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A Microsoft ambiciona fazer de “cada ecrã uma Xbox”

A nova estratégia para os videojogos da empresa norte-americana é ambiciosa e ultrapassa as velhas consolas. Analisamos o novo posicionamento da Xbox.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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É por causa da Microsoft, e em particular da sua Xbox, que os videojogos são o que são: um negócio multimilionário, que transcende e abafa todos os outros sectores culturais e disputa protagonismo com a indústria desportiva. Nada disto teria sido possível sem o trabalho pioneiro da Nintendo; nem a aposta em novas experiências imersivas e narrativas da Sony, que meteu os comandos nas mãos de um público mais velho. Não obstante, foi a entrada em cena da Xbox que, em 2001, deslocou o epicentro da indústria – dominada até então por empresas japonesas – para ocidente e cimentou o estatuto mainstream dos videojogos. Agora, a Microsoft pretende voltar a mudar as regras dos jogos, fazendo de “cada ecrã uma Xbox”, nas palavras Sarah Bond, a presidente da empresa.

A ideia não é enfiar ou ligar uma consola – até agora, aquilo que a Xbox era para a maioria – a cada ecrã. A estratégia passa pela internet, que tornará possível, por um lado, o streaming de videojogos, tornando obsoletas as consolas que conhecemos, a médio prazo. Por outro lado, e no imediato, a solução consiste em adaptar e vender noutras plataformas os títulos que até agora eram exclusivos da Microsoft. Uma decisão polémica, contrariando a lógica que até agora regia o sector, em que cada fabricante de hardware tentava garantir o maior número e os melhores exclusivos, forçando os jogadores a comprar esta ou aquela máquina. E a Microsoft passou os últimos anos a absorver estúdios independentes para garantir que as Xboxes eram as consolas escolhidas.

É possível que tenha sido uma dessas aquisições, demasiado ambiciosa, que os forçou a mudar de política. Em Outubro, a multinacional sediada em Redmond, no estado de Washington, completou a compra da Activision Blizzard, uma das maiores empresas de jogos do mundo, por quase 70 mil milhões de euros – mais do que a Walt Disney pagou pela 21st Century Fox, por exemplo. O negócio levou quase dois anos a ser aprovado pelas autoridades da concorrência dos vários países e blocos económicos, e os analistas sugerem que, durante esse período, alguns investidores terão começado a questionar a decisão. A exportação de certos títulos para outras plataformas é uma forma de aumentar o potencial número de consumidores sem ser preciso vender mais consolas.

O primeiro título a saltar para fora da cerca da Xbox e a chegar à Switch e às PlayStation 4 e 5, logo a 22 de Fevereiro, foi Pentiment, um RPG (role-playing game, ou jogo narrativo) da Obsidian, uma das mais celebradas produtoras do género. Com alguns pontos de contacto com O Nome da Rosa, de Umberto Eco, a história passa-se no século XVI, um período tumultuoso no Sacro Império Romano-Germânico, pautado pela reforma protestante. A sua estética arrojada pisca o olho à tecnologia e à produção artística da época. Seguiu-se, no final de Março, apenas na PlayStation 5, Hi-Fi Rush, um dos mais elogiados títulos de 2023, que combina acção e coordenação rítmica, com uma banda sonora povoada por nomes do rock como Fiona Apple, The Black Keys ou The Flaming Lips.

Este mês, há mais dois títulos a caminho. O primeiro, Grounded, chega às consolas da Sony e à Switch na terça-feira, 16 de Abril. É uma espécie de Querida, Encolhi os Miúdos em que cabe ao jogador garantir que as miniaturizadas crianças sobrevivem no quintal da família. Segue-se, a 30 de Abril, só na PlayStation 5, Sea of Thieves, da Rare – um dos primeiros estúdios adquiridos pela Microsoft, logo em 2002, até então próximo da Nintendo. Este jogo de piratas online está disponível na Xbox One há meia dúzia de anos, sem perder a popularidade. Desde então, foi alvo de sucessivas actualizações e acrescentos, incluindo expansões inspiradas nos Piratas das Caraíbas, da Disney, e na franquia Monkey Island, da LucasArts. E isto é só o começo.

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