
Quantas plantas (ou tratores, parece que também se vendem aqui) o Bruno já comprou neste horto?
"Mais de metade das que tenho. E como sou um senhor idoso, vou para lá chatear os simpáticos donos e pedir conselhos."

Dono disto tudo

  • Comédia

Ele não se vê como humorista, mas é com um espectáculo de stand-up que consegue o feito inédito de esgotar a Altice Arena. Na sexta-feira, vão ser mais de 13 mil as testemunhas da proeza, que contará ainda com os humoristas Carlos Coutinho Vilhena e Ricardo Araújo Pereira. Depois do Medo é o regresso ao lugar onde tudo começou, sozinho em palco de microfone na mão, como quando ficou conhecido no Levanta-te e Ri. Foram dez anos de ausência que não chegaram a deixar saudades: continuámos a vê-lo e a ouvi-lo na televisão, na rádio, no palco. 

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