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Musica, Indie Rock, Snow Patrol
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Snow Patrol: “Pensámos que a banda ia acabar”

Os Snow Patrol estão de volta. Falámos com o vocalista Gary Lightbody antes do concerto de sábado, no Campo Pequeno

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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Os Snow Patrol editaram um novo disco no ano passado, depois de sete anos de silêncio. Foi um período conturbado, durante o qual o vocalista Gary Lightbody chegou a considerar acabar com a banda, superou um longo bloqueio criativo, lidou com o seu alcoolismo e depressão. Mas agora, pelos vistos, está tudo bem. Ainda nem há um ano estiveram a apresentar Wildness no NOS Alive e já estão de volta, para um concerto no Campo Pequeno. E Gary Lightbody parece entusiasmado. O pior, diz ele, já passou.

Passaram-se sete anos entre a edição do Fallen Empire, em 2011, e do Wildness, em 2018. Porque é que demoraram tanto tempo a gravar um disco novo?

O disco demorou tanto tempo a sair porque eu tive de meter a minha cabeça em ordem e lidar com alguns problemas e questões lixadas. Foi um processo longo, que demorou quase cinco anos, e só depois disso é que me senti capaz de começar a trabalhar. Por isso, na verdade, o disco só demorou dois anos a fazer, com seis meses passados no estúdio.

Alguma vez pensaste que a banda ia acabar ao longo desses cinco anos?

Muitas vezes. Na maior parte dos dias. Estava a ser muito difícil escrever novas canções. Cheguei a pensar que nunca ia voltar a escrever nada.

Como é que superaste esse bloqueio criativo?

A única maneira de superar o bloqueio criativo é criando. Escrevendo, neste caso. Escrever sem tretas. Escrever até que as coisas comecem a fazer sentido. O mais difícil, para mim, foi ter a paz de espírito necessária para conseguir sentar-me e começar a escrever. Isso demorou muito tempo.

Soube que também deixaste de beber recentemente. Calculo que isto esteja tudo ligado. Foi difícil parar?

Ao princípio foi difícil, mas agora já quase não penso muito nisso. Estou sóbrio há dois anos e meio, e posso dizer-te que o primeiro ano foi mesmo muito difícil. Não conseguia sequer estar ao pé de pessoas que estivessem a beber. Agora, por acaso, isso já não me incomoda.

Outra coisa que também não é fácil, para um músico ou para uma banda, é manter a relevância e a atenção do público ao longo de muitos anos. Mas os Snow Patrol lançaram o primeiro disco há mais 20 anos e são uma banda relativamente grande há quase 15. Qual é o segredo?

Não há um segredo. Acho que, quando tentas ser ou fazer algo relevante, falhas imediatamente. Não dá. Porque o que é relevante está sempre a mudar. As modas e as chamadas tendências são coisas que normalmente não envelhecem bem. Por isso, o melhor é uma pessoa ignorar o que está a ter sucesso nas redes sociais e a nas tabelas de vendas e fazer simplesmente a música que quer. Assim, independentemente do que acontecer, vais ter sempre orgulho naquilo que fizeste. Não há nada que eu tenha editado (incluindo os discos dos Snow Patrol, Tired Pony e The Reindeer Section) de que não me orgulhe. Isso para mim é o mais importante.

O Wildness é um disco com mais espaços vazios, por assim dizer, tem um som menos cheio e menos directo do que os vossos discos anteriores. Foi intencional?

Sim. Quisemos deixar mais espaços vazios para as vozes e os instrumentos respirarem melhor. Tirámos todas as guitarras que estavam a mais nos álbuns anteriores. Às vezes tínhamos dez guitarras ou mais a tocar a mesma coisa. Agora não há nada disso. Tocamos um instrumento de cada vez. Ironicamente, nunca tínhamos feito um disco que soasse tão grande, tão forte. Mais é menos, pelos vistos.

O Jacknife Lee produziu todos os vossos discos desde que trocaram a editora indie Jeepster por uma multinacional, em 2003. Dirias que ele é praticamente um membro da banda?

Sim. Ele tem sido uma pessoa muito importante nas nossas vidas nos últimos 15 anos ou mais. É um génio. A meu ver, é o melhor produtor actualmente no activo.

Nunca consideraram gravar com outra pessoa?

Não. Isto não quer dizer que um dia no futuro não trabalhemos com outras pessoas. Mas, até hoje, nunca colocámos sequer a opção. O Jacknife é mesmo especial.

Tenho curiosidade em saber o que é que tu ouves. O que te influencia.

Reviro os olhos sempre que alguém diz que “ouve de tudo”, mas no meu caso é mesmo verdade. Em última análise, continuo a ser um gajo do rock e do indie, mas também oiço soul, funk, techno, r&b, pop, metal, folk, e coisas que são só estranhas. Tenho andado a ouvir muita coisa: Four Tet, Richie Havens, Stevie Wonder, Joni Mitchell, Foy Vance, Tyler the Creator, Fatherson, Frightened Rabbit, Maren Morris, Kacey Musgraves, Wolves In The Throne Room, Low, Villagers, Gang of Youths.

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