‘SAS: Rogue Heroes’. Cães da guerra sem coleira nem trela

★★★☆☆

Nestes tempos de melindres à flor da pele, de constrangimentos politicamente correctos e de “bonzismo” omnipresente, uma série como SAS: Rogue Heroes (HBO Max), jovialmente brutalista, descaradamente desbragada e a estalar de violência que, longe de ser gratuita, está inteiramente justificada pelo argumento, é tão bem-vinda como uma cerveja gelada num dia de canícula. Escrita por Steven Knight (Peaky Blinders) com base no livro de Ben Macintyre sobre a criação, durante a II Guerra Mundial, do SAS (Special Air Service), uma unidade especial do Exército britânico que tinha carta branca para lançar acções temerárias contra as tropas italianas e o Afrika Korps de Rommel durante a campanha do Norte de África, SAS: Rogue Heroes recorda as personagens heteróclitas, excêntricas e desmesuradas, as peripécias aparentemente inverosímeis (mas que pecam por defeito e não por excesso), as missões de contornos suicidas e os incríveis feitos dos membros da unidade durante a guerra no deserto, pondo em cena sequências de combate regaladamente ultraviolentas. Por isso, perdoamos-lhe a absurda espia francesa de Sofia Boutella, irritante como a convivência de heavy metal e música da época na banda sonora, e disparates como a unidade interracial francesa. Soltem os cães da guerra!