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Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco em 'A madrugada que eu esperava'
© Sebas FerreiraCarolina Deslandes e Bárbara Tinoco em 'A madrugada que eu esperava'

A arma de Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco: “A música sempre foi o lado bom da força”

No dia 25 de Abril, é lançado ‘A Madrugada que eu esperava’, disco extraído da peça de teatro homónima. Vem no tempo certo.

Escrito por
Beatriz Magalhães
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Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco propuseram-se a celebrar a Revolução dos Cravos em cima do palco. Do musical, que conta a história de amor entre Olívia e Francisco durante a ditadura, nasce, agora, o álbum. A 25 de Abril, é lançado A Madrugada que Eu Esperava, que inclui a participação de artistas como Paulo de Carvalho, Buba Espinho e Sérgio Godinho. 

Na passada quarta-feira, 17 de Abril, uma sessão de escuta no bar do Teatro Maria Matos juntou a dupla de cantoras e compositoras a alguns dos artistas que colaboraram no disco. A Time Out esteve presente e falou com Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco, Paulo de Carvalho, Filipe Melo e Buba Espinho. As 17 faixas, das quais 13 foram apresentadas em cena, incluem os instrumentais gravados, em estúdio, por Feodor Bivol, Marco Pombinho, Miguel Casais, Rui Pedro Pity e Sandra Martins.

O disco, à semelhança do musical, quer ser uma ode à liberdade. Em cima do palco, a história de Olívia e Francisco quer dar a conhecer o que se viveu no pré, durante e pós-25 de Abril. No álbum, ouvem-se as suas ânsias e esperanças aliadas a questões que, ainda hoje, se tornam prementes de abordar. “A música sempre foi o lado bom da força, o lado da consciência, o lado de chamar à razão, e de mostrar que não se chegou aqui para só se chegar aqui, nós chegámos até aqui para conseguirmos chegar mais longe, para manter o caminho que foi percorrido”, diz Carolina Deslandes.

Cantar sobre a liberdade na altura certa

Segundo Bárbara Tinoco, o espectáculo, que já estava a ser concebido há dois anos, foi para cena numa altura que se revelou especialmente importante. “Estreou este ano, mas estamos a pensar nestas canções desde o ano passado e eu, que adoro coincidências, acho que não há nada mais coincidência do que termos esperado dois anos e lançado isto num momento em que o país atravessa os 50 anos do 25 de Abril e neste momento político que estamos a viver.” Para Paulo de Carvalho, intérprete de “Coração Fora do Corpo” em conjunto com Jorge Palma, este é um projecto que “nos chama a atenção para o que se está a passar à nossa volta”. “Daqui forçosamente nascerá qualquer coisa. Não é por acaso que um dos grandes músicos portugueses de sempre, o José Mário Branco, cantava que a cantiga é uma arma e eu acho que é. Não faz revoluções, mas pode ajudar.”

No disco, há canções que são interpretadas do ponto de vista das personagens da peça, o que, para alguns dos artistas, tornou a experiência singular. “Tentei ao máximo vestir a personagem que elas quiseram que eu fosse e foi um desafio muito fixe sair da minha zona de conforto e abraçar este desafio de olhar para uma gravação com uma componente de expressão muito diferente daquilo que é o meu habitual, onde eu canto aquilo que penso, sobre os meus sentimentos. Aqui é vestir os sentimentos de outra pessoa”, partilha Buba Espinho, que interpreta, ao lado de Tatanka e Tiago Nogueira, “Soldado Ramiro”.

Entre os 17 temas do álbum, destaca-se ainda um que é apenas instrumental, composto por Filipe Melo. Foi depois de ter visto a peça que o músico partiu para a composição de “Águas Mil”, que procura seguir em linha com o tom do espectáculo. “Acho que [a peça] é importante, porque chegámos a uma altura em que estão a acontecer coisas que eu não imaginei que fossem possíveis. Eu tenho sempre a ideia de que as novas gerações são mais sofisticadas, mais inteligentes, mais informadas, e eu continuo a achar que isso é verdade, daí eu acho que ainda é mais importante, nesta fase, acontecerem peças com uma mensagem como esta: que os velhos fascistas estão aí outra vez e já não são só velhos.”

A Madrugada que Eu Esperava conta também com a participação de Salvador e Luísa Sobral, Rita Rocha e Diogo Branco, protagonista no papel de Francisco. A peça homónima ainda está em cena no Maria Matos até 28 de Abril, seguindo depois para o Porto.

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