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Conan Osiris
Fotografia: Manuel MansoConan Osiris

MIL 2019: tudo o que queremos ver e ouvir

O MIL é um festival especial. Estas são as as conversas, conferências e concertos a não perder até ao final da semana

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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Há festivais e festivais. E depois há o MIL – Lisbon International Music Network, cuja terceira edição se realiza entre quarta e quinta-feira em vários pontos da cidade. Durante a noite, é um festival de música e há concertos espalhados por dez clubes e salas de concertos do Cais do Sodré – B.Leza, Estúdio Time Out, Lisboa Rio, Lounge, Musicbox, Roterdão, Sabotage, Titanic Sur Mer, Tokyo, Viking. De dia, é uma convenção e há workshops, conversas, apresentações e muitas oportunidades para fazer e trocar contactos no Palacete dos Marqueses de Pombal.

A organização sabe que os públicos do festival e da convenção não são exactamente iguais. E isso não é um problema. “Para o público geral, o MIL é um festival onde se vai descobrir aquilo que vai ser grande daqui a dois ou três anos. Que ainda pode estar numa fase embrionária, e mesmo assim uma pessoa ouve e percebe que é do caraças”, diz o programador Pedro Azevedo, que juntamente com o resto da equipa do Musicbox idealiza e organiza o MIL desde 2017. “São mais de 70 artistas, de todos os géneros, e a maior parte das pessoas conhece menos de metade, mas é impossível não descobrir aqui algo de que vai gostar.”

“Para o público profissional, o MIL é [uma convenção e] um festival que tem como arma principal a ligação com a América do Sul, e o Brasil em particular, e futuramente vai começar a olhar para a Ásia”, continua o organizador. Há a tentação de comparar isto a uma espécie de Web Summit da música, no entanto Pedro Azevedo prefere mencionar eventos estrangeiros semelhantes, como o Eurosonic ou o SIM São Paulo. “Isto funciona muito como uma mostra de importação e exportação. Tal como queremos mandar lá para fora portugueses, também trazemos artistas estrangeiros.”

Como o MIL fala para vários públicos, há vários tipos de bilhetes. Para os profissionais da indústria musical e outros interessados estão à venda ingressos de 70 euros que dão acesso a uma base de dados com contactos de personalidades e empresas do sector, além de garantirem a entrada nas conferências e em todas as actuações. Quem só quiser ouvir música pode pagar 20 euros por um passe que dá livre-trânsito para os concertos de quinta e sexta-feira; ou gastar 30 euros para, além dos concertos de quinta e sexta, entrar na festa de abertura de quarta-feira, no B.Leza, e receber um saco de pano de recordação.

Quando se pergunta à organização o que há de novo nesta edição, a resposta é que "há mais artistas e mais profissionais presentes.” Ou seja, a ideia central continua a ser a mesma: dar a ouvir música nova ao público nacional e exportar a música portuguesa e lusófona para o mundo. Porém, a dimensão e ambição são cada vez maiores. Se mesmo assim tivéssemos de destacar uma novidade, seria o olhar cada vez mais atento para o Brasil, com concertos de muitos artistas de lá e uma séries de conversas e discussões sobre o presente e o futuro da música brasileira. De resto, é o costume. Debates interessantes, concertos surpreendentes. Uma festa.

Sete conversas e conferências que queremos ouvir

Lusofonia: Uma língua que pouco ou nada colabora

O radialista Luís Oliveira, da Antena3, junta-se a Fabiana Batistela, a directora do festival SIM de São Paulo, o escritor e músico angolano Kalaf Epalanga (ex-Buraka Som Sistema), a cantora Selma Uamusse e o DJ Wilson Vilares, da editora CelesteMariposa, para falar, em português, daquilo que une e separa quem faz música em português nos vários continentes.

Palacete dos Marqueses de Pombal. Qua 14.00.

Keynote interview: José Mário Branco

José Mário Branco é um dos mais importantes cantores, compositores, músicos e produtores a trabalhar em Portugal. Durante uma hora, falará com o jornalista Gonçalo Frota (ex-Time Out) sobre o seu percurso e a sua visão e opinião sobre a música popular actual.

Palacete dos Marqueses de Pombal. Qua 16.00.

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Keynote interview: Pena Schmidt

Pena Schmidt é um veterano da indústria musical brasileira. Acompanhou Os Mutantes, levou os Titãs para a Warner, coordenou festivais como o Rock in Rio e continua a trabalhar no sector. Será entrevistado por Henrique Amaro, da Antena3.

Palacete dos Marqueses de Pombal. Qua 17.30.

Growing Trend: MPB – Música Pop Brasileira

Nuno Pacheco, redactor principal do Público, modera um debate sobre o presente da música brasileira. Os intervenientes são, além de Pena Schmidt, o agente e promotor Fabrício Nobre e a cantora e compositora Letrux.

Palacete dos Marqueses de Pombal. Qui 12.00.

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Music journalism by Simon Reynolds

Simon Reynolds é um dos grandes críticos de música vivos e autor de vários livros sobre o tema, relacionando a música (e não só) com a realidade e a conjuntura sociocultural em que é produzida. Vai dar uma aula teórico-prática sobre jornalismo musical.

Palacete dos Marqueses de Pombal. Sex 10.00.

Keynote interview: Pete Kemper

Mais conhecido como Sonic Boom, Pete Kember (ex-Spacemen 3) é um histórico cantor, compositor, músico e produtor britânico, actualmente radicado em Portugal. Fala sobre a sua vida e arte com Joaquim Quadros, da Vodafone.fm.

Palacete dos Marqueses de Pombal. Sex 14.00.

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Europe Is Dead. Long Live Europe

A Europa encontra-se em crise. O consultor francês Fabiel Miclet, a sua compatriota Elise Phamgia, coordenadora do projecto Liveurope, o promotor e consultor holandês Frank Kimenai e a exportadora cultural grega Iro Siamanta debatem a actual conjuntura europeia.

Palacete dos Marqueses de Pombal. Sex 17.30.

Oito concertos que queremos ver

Lula Pena/ Letrux

É o concerto de abertura do festival. Ou melhor, os concertos. Lula Pena é uma das grandes cantoras portuguesas, com uma abordagem global à música popular. Letrux é uma das mais entusiasmantes vozes da música popular brasileira dos últimos anos. E é possível que se juntem em palco.

B.Leza. Qua 22.00.

Italia 90

A música dos londrinos Italia 90 existe entre o punk e o pós-punk, sem nunca ceder ao revivalismo. Está sintonizada com o presente, soa lixada e radicalizada. E os concertos deles são contagiantes, como sabe quem os viu há um par de anos no Milhões de Festa.

Tokyo. Qui 20.30.

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MC Buseta

Nascido no Brasil, porém a viver em Barcelona desde os dez anos, MC Buseta é uma das grandes promessas do trap espanhol. Editou no ano passado a mixtape Heart Breaker, com cinco faixas e participações de Yung Beef e Kaydy Cain, nomes grandes deste campeonato.

Roterdão. Qui 22.00.

Kompromat

Novo projecto do produtor Vitalic e a cantora Rebeka Warrior, dois veteranos franceses do electroclash. Estrearam-se ao vivo em Janeiro, no festival Eurosonic, e vão dar o segundo concerto de sempre no MIL, de acordo com a organização. O primeiro LP, Traum und Existenz, chega em Abril.

Lisboa Rio. Qui 00.15.

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Beautify Junkyards

Os portugueses Beautify Junkyards fazem uma folk fantasmagórica e familiar. Com ecos da psych-folk britânica de 60s, do tropicalismo brasileiro e de certa música popular portuguesa. O mais recente disco, The Invisible World of Beautify Junkyards, foi lançado em 2018 pela Ghost Box, editora fulcral da espectrologia musical britânica.

Sabotage. Sex 20.15.

Cave Story

São portugueses, mas estudaram bem a história do indie rock anglo-americano. Provaram-no mais uma vez no ano passado, com a edição de um disco enxuto e com os refrães todos no sítio chamado Punk Academics.

Sabotage. Sex 21.30.

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Charlie & The Lesbians

Vêm da Holanda e tocam punk rock caótico e impetuoso, sem medo nem vergonha. A julgar pelo álbum deste ano, Paper Trail of Happiness, são meninos e meninas para dar um dos concertos do festival.

Sabotage. Sex 22.45

Conan Osíris

Editado no final de 2017, Adoro Bolos, elevou Conan Osíris à condição de fenómeno na internet e na Lisboa mais atenta, e a participação no festival da canção deste ano fez dele herói (e vilão) nacional. Passa pelo Musicbox umas semanas antes de participar na Eurovisão. É bom ir para a sala cedo para guardar lugar.

Musicbox. Sex 00.00.

Mais música para ouvir

  • Música

Ninguém se pode queixar de não ter o que ver e ouvir ao vivo em Lisboa. Todos os meses há pequenos e grandes concertos para ver e ouvir nas principais salas da capital. E em 2019 vão continuar a passar por cá grandes nomes da música popular global. Dos históricos Metallica, em Maio, a cantores de jazz-pop como Jamie Cullum, em Julho, ou Michael Bublé, em Setembro e Outubro, passando por esse fenómeno de popularidade que é Ed Sheeran, com duas datas esgotadas no Estádio da Luz em Junho.

  • Música

Por toda a cidade há concertos. Há bandas de rock e suas derivações, artistas populares de diferentes proveniências, metais leves e pesados, música portuguesa e estrangeira, inevitavelmente americana mas não só. Há concertos para todos os gostos e carteiras, é o que queremos dizer. Só que nem todos são iguais. Alguns valem mais a pena do que o resto, uns são potenciais surpresas enquanto outros são valores mais ou menos seguros, e por isso toda a informação ajuda.

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