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Três quartos de hotel onde tem de dormir uma vez na vida

Camas de sonho, paisagens relaxantes e muito descanso. Revelamos as três melhores camas de hotel para se entregar a um sono descansado.

Escrito por
Nelma Viana
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Quando se finaliza a reserva para uma escapadinha, o sentimento que predomina é mais ou menos este: ir, estar, fazer o menos possível e aproveitar para pôr o sono em dia. Como
boa declaração de intenções que é, muitas vezes acaba por ser só isso mesmo, uma ideia idílica que rapidamente se transforma num plano completamente ao lado. A pessoa vai para não se cansar mas depois há os passeios a cavalo, as provas de vinho, os workshops
de pintura de azulejos, as visitas à quinta pedagógica, os almoços e jantares naquela tasca que o cunhado do primo garantiu ser a melhor da região e quando se dá por ela já são horas de voltar a casa e descanso nem vê-lo. Isto não é vida para ninguém. Às vezes é preciso parar. Relaxar. Dormir, sobretudo.  C
umpra finalmente o desejo de tirar uns dias para não sair da cama. Nestes três quartos de hotel encontra a desculpa perfeita para desligar, morrer para a vida e ressuscitar ao terceiro dia.

Carmo’s Boutique Hotel
  • Viagens

A ideia do glamping é muito bonita mas não durante primaveras esquizofrénicas como esta a que tentamos sobreviver. E por isso é perfeitamente normal que qualquer ser humano que tenha como prioridade o seu conforto e bem-estar demonstre uma certa resistência em alinhar em passeios pela natureza quando as temperaturas não convidam sequer a meter a cabeça fora da janela. Mas isso é só até ao dia em que se descobre a existência da Tenda Suíte Deluxe do Carmo’s Boutique Hotel, em Ponte de Lima, que como o nome indica, é uma tenda de facto, mas uma daquelas saída de um filme passado numa fazenda de luxo africana, em que a única diferença é que lá fora em vez da savana há apenas o verde do campo a espreitar. O hotel tem programas de lazer muito completos, com visitas à Oficina do Vinho, jantares românticos com menu de degustação, passeios de catamarã, workshops de arte, aulas de golfe e visitas guiadas à vila. Mas isso não interessa nada quando debaixo do tecto de lona (que é realmente o único elemento representativo do universo campista) se encontra um quarto panorâmico com banheira aos pés da cama, terraço privativo com cadeiras de baloiço e uma cama king size virada para a janela, mesmo a pedir para se aconchegar umas boas dez horas seguidas entre mantas felpudas, almofadas gordas e lençóis de um algodão tão macio que parece quase uma segunda pele. Há coisas para fazer fora da cama? Claro que sim, mas tudo o que implique sair do trajecto cama-banheira-varanda será um gasto de energia desnecessário. Entre estas três paragens com certeza que encontrará outras formas de se entreter entre sestas.

São Lourenço do Barrocal
  • Hotéis

Estar no São Lourenço do Barrocal e não sair do quarto
é uma parvoíce – e ao mesmo tempo uma decisão tão
válida como outra qualquer, dependendo do que se tem em mente. Se não passar pelo spa ou pela piscina desenhada por Souto de Moura, ou mesmo que não queira conhecer as enormes pedras calcárias que dão o nome à herdade, terá, pelo menos, de abandonar o ninho para comer e nesse departamento saiba que ficará muitíssimo bem entregue à cozinha de José Júlio Vintém e aos vinhos produzidos na casa. Dito isto, quando bate aquela urgência de largar tudo e ir para onde a única decisão importante a tomar é “tinto ou branco?”, saiba que a resposta está na aldeia de Monsaraz, onde vai encontrar refúgio e cura para todos os males da cidade.

O acolhimento é feito num tom de voz controlado e ritmo melodioso que combina perfeitamente com o que se pretende: estar em paz e sossego e deixar o tempo passar sem sobressaltos. Nos quartos, nas suítes ou nos apartamentos familiares a chegada é celebrada com chá, bolachas caseiras e salame de chocolate. A partir daí estão feitas as apresentações. 

O que à partida parece um espaço praticamente vazio, na verdade revela uma curadoria exímia, direccionada para o conforto e serenidade. As cores neutras, a preservação da traça antiga com portadas de madeira, janelas pequenas e chão em tijoleira, o mobiliário que se divide entre o design nórdico e as relíquias encontradas em feiras de antiguidades e outras recuperadas da casa de família dos proprietários, são uma canção de embalar para os sentidos. Subitamente bate uma vontade de ir num instante experimentar a cama só para comprovar que encaixa perfeitamente três adultos de porte médio e quando vai a ver passaram oito horas e o mundo transformou-se num sítio muito melhor. De manhã, depois do primeiro café no terraço do quarto, o caminho até ao pequeno-almoço faz-se a passo lento e já com uma certa melancolia que anuncia o fim da viagem. Há muito tempo que não dormia assim, não é? Se calhar está na altura de investir num colchão. Ou de se mudar definitivamente para o Barrocal – há casas com piscina para comprar, se estiver de facto a considerar essa opção.

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Casa Azimute
  • Hotéis
  • Hotéis de charme

Felizmente os anos 90 já acabaram e com eles morreu também aquela ideia absurda de que “quando é para dormir, dorme-se em qualquer lado”. Felizmente os anos passaram e a ciência encarregou-se de provar que a qualidade do sono depende em grande parte do conforto do colchão e eles aí estão, de várias formas e feitios, mais ou menos rígidos, com ou sem molas e até articulados para adoptar a posição 3⁄4 sem dar cabo da lombar.

Na Casa Azimute, em Estremoz, não só se levou muito a sério a escolha das camas das suítes como toda a divisão foi desenhada para oferecer o mais justo dos sonos a quem nelas se decida instalar. A decoração minimalista, apenas com o essencial ao descanso, faz-se com mobiliário de design, mantas alentejanas, flores frescas e mosaico hidráulico produzido na região. São 64 metros quadrados que se dividem entre o quarto orientado para uma janela panorâmica, uma casa de banho com banheira, um terraço privado com cama sob as estrelas e um duche exterior. À chegada pode aproveitar para se abastecer de cerveja e chocolates belgas na loja da casa e, mesmo antes de hibernar, consultar o menu de almofadas para escolher as que quer como companhia. Emparelhe o telefone com as colunas de som, escolha uma playlist relaxante e, agora sim, bons sonhos. 
Para que no regresso não se sinta constrangido por não ter muito para contar aos colegas sobre os dias que passou no Alentejo, aproveite para tomar o pequeno- almoço à beira da piscina a ver Estremoz lá ao longe, e faça uma volta a pé pela propriedade – há 28 hectares para explorar e muitos sobreiros para amparar uma sestinha ao ar livre. Pense assim: se os alentejanos toda a vida o fizeram é porque deve ser mesmo bom.

Hotéis imperdíveis

  • Hotéis

Se me dão licença, tomo a liberdade de começar este texto com um relato na primeira pessoa. A tentativa tosca de manter a distância para não corromper a ética que se exige à prática jornalística obrigar-me-ia a ser uma mera espectadora de uma das melhores experiências que tive o privilégio de viver, e isso, sendo perfeitamente possível, não é o que quero fazer.

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  • Hotéis

Em A Viagem do Elefante, José Saramago conta a história de Salomão, um elefante nascido em Goa a viver em Lisboa, em meados do século XVI, que D. João III decide oferecer ao primo, Maximiliano da Áustria, como presente de casamento. A história é real com uns pozinhos de ficção, que o autor decidiu juntar ao enredo para atacar, entre outras coisas, a necessidade que Portugal tinha, na altura, de parecer bem no contexto europeu, mostrando e ofertando as riquezas usurpadas – perdão, trazidas – das geografias longínquas por onde o império ia passando.

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