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A Filho Único salva as nossas Noites de Verão

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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As Noites de Verão da Filho Único, nos meses de Julho e Agosto, são um oásis de concertos numa altura do ano em que a música ao vivo começa a desaparecer da cidade, secada pelas férias e os festivais. Com entrada livre e início todos os dias pelas 19.30, arrancam esta sexta-feira no Jardim dos Coruchéus e por lá continuam até ao fim de Julho. Em Agosto passam para o Museu do Chiado.

A fórmula não é nova e a ideia destas Noites de Verão tem-se mantido a mesma ao longo dos anos, com alinhamentos notáveis e eticamente coerentes, mas esteticamente diversos, onde jazz, diferentes manifestações folk, electrónicas e música mais experimental se sucedem.

Mas há sempre diferenças. Das mais óbvias, como o facto de há dois anos a iniciativa ter saído para fora dos muros do Jardim das Esculturas do MNAC durante Julho, começando no Palácio Pombal, em 2016, e passando para o Jardim dos Coruchéus (“um pequeno oásis”, chama-lhe André Ferreira, da Filho Único) no ano passado e este ano; às que não serão perceptíveis para a maioria, como o facto de a iniciativa, actualmente, ter outra importância para a agência e promotora, que tem vindo a fazer menos concertos em Lisboa.

“A cidade mudou desde que nós começámos, há dez anos, e hoje sentimos que a programação regular de música está bem tratada, por isso fazemos menos coisas. Só temos sempre a residência no Lounge, de que temos muito orgulho, aquela mostra mesmo embrionária de gente de cá”, assume André. “As Noites de Verão acabam por servir para concretizar velhos sonhos, é a altura em que podemos receber gente que andávamos há muito com vontade de trazer cá.”

Repita-se que a primeira Noite de Verão de 2018, no Jardim dos Coruchéus, é já na sexta-feira, com o guitarrista Norberto Lobo a liderar um trio com Ricardo Jacinto no violoncelo e Marco Franco na bateria. Ou seja, três quartos da banda que gravou este ano o álbum Estrela, algures entre a muzak e o jazz. Música de conforto.

A coisa aquece para a semana com os Equiknoxx, colectivo jamaicano de dancehall digital e estranho. Uma música tão precisa como preciosa, que em Lisboa será servida por Gavsborg e Time Cow, a erguerem a base instrumental, e Shanique Marie, a emprestar a voz à música e à festa.

A 20 de Julho é a vez de Lena d’Água e a Banda Xita. O concerto surge no seguimento do trabalho começado no início do ano na ZDB, onde Primeira Dama, vulgo Manel Lourenço, cabecilha da Xita Records, se encontrou com Lena d’Água, nome marcante da pop-rock portuguesa. É um reencontro que parece óbvio, só que não. “Perguntei ao Manel e eles queriam trabalhar sobre o que correu menos mal, e melhorar o que correu fixe na ZDB”, explica o programador. “E o convite é que voltou a reactivar isto. Porque ele estava a fazer outras coisas, ela também. Mas entretanto acharam que não estava tudo dito, tudo feito”.

Na última noite no Jardim dos Coruchéus, a 27 de Julho, há um concerto Mark Ernestus’ Ndagga Rhythm Force. Programar este projecto de mbalax fantasmagórico, que junta o inovador minimalista Mark Ernestus a um grupo de músicos senegaleses, era um daqueles sonhos antigos da Filho Único.

A festa continua no Museu do Chiado durante as sextas de Agosto. A 3 de Agosto actua a cantora/compositor folk irlandesa Brigid Mae Power. Apresenta o álbum deste ano, The Two Worlds. A 10 de Agosto é a vez do português Rafael Toral revistar o álbum Wave Field, reeditado este ano pela venerável Drag City. A 17 de Agosto é a vez de Sallim, cantora portuguesa de uma pop onírica e aérea, revelar com que linhas se cose o segundo álbum em que se encontra a trabalhar. Por fim, a 24 de Agosto, com um set de Barre Phillips, seminal contrabaixista de free jazz, a trabalhar na área desde a década de 60. E para o ano há mais.

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