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Terra - Campo de Batalha, de 2000

Dez dos piores filmes de todos os tempos

Não há consenso sobre quais são os 10 piores filmes já realizados, mas os deste artigo aparecem regularmente nas listas da especialidade. E têm desde aliens feitos de carpetes a um Tarzan erótico

Escrito por
Eurico de Barros
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Ganzas que levam jovens ingénuos ao crime e à loucura, um monstro-robô apaixonado, marcianos que raptam o Pai Natal, um homem das cavernas na Califórnia dos anos 60 ou abelhas assassinas: eis alguns dos ingredientes destes dez filmes, que ficaram na história do cinema por serem gloriosamente falhados, maus de doer e depois morrer a rir.

Dez grandes maus filmes de todos os tempos

‘A Loucura da Ganza’ (1936)

Este filme foi rodado alegadamente para avisar a juventude da época sobre os perigos da marijuana, mas é também muito sensacionalista na descrição dos resultados do consumo da dita, e é considerado “o avôzinho dos piores filmes de sempre”. Os protagonistas, jovens liceais inconscientes, são introduzidos aos prazeres da marijuana por um maléfico traficante, fumam-na numa festa enquanto ouvem essa música depravada chamada jazz, e em pouco tempo estão a atropelar pessoas e a fugir da cena do crime, a matar-se uns aos outros, a suicidar-se ou a enlouquecer. A fita teve vários títulos alternativos, entre os quais Avisem os Vossos Filhos, Viciado em Droga e Juventude Drogada, e é tão descarada e desesperadamente má, que até pode induzir ao consumo de drogas.

‘Robot Monster’ (1953)

Phil Tucker, o realizador deste paupérrimo e inenarrável mas pretensioso filme de ficção científica, ficou tão deprimido com as críticas unanimente negativas e gozonas que teve aquando da estreia, que tentou suicidar-se a tiro. E falhou. Um dos maiores fãs de Robot Monster é o escritor Stephen King, que lhe chamou “um dos melhores piores filmes já feitos”. Rodado em 3D em quatro dias e ao ar livre, por não haver dinheiro para alugar um espaço fechado ou um canto de um estúdio, a fita conta a história do monstruoso Ro-Man, que tem corpo de gorila, cabeça de esqueleto e um capacete espacial enfiado nesta, e quer matar a última família viva na Terra. Mas apaixona-se pela bela filha desta e entra em profunda convulsão espiritual.

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‘Plano 9 do Vampiro Zombie’ (1959)

Qualquer lista deste tipo que se preze tem que incluir um filme de Ed Wood Jr., o pior realizador de todos os tempos. Aliás, todos os filmes que ele fez deveriam constar de uma lista deste tipo, mas a incluir um, terá que ser este, originalmente intitulado Plan 9 From Outer Space. Tem os seus defensores ferrenhos, que o consideram estar tão para lá de mau, que se tornou bom. Esta fita com alienígenas que ressuscitam pessoas e as transformam em mortos-vivos e vampiros foi a última de Bela Lugosi. O actor morreu pouco antes do início da rodagem, e como Wood tinha apenas algumas imagens de teste dele, o seu papel foi interpretado por Tom Mason, o “endireita” da mulher de Lugosi, com a capa sempre à frente da cara para não se ver que não era ele. No entanto, Mason era mais alto e forte que Lugosi, e careca, ao contrário deste. Por isso, o filme chegou a ser comercializado mais tarde por alguns distribuidores com a indicação: “Quase com Bela Lugosi”.

‘Eegah’ (1962)

Richard Kiel, que mais tarde se celebrizaria como o vilão Jaws dos filmes de James Bond, interpreta o principal papel desta fita sobre um homem pré-histórico que é descoberto numas cavernas da Califórnia por um grupo de adolescentes e depois anda à solta pela região a espalhar o terror e a causar estragos. O realizador, Arch Hall Sr., introduziu na história uma série de números musicais totalmente despropositados, com o intuito de fazer brilhar o seu filho, Arch Hall Jr., que faz o papel do jovem herói. A fita quase levou à falência o realizador, mas espantosamente, acabou por dar bastante lucro, tendo em conta o tipo de produção que é, pobrezinha e sem qualquer factor de redenção. O próprio Arch Hall Sr. diria mais tarde: “Tornou-se num motivo de riso o facto desta porcaria ter feito tão bem nas bilheteiras”.

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‘The Creeping Terror’ (1964)

Produzido, realizado, montado e interpretado por Vic Savage, que teve uma curtíssima carreira no cinema, este risível e esquálido filme de ficção científica centra-se numa criatura alienígena que parece uma lesma gigante e quer devorar os habitantes de uma cidadezinha americana. O monstro em cartão construído para o filme foi roubado pouco antes do início da rodagem, pelo que Vic Savage, para não ficar sem a sua lesma gigante vinda do cosmos, e por não ter mais fundos, mandou colar à pressa uma porção de carpetes e plantas, e pô-las sobre vários dos intérpretes, que depois rastejavam em conjunto. O filme é tão mau, tão mau, que não teve estreia nos cinemas e só foi visto em 1976, doze anos depois da rodagem, quando passou na televisão nos EUA. Um então jovem e desconhecido Richard Edlund, que se tornaria num dos maiores especialistas de efeitos especiais do cinema, fez o genérico da fita.

‘Santa Claus Conquers the Martians’ (1964)

As crianças marcianas estavam muito tristes porque não tinham Natal, nem quem lhes desse presentes de Natal, e viam na televisão marciana os meninos da Terra todos contentes com os seus presentes trazidos pelo Pai Natal. Os líderes marcianos consultaram então o supremo sábio do seu planeta, Chochem, com 800 anos, e decidiram ir à Terra e raptar o Pai Natal, para que as crianças do Planeta Vermelho também tivessem Natal e presentes. Eis, em traços largos, a história de Santa Claus Conquers the Martians, que é abominavelmente mau como filme de Natal, como filme de ficção científica, como filme para as crianças e como cinema tout court. Sendo também de chorar a rir, pelas razões erradas, claro. Foi o filme de estreia de Pai Zadora, que entraria em vários deste calibre.

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‘Myra Breckinridge’ (1970

Raquel Welch, Mae West, John Huston e John Carradine surgem no elenco desta comédia bizarra e rotundamente falhada, baseada num livro de Gore Vidal sobre um homem – Myron Breckinridge – que muda de sexo depois de uma operação e, já mulher – Myra Breckinridge, interpretada por Welch – vai para Hollywood para aprender a representar, na esperança de se tornar uma estrela de cinema, envolvendo-se numa série de aventuras debochadas. O filme foi rodado em clima de caos permanente e de conflitos constantes entre o realizador e os actores, e estes uns com os outros, e à sua estreia, o crítico da revista Time famosamente descreveu-o como sendo “tão divertido como um molestador de crianças”. Muito mais tarde, Raquel Welch disse numa entrevista que a única coisa que se salvava em Myra Breckinridge era “o guarda-roupa”. E mesmo assim…

‘O Enxame’ (1978)

Michael Caine, que tem a sua quota parte de más fitas na sua longa carreira (é o caso de Tubarão IV), declarou que este filme-catástrofe de Irwin Allen sobre um enxame de mortíferas abelhas americanas que aterroriza os EUA e mata milhares de pessoas, era o pior em que já tinha entrado. Acrescentando: “A única boa recordação que tenho dele é que comprei uma casa nova em Los Angeles com o dinheiro que me pagaram.” Henry Fonda, Richard Widmark, Olivia de Havilland, José Ferrer e Fred McMurray foram outros dos grandes actores que participaram nesta funesta produção, onde abundam os diálogos involuntariamente cómicos e as sequências com efeitos especiais chapadamente toscos. A publicidade para o filme proclamava com orgulho: “Feito com 22 milhões de abelhas”.

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‘Tarzan, o Homem-Macaco’ (1981)

Concebido pelo realizador e veterano actor John Derek como um veículo erótico, mais do que de aventuras, para a sua mulher, a boazona mas incomensurável canastrona Bo Derek, este filme é não só um dos piores de todos os tempos, mas o pior de sempre envolvendo a personagem de Tarzan, aqui interpretado pelo panão Miles O’Keeffe. A rodagem decorreu no Sri Lanka e ficou famosa em Hollywood pelo número de despedimentos que houve na equipa técnica, ao ponto de Derek quase ficar sem pessoas para acabar as filmagens. A fita é uma estopada risível, sem rei nem roque, expondo abundantemente os dotes físicos de Bo Derek, que estraga tudo quando abre a boca. E nem ela impediu que Tarzan, o Homem-Macaco fosse (também) um enorme fracasso comercial e uma colossal macacada.

'Terra-Campo de Batalha’ (2000)

Esta superprodução de ficção científica adapta a primeira parte do livro homónimo escrito por L. Ron Hubbard, o fundador da Cientologia, passado no ano 3000, numa Terra escravizada por invasores alienígenas. Era um projecto que John Travolta, membro deste mais do que duvidoso culto, ambicionava fazer há muito tempo, tendo inclusivamente investido nele vários milhões de dólares do seu bolso. A segunda parte do livro nunca chegou a ser filmada, devido aos péssimos resultados de bilheteira, à recepção unanimemente negativa da crítica e à falência da produtora independente alemã Franchise Pictures, que em má hora decidiu financiar esta space opera pretensiosa e estereotipada, rodada com os pés e com interpretações pavorosas de todo o elenco, John Travolta à cabeça. J.D. Shapiro, um dos dois argumentistas, chegou até a pedir desculpas em público pelo filme.

Clássico de cinema para totós

Lição 1: o cinema mudo
  • Filmes

À falta de palavras, usa-se a expressão. À falta de cor, manipulam-se todos os cinzentos existentes entre o preto e o branco e fazem-se malabarismos na montagem. Assim começou o cinema. E assim começou a tornar-se arte. Alguma inesquecível, como estes 10 exemplos incontornáveis.

Lição 2: os anos 30
  • Filmes

A ascensão do cinema falado acabou com o mudo e com as carreiras de muitos actores. A tecnologia do som (e depois da cor) provocou uma, como agora se diz, “destruição criativa”. Certo é que, apesar das baixas, a década de 1930 é uma das mais dinâmicas da história de Hollywood, culminando no excepcional ano de 1939, quando nasceram três destes 10 clássicos de cinema obrigatórios.

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  • Filmes

A guerra foi a principal preocupação do mundo durante metade da década de 1940. Mas isso não impediu o cinema de crescer como arte, nem estes filmes deixaram de entreter o público, umas vezes como escapismo, outras como alerta de consciências. Sempre, porém, progredindo na narrativa e na montagem, dando a ver um novo e cada vez mais diverso cinema.

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