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Molly98, ModaLisboa, Sangue Novo
© Cláudia Almeida

ModaLisboa: quem são os cinco finalistas do concurso Sangue Novo?

São as mais jovens promessas do design de moda em Portugal e desfilam, esta sexta-feira, na esperança de conseguir um prémio que lhes permita vingar no sector.

Mauro Gonçalves
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Mauro Gonçalves
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Da próxima geração de designers de moda portugueses espera-se que marque o passo de um sector com muito para repensar. E no que depender dos cinco finalistas que, esta sexta-feira, inauguram a passerelle da 60.ª edição da ModaLisboa, ventos de mudança estão a chegar. Depois de uma fase eliminatória, que teve lugar em Outubro, restaram cinco nomes para ditar as tendências para o futuro – Çal Pfungst, Darya Fesenko, Inês Barreto, Molly98 e Niuka Oliveira. Não falamos de cortes arrojados ou das cores da estação; falamos de sustentabilidade, de inovação nos materiais e de colaborações e sinergias artísticas e criativas capazes de vestir uma nova moda de autor.

Apenas um dos finalistas poderá sagrar-se vencedor do principal prémio do concurso: uma bolsa de 4000€, um mestrado em Design de Moda na IED Milão e lugar garantido numa próxima edição da ModaLisboa para apresentar a colecção de final de curso. O júri deliberará ainda sobre um segundo prémio: uma. bolsa de 1500€, uma residência artística de três semanas na Tintex Textiles e a apresentação da colecção cápsula aí desenvolvida na plataforma Workstation da ModaLisboa.

O desfile está marcado para as 17.30 desta sexta-feira. É reservado a convidados, mas qualquer um poderá acompanhar a transmissão em directo nas plataformas digitais da ModaLisboa. Antes disso, vamos conhecer os cinco finalistas.

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Çal Pfungst
© Cláudia Almeida

Çal Pfungst

Quem? Gonçalo Godinho, 30 anos
De onde? Canhestros, Ferreira do Alentejo
O que faz? Moda lado a lado com a arte

Çal, como gosta de ser tratado, percorreu um caminho longo e diverso até chegar à moda. O primeiro interesse foi a escrita. Passou, mais tarde, pelo teatro, experimentou o vídeo, até que a moda o surpreendeu durante um curso de Verão. “Vejo a moda como uma extensão da minha relação com a arte, por isso é que o meu trabalho acaba por ser multidisciplinar. É um processo bastante fluido, no qual comecei por sentir uma pulsão de criar algo mais escultórico, onde não tivesse necessariamente de usar o meu corpo. Aí, a moda surgiu como uma coisa muito natural”, revela.

Na aldeia onde cresceu, improvisou um pequeno atelier, onde ultima a colecção que intitulou de fig. 2-telescópio preto. “Morreram as minhas duas avós e uma amiga de infância, então há esse lado do luto, como a roupa o comunica. Está tudo um bocado mais dark. Os materiais são importantes nesta vertente da homenagem, mas também estou a abordar este lado do Alentejo. Trabalhei formas como o capote, vou ter chocalhos e também um material que contém cortiça.”

A moda como arte vestível – por muito conceptual que seja o processo, o resultado desemboca sempre no corpo e na usabilidade das propostas. Na concretização, há lugar para referências pessoais, heranças regionais, mas também upcycling e inovação na escolha dos materiais. “Para mim, é quase um sonho estar a fazer colecções no Alentejo para apresentar em Lisboa”, remata. Depois de um estágio no atelier da designer Lidija Kolovrat, Gonçalo quer agora dedicar-se a projectos próprios, entre eles alimentar uma marca que, através do vestuário, nasceu para congregar todas as artes.

Darya Fesenko
© Cláudia Almeida

Darya Fesenko

Quem? Darya Fesenko, 27 anos
De onde? Porto
O que faz? Pôr à prova a versatilidade

O sentido prático de Darya precede-a. A poucas horas do regresso à passerelle da ModaLisboa, a designer formada na Modatex do Porto – matricular-se foi “a melhor coisa” que fez na vida – mantém todas as opções em aberto, incluindo a menos provável de todas: continuar a criar em nome próprio. “No início, o meu objectivo era aprender a fazer roupa, o que era bastante realizável. Depois, quis experimentar os dois concursos que temos – o Bloom [do Portugal Fashion] e o Sangue Novo –, fazer colecções diferentes, conhecer-me como designer, perceber o que gosto e o que não gosto.”

Veio da Geórgia com 13 anos e cresceu a saber o que é vestir algo diferente – sem saias, vestidos ou roupa cor-de-rosa. A mãe, pintora, foi o primeiro ícone de estilo que conheceu. O projecto de arranque de carreira trouxe-a até aqui. É uma dos cinco finalistas e há um ano que trabalha numa das marcas portuguesas mais internacionais da actualidade, a Ernest W. Baker, recentemente vestida por Pharrell Williams. De repente, “trabalhar para outros” é agora o mais tentador dos caminhos.

Esta sexta-feira, apresenta Manuscripts don’t Burn, uma prova de versatilidade onde cabe uma primeira incursão pela alfaiataria masculina, resquícios da streetwear que a trouxe até aqui e uma pitada de punk. “É agora que os designers têm de experimentar. Não tenho nome, não tenho marca, não tenho nada a perder. É altura disso.”

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Inês Barreto
© Cláudia Almeida

Inês Barreto

Quem? Inês Barreto, 22 anos
De onde? Vila Nova de Gaia
O que faz? Látex e outras experiências

No caso de Inês, a vocação é, na verdade, uma herança de família. “Sempre tive uma relação mais forte com o mundo da moda por causa da minha avó. Era uma pessoa muito cuidada na sua aparência e eu observava-a, via as revista dela”, recorda. Na Modatex, onde acabou por estudar Design de Moda, teve o incentivo de António Soares, professor e profícuo ilustrador de moda português, que a encorajou a explorar os seus impulsos mais artísticos. Na descoberta e na experimentação, encontrou no látex, material suficientemente plástico e imprevisível para desafiar uma jovem designer.

Tal como na primeira colecção que trouxe ao Sangue Novo, Let Us Eat Cake volta a assentar sobre esta matéria primordial, embora o trabalho de pesquisa e reflexão a tenha levado aos recentes abalos no mundo da moda– do escândalo da Balenciaga à morte de Vivienne Westwood, sem esquecer a velocidade a que labora a indústria. “Há um consumismo cego, as pessoas compram porque é barato e fácil. E o látex, ao mesmo tempo que tem um ar plástico, que me permite trabalhar essa ideia de um mundo também ele plástico, é um material natural, complexo de modelar e que trabalho de raiz, ainda em estado líquido. É slow fashion.”

Mais do que silhuetas, Inês Barreto quer investir o seu tempo (e o seu nome) na experimentação de materiais. Faz planos para sair do país – para estudar e aprender com outros –, mas também para começar a criar algumas peças por encomenda. Pelo caminho, quer consolidar a mais desejada das etiquetas: uma identidade enquanto designer. “Revejo muito os meus colegas naquilo que eles fazem. Vê-se que há um pensamento por trás da roupa e é isso que distingue a moda de criador da fast fashion.”

Molly98
© Cláudia Almeida

Molly98

Quem? Maria Duque, 24 anos
De onde? Louriceira, Alcanena
O que faz? Upcycling

Se tivermos de escolher o desfile que mais se propagou nas redes sociais na última fase do Sangue Novo, em Outubro do ano passado, foi este. Camisolas e cachecóis da Selecção Nacional, rendas brancas e malhas suficientemente punk para viralizarem entre millennials e z’s. A Molly98 da ribatejana Maria Duque fez as delícias do Instagram e voltou a trazer o foco para algumas das questões mais urgentes do mundo da moda: a sustentabilidade e a diversidade de corpos.

Na base do seu trabalho está o upcycling – peças, como os equipamentos futebolísticos que usou há seis meses, transformadas em algo novo. Esta sexta-feira, na fase final do concurso, a fórmula repete-se. “Vai ser mais forte que a colecção anterior, embora tenha tentado manter uma sequência. E faço todas as peças com materiais sustentáveis, além da colecção ser praticamente toda feita a partir de upcycling de saias, camisolas, collants e cintos”, detalha a jovem designer, em vésperas do segundo desfile da sua carreira. Religião e misticismo pairam sobre a nova colecção, a que deu o título de Sagrada Família e que garante ser uma representação muito mais fiel do seu registo enquanto designer. O preto vai predominar na passerelle.

Aos poucos, Maria apalpa terreno no panorama da moda portuguesa. Faz criou peças para artistas como Rita Vian e Pedro Mafama, mas também já começa a galgar fronteiras para trabalhar com nomes como AK The Savior. Tudo, a partir do pequeno estúdio que montou na terra natal. Ao mesmo tempo, explora os caminhos do styling, sem perder de vista aqueles que considera serem os princípios orientadores de uma nova geração de designers de moda. “Acho que a sustentabilidade é a grande preocupação. Termos noção dos materiais que usamos é muito importante, já não é só uma questão de design.”

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Niuka Oliveira
© Cláudia Almeida

Niuka Oliveira

Quem? Niuka Oliveira, 23 anos
De onde? Porto
O que faz? Tudo a partir de um sketchbook

Aos 12 anos, Niuka começou a costurar as primeiras roupas, feitas a partir de guarda-chuvas em fim de vida. A isso juntavam-se os esboços das primeiras criações. Desenhar e colar são verbos que mantém até hoje como parte do quotidiano. “O meu processo criativo passa muito pelas colagens, por um sketchbook com vários materiais. Acaba por ser um método muito plástico, mas muito espontâneo também”, explica a jovem criadora.

Self Knowledge, o título da colecção apresentada esta sexta-feira ao final da tarde, aponta para um exercício de introspecção, no final do qual a moda traduz processos interiores complexos e abstractos. “Na colecção anterior, criei um diário emocional onde pus todas as frustrações que fui sentindo e isso serviu-me de terapia. Nesta, vou trabalhar essa parte emocional de forma mais aprofundada. Para já, a minha linguagem passa muito por trabalhar estas questões mais humanas.”

Na concretização, a roupa é como uma tela – não é por acaso que privilegia materiais bastante estruturados, como se servissem de grandes folhas de papel em branco. É sobre elas que escreve as inseguranças, os medos e as incertezas próprias de uma jovem designer na recta final do seu percurso académico. Enquanto isso, outras folhas continuam por preencher. Enquanto criadora, a identidade de Niuka continua em construção.

Moda em Lisboa

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Da alfaiataria ao streetwear, o roteiro de lojas de roupa e acessórios exclusivamente dedicadas ao universo masculino está a crescer. Com a vaidade aumenta a exigência, por isso nesta ronda pelas melhores lojas para homem em Lisboa também vai encontrar algumas das mais bonitas, além daquelas famosas concept stores onde apetece perder a cabeça e comprar tudo. Do fato por medida aos ténis de edição especial, passando pelas marcas atentas à sustentabilidade, os senhores também têm direito a um universo de compras só para eles. Eles que avancem sem medos e encham os armários.

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São lojas com universos próprios, com espaço para moda, decoração, livros, acessórios e até comida. E ninguém se chateia, todos ganham em ver os diferentes produtos reunidos em torno de um único conceito. Se procura uma peça especial, é muito provável que a encontre numa destas concept stores lisboetas, afinal a curadoria é a alma destes negócios e propor objectos que não se encontram ao virar da esquina é a sua especialidade. Resumindo, é uma espécie de elite dentro do roteiro de compras da cidade. Fique a conhecer as melhores concept stores de Lisboa.

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Poucas peças são tão democráticas e transversais a géneros, idades e estilos como um par de ténis. Dão para ir trabalhar, para ir jantar fora, para sair à noite e até para dar nas vistas numa festa (e o melhor de tudo é que servem para palmilhar Lisboa e as suas sete colinas) – e não só para fazer desporto, como noutros tempos. Mas têm de ser especiais e, em Lisboa, há um punhado de lojas que se especializaram na matéria. Dos modelos mais raros das marcas que todos conhecemos a etiquetas que só os entendidos sonham ter, sem esquecer as marcas portuguesas, estas são as melhores lojas para comprar ténis em Lisboa.

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