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Tiago de Paula Carvalho

Grand House: os loucos anos 20 no Algarve

Luxo, glamour e conforto são o hat trick do novo Grand House que acaba de abrir num edifício Arte Nova em Vila Real de Santo António.

Escrito por
Nelma Viana
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Em 1999, o anúncio televisivo do atum Ramirez mandava-nos para a cozinha para testar novas receitas para além de rissóis, saladas e sandes com “a carne do mar”. O século XXI entretanto tornou-se profícuo no desenrascanço culinário e os arrozes e massas tornaram-se o destino óbvio da conserva de atum. Com isto tudo perdemos o rumo deste texto e demos por nós no site da marca a vasculhar o separador de receitas só para percebermos que dá para fazer bacalhau no forno com as postas em conserva, batatas recheadas com sardinhas em azeite ou, o que mais nos impressionou, ervilhas estufadas com carpaccio de polvo – o de lata, entenda-se.

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Mas voltemos ao assunto que nos traz aqui. O nome Ramirez é imediatamente associado ao atum, sendo praticamente desconhecida a ligação do apelido ao sector da hotelaria. Em 1926 a família abria em Vila Real de Santo António o antigo Hotel Guadiana, um marco na oferta turística da cidade que entretanto, como tantos outros, perdeu a corrida para o alojamento fast-food sendo obrigado a encerrar definitivamente há cerca de dez anos. Os últimos cinco foram ocupados com a reabilitação do edifício Arte Nova plantado na zona ribeirinha e o hotel passou da mão da família para a de um grupo de investidores empenhado em recuperar a exclusividade de serviço que em tempos foi um dos grandes selos de qualidade do Algarve. Assim nasce o Grande House.

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O desafio que nos lançam à entrada é de recuarmos no tempo até aos anos 20, ao glamour e exuberância de uma das festas loucas que F. Scott Fitzgerald descreve em O Grande Gatsby. Estando de calças de ganga, ténis e com o cabelo a precisar de intervenção urgente, fica difícil entrar no espírito das estolas felpudas, das lantejoulas e dos cigarros com boquilha que obrigam a guardar um bom metro quadrado de espaço útil para levá-los à boca, mas como somos gente que gosta de um bom desafio, fechámos os olhos e deixámos baixar a personagem. Ali estávamos no hall de entrada de Jay Gatsby, expectantes com a promessa de uma noite inesquecível.

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No caminho até ao quarto, um dos seis Grand Rooms, vamos murmurando “ain’t life grand?” – se nos queriam imbuídos, aqui estamos a dar tudo. A vista para o rio, o sossego da rua e o céu pintado de laranja a anunciar o fim do dia e a entrar-nos descarado pelas enormes janelas pareciam ter combinado aparecer só para nos impressionar. Impressionaram, mas não tanto como a banheira onde nos enfiámos calmamente à espera de serem horas de jantar. Desistimos no meio-tempo por causa daquele superpoder que o corpo humano desenvolveu de se engelhar a uma velocidade parva quando em contacto prolongado com a água.

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Já sentados à mesa voltamos a rever Jan Stechmesser, chef alemão apaixonado por Portugal e que anda pelo Algarve há tempo suficiente para conhecer de cor os produtos locais e de cada estação e para saber como trabalhá-los para criar pratos com ADN português que vão buscar inspiração a outras paragens – prova disso, os raviólis do mar com molho de lúcia-lima e espumante do Algarve (€27). Além das opções à carta, o chef propõe dois menus de degustação de três e cinco pratos, que mudam semanalmente conforme a oferta da estação. Ao comando da cozinha do Grand Salon, é também ele o mestre de cerimónias das visitas guiadas ao mercado da cidade numa espécie de masterclass que se estende até à cozinha do restaurante, onde convida os hóspedes a juntarem-se à preparação de uma refeição.

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Depois de uma visita demorada pelos 30 quartos da unidade, somos finalmente apresentados a um conceito
de spa que desconhecíamos. Estamos acostumados a encontrar as zonas de beleza e bem-estar dos hotéis escondidas nas caves, atrás do ginásio e da piscina coberta, em espaços impróprios a claustrofóbicos e onde é raro haver uma janelinha que seja para o exterior. Aqui não. As massagens e tratamentos à base de sal são feitas no conforto da Wellness Suíte, especialmente criada para ser um oásis de relaxamento. Depois existe um Spa propriamente 
dito, ao ar livre, numa salina produtora de flor de sal a dois passos do hotel.

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E já que estávamos na rua, aproveitámos para conhecer
o Grande Beach Club, que completa a oferta gastronómica e de lazer do hotel, a cerca de dois quilómetros, na Ponta da Areia. Além da piscina infinita virada para o mar, tem um bar de cocktails e um restaurante com hambúrgueres, saladas, pizzas e outros petiscos para partilhar. Ao sábado tem música ao vivo e workshops de licores e mixologia mediante reserva.
Mantendo linha condutora dos loucos anos 20 mas numa onda mais descontraída e acessível ao público, o Grand House promete para breve a abertura da Grand Gallery, um espaço polivalente que vai dividir-se entre uma galeria de arte, uma concept store e um lounge café aberto à cidade.

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Como chegar: Siga pela A2 e tome a A22 até à saída 18 em direcção a Faro. Continue pela N112 até Vila Real de Santo António e já na cidade siga as indicações para o centro.

Preços: desde 200€

Outros hotéis

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O Dá Licença, antes de ser o sítio magnífico que é, era para ser só uma casa de férias de Victor Borges e Frank Laigneau, que procuravam um pequeno refúgio no campo para onde pudessem fugir quando a vida em Paris se tornasse demasiado frenética. Fica entre Estremoz e Evoramonte e é um paraíso de oito quartos com uma colecção inimaginável de arte e artesanato.

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