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A loiça a peso da Maria Atarefada mudou-se para Benfica

Escrito por
Francisca Dias Real
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À terceira é em Benfica, mas pode não ser de vez. A loja de loiça Maria Atarefada nasceu na Lapa, mudou-se para Campo de Ourique e agora para Benfica – as mudanças são estratégicas mas a estrela da casa é sempre a mesma, a loiça a peso. 

Taças, pratos, jarros, travessas ou saladeiras, veio tudo atrás nesta terceira vida da loja de bairro que continua a ser negócio familiar, um jogo de amores entre mãe e filha, Maria e Carolina Alcoforado. “Considero que estas lojas têm o seu tempo de validade nos sítios onde se instalam porque depois as pessoas têm tudo, deixam de ter espaço em casa e torna-se cansativo”, diz Carolina. “Fazemos estas mudanças estrategicamente, ou seja, estamos três anos num sítio e mudamos, tem acontecido assim, coincidência ou não. Há um tempo útil antes de as compras estagnarem.” 

Se em Campo de Ourique a clientela já era diferente dauquela da Lapa, em Benfica as coisas também mudam. “É engraçado porque Benfica tem este encontro de gerações: se por um lado há gente mais velha que ainda mora aqui, tens uma população mais jovem a invadir o bairro ultimamente”, explica Carolina. “O tipo de comércio aqui é diferente ainda. Não queríamos um grande centro de compras, queríamos um bairro"; acrescenta, notando que aqui há "espírito de comércio tradicional e vontade das pessoas em fomentar negócios de rua”. 

Inês Félix

À primeira vista, o novo espaço parece pequeno, mas esconde um piso subterrâneo com áreas desafogadas onde expõe grande parte da loiça que não é decorativa. Muitos dos móveis que servem de suporte às loiças, incluindo o imponente balcão de entrada, foram restaurados pela dupla – e por muito que alguma clientela tente comprar, não estão para venda. 

As loiças (3,5€/kg-12€/kg) são sobretudo utilitárias, mas sempre com um quê de anti-tédio, e vêm de fábricas de todo o país que Maria percorre para escolher as colecções que quer ter na loja. “Só vendemos o que é português, não fazia sentido de outra forma. E temos os nossos fregueses a visitar-nos sempre à procura de novidades”, diz Maria. 

Mãe e filha não deixam que nenhum cliente saia sem uma ajudinha na hora da compra ou da vistoria à cerâmica – querem distinguir-se por terem um atendimento personalizado. “Os clientes para nós não têm números, têm nomes, preocupações e dúvidas e nós estamos cá para ajudar no que for preciso”, refere Carolina.

Inês Félix

Acredite ou não, as vendas disparam durante a noite. À porta fechada. “Caricato? É, sem dúvida, mas temos esta particularidade que não conseguimos explicar que faz com que as pessoas nos deixem papelinhos debaixo da porta a pedir para reservar esta ou aquela peça”, explica Maria. “Deixamos a luz acesa durante a noite, isso chama a atenção – e as montras ajudam –, as pessoas passam, veem e fisgam uma peça. Depois deixam-nos mensagens nas redes e em papel, à antiga.” O gasto na conta da luz ao final do mês compensa em relação ao que conseguem aviar durante a noite, confessam mãe e filha. 

Já tentaram alargar o negócio e ter outras coisas além da loiça, mas a clientela é fiel e não foi em cantigas. Vão tendo as toalhas de mesa com as composições da loja que acabam por vender a quem gosta de replicar as criações expositivas. 

A Maria Atarefada já “enloiçou” uma série de restaurantes em Lisboa, já ajudou turistas a tornar a casa mais agradável no outro lado do mundo e continua a ajudar empresas de catering que procuram mais do que os “mesmos conjuntos de servir de sempre”, diz Maria. Quase sete anos depois, a Maria Atarefada está de boa saúde e as donas continuam sem mãos a medir – atarefadas portanto.   

Avenida do Uruguai,19B. Seg-Sáb 10.00-19.00.

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