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Casa das Histórias
Joana Freitas

“A relação entre a família de Paula Rego e a Câmara de Cascais é perfeita”

A Câmara de Cascais reforçou o acervo da Casa das Histórias de Paula Rego, pouco depois de notícias darem conta do seu possível esvaziamento. As telas mostram-se agora na exposição “Histórias de todos os dias. Paula Rego, anos 70”.

Joana Moreira
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Joana Moreira
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“É um dos grandes momentos da programação da Casa das Histórias desde o seu início”, diz o presidente da Fundação D. Luís I, a entidade responsável pela gestão dos equipamentos culturais da Câmara de Cascais, que inclui a Casa das Histórias Paula Rego (CHPR). Dias antes da inauguração de “Histórias de todos os dias. Paula Rego, anos 70”, que será a 5 de Novembro, Salvato Teles de Menezes conta à Time Out sobre a mostra que é também a primeira oportunidade para ver as únicas pinturas do acervo da CHPR – no museu, inaugurado em 2009 e desenhado pelo arquitecto Souto de Moura, há muito que só existiam gravuras e desenhos.

Em Setembro, negociações entre a Câmara Municipal de Cascais e a família da pintora portuguesa resultaram na aquisição de uma pintura e na doação de outras duas. A autarquia comprou a pintura The Exile (1963), por 240 mil euros, e recebeu em doação as obras Day e Night (1954), da colecção da família da pintora.

A compra aconteceu “em paralelo” com a organização de uma nova exposição dedicada ao conjunto de obras produzidas pela pintora nos anos 70, e que fica no museu até 21 de Maio. “Não é uma época que esteja muito estudada e que haja muitas exposições que lhe tenham sido dedicadas. Pareceu-nos muito oportuno articular estas duas coisas e aproveitar a inauguração para mostrar a obra que adquirimos”, explica Salvato Teles de Menezes à Time Out. Mostra-se também The Circus (1961/1962), pintura recentemente adquirida por um coleccionador privado que quis manter o anonimato, e que vai ficar em depósito na Casa das Histórias durante dez anos.

"Isto vai nos permitir também mostrar aquilo que era uma evidência para os amigos da Casa das Histórias e que a frequentam, que é que a relação entre a família e a Câmara Municipal de Cascais e a Fundação D. Luís I é perfeita”, diz, referindo-se à notícia do jornal Expresso que, em Julho, um mês depois da morte da artista, dava conta de que o futuro do centro dedicado à obra de Paula Rego estava “em risco” de perder relevância. Isto na sequência das pinturas que se encontravam em regime de empréstimo na CHPR terem sido retiradas. "Essas notícias curiosamente levaram a que alguns coleccionadores privados tivessem manifestado interesse em disponibilizar as suas obras para ficarem em depósito na Casa das Histórias”, revela Salvato Teles de Menezes, também membro da comissão paritária responsável pela actividade da Casa das Histórias Paula Rego, em conjunto com Nick Willing, filho da pintora. “Entendi isto como um acto de solidariedade”. Segundo o presidente da Fundação D. Luís I, “nunca houve nem haverá qualquer problema na relação entre a Câmara de Cascais, a Fundação D. Luís I e a família [de Paula Rego]”.

Depois da morte da pintora, em Junho, têm aumentado o número de pedidos de empréstimo de obras na CHPR. Aliás, a recém-chegada The Exile já foi solicitada para um museu em Istambul, na Turquia, que prepara uma grande exposição dedicada a Paula Rego no final do mês de Dezembro. O museu requisitou também a tapeçaria Batalha de Alcácer Quibir (1966), e ainda uma tela que está em depósito em Cascais, intitulada Na Praia/On the Beach (1985)

Por isso, depois da exposição, que acaba em Maio, ainda não é certo que as únicas telas do acervo da CHPR fiquem visíveis ao público. "Ainda não tomámos nenhuma decisão sobre esta matéria", diz o presidente da Fundação D. Luís I. "Teremos de analisar."

The Exile é a primeira pintura adquirida pela autarquia para o acervo da CHPR, composto por cerca de 600 gravuras e desenhos. "Na colecção da CHPR, da propriedade da Câmara Municipal de Cascais, passam a existir três telas, The Exile, Day e Night, que foram oferecidas pela família, mais a [The Circus] que o colecionador comprou e que cede durante dez anos, bem como outras que já lá estão. São cerca de 11 telas que estão em depósito, de colecionadores privados, que estão lá em depósito e que nós utilizamos quando é necessário para as exposições que vamos organizando”, resume Salvato Teles de Menezes, que admite estar a estudar a compra de outras obras da artista.

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