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A música erudita vai tocar no Lux

Escrito por
Clara Silva
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Levar a música clássica para a pista de dança do Lux é o objectivo das novas noites A Boca do Lobo, que começam na quinta-feira. Falámos com Martim Sousa Tavares, o curador.

Podia ser na Gulbenkian, no São Carlos ou no CCB. Desta vez, Viagem de Inverno, peça de Schubert para voz e piano, será interpretada na Boca do Lobo, no Lux Frágil, a discoteca mais famosa da capital. A ideia é precisamente essa, tirar a música erudita dos sítios em que costuma estar, descontextualizar.

Martim Sousa Tavares, de 28 anos, é o curador. Descreve-se como um “jovem frustrado e um bocadinho impaciente com a falta de capacidade de a música clássica conseguir ser uma arte do seu tempo e de estar em diálogo com os temas que nos interessam hoje em dia”, diz. “Está refém de ser uma coisa muito contemplativa, associada a um elitismo e formalismo. Não tenho paciência para isso.”

O músico, maestro da Orquestra Sem Fronteiras, que tem como objectivo promover a música clássica no interior do país e em zonas de difícil acesso à cultura, foi desafiado por Pedro Fradique, do Lux, a criar uma temporada de música clássica na própria discoteca.

O arranque, esta quinta-feira, dá-se com Viagem de Inverno, com voz do sul-africano Martin Mkhize, piano de Mirka Sefa, do Kosovo, e pintura ao vivo do artista cabo-verdiano Fidel Évora. “[O texto] é sobre a errância, sobre alguém que sai de casa e nunca chega ao sítio onde o esperavam, que não sabe para onde está a ir”, explica Martim. “Uma metáfora muito poderosa para pensar no tema das migrações, dos que viajam sem saber se chegam ao lado de lá e sem saber se regressam.” As 24 telas que serão pintadas por Fidel Évora durante o primeiro concerto (uma por andamento) vão estar à venda no fim da noite e as receitas serão doadas à ONG de apoio a imigrantes LAR.

O ciclo de seis concertos vai até Junho, na terceira quinta-feira de cada mês, abordando temas como a desigualdade de género ou a ecologia. “Não é uma alfinetada à Gulbenkian ou ao São Carlos”, diz Sousa Tavares. “É mais uma forma de estar. A música clássica precisa de rejuvenescer e de sair da sua própria casca.”

Quinta, 22.00-00.00, no Lux Frágil (Santa Apolónia). Bilhetes a 12€, à venda na Ticketline

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