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50 anos 25 de Abril
© Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril

Abril começa agora, com exposições, debates e espectáculos

O programa oficial das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril foi apresentado esta quarta-feira. As iniciativas decorrem até 2026.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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A democracia portuguesa cumpre 50 anos em 2024 e o país prepara-se para recordar, partilhar, aprender, ensinar, pensar, debater e celebrar Abril. Estas são as palavras de ordem do programa de festas, apresentado esta quarta-feira, 7 de Fevereiro, no Teatro Thalia. “Consideramos que preservar a liberdade e a democracia é um dever de todos. Por isso, pretendemos que 2024 seja um ano de festa e de evocação, mas também de aprendizagem, de reflexão e de acção”, afirma a comissária executiva, a professora e historiadora Maria Inácia Rezola, citada em comunicado. “Todos têm lugar e todos são necessários.”

Entre as iniciativas organizadas pela própria Comissão, que procura conciliar a evocação da história – da memória da resistência e da Revolução – com a reflexão sobre o futuro, destaca-se desde logo o lançamento de uma linha concursal para a atribuição de bolsas de criação literárias, dedicadas a ensaios sobre o 25 de Abril de 1974, com uma duração de seis meses e uma dotação global de 60 mil euros. Estes apoios somam-se à segunda edição do programa “Arte pela Democracia”, que está prestes a arrancar, e aos projectos promovidos ainda em 2023 – tudo junto, mobiliza um total de 3,4 milhões de euros.

Já sob o mote 50xTodos, além de disponibilizar online um conjunto de recursos de uso livre, a Comissão criou também a Agenda 25.04, uma ferramenta colaborativa que permite aos municípios, organismos estatais e às mais variadas organizações da sociedade promoverem as suas iniciativas num único sítio. Para isso, basta submeter os eventos que, após análise, ficam disponíveis para consulta pública – quem procura saber o que vai acontecer, poderá fazer uso de três filtros diferentes (tipo de evento, localização e data), bem como fazer uso da ferramenta de pesquisa por palavras-chave.

As comemorações – que na verdade se iniciaram em 2022, ano em que passámos a ter mais dias de democracia do que aqueles que vivemos em ditadura – vão prolongar-se até Dezembro de 2026, quando se cumpre, por um lado, 50 anos da aprovação da Constituição da República Portuguesa; e, por outro, 50 anos do ciclo eleitoral que decorreu ao longo do ano de 1976 – as primeiras eleições legislativas, as primeiras presidenciais, as primeiras regionais nos Açores e na Madeira, e as primeiras autárquicas.

Das exposições à educação

Como ponto de partida, a Comissão propõe acções para “Recordar e partilhar” (exposições, dossiês multimédia e campanhas evocativas), “Aprender e ensinar” (projectos educativos), “Pensar e debater” (colóquios e publicações) e “Celebrar” (artes, espectáculos e cerimónias). Por exemplo, no âmbito do primeiro eixo, foram produzidas várias exposições itinerantes para ceder em formato itinerante, com disponibilização gratuita dos respectivos conteúdos e orientações gráficas para montagem; e estão ainda previstas três outras grandes exposições, duas das quais poderão ser vistas em Portugal.

A exposição “O Movimento das Forças Armadas e a construção da democracia” vai estar patente na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, entre Abril e Julho, e será dinamizada através de visitas guiadas, conferências, debates e espectáculos. Já “De Abril a Abril: 50 Anos, 50 indicadores de mudança”, desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Estatística, será itinerante e percorrerá todo o país, mas tem inauguração marcada para 1 de Abril, no Porto. Mas haverá muito mais para ver, inclusive na capital, como “Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário”, que inaugura a 9 de Maio no Museu Nacional de Etnologia.

No que diz respeito ao segundo eixo, focado na educação, a Comissão e a MyPolis, uma plataforma para trazer a participação cívica para o século XXI, associam-se a mais de 20 autarquias para promover um movimento de inovação para a democracia participativa nos seus territórios. Será ainda lançado um curso para professores e um concurso para fomentar o gosto pela História de Portugal em crianças e jovens dos 10 aos 19 anos, bem como campanhas e intervenções em escolas por todo o país, que também vão chegar ao resto da população. É o caso, por exemplo, da iniciativa “A minha liberdade é de todos”, que vai convidar os portugueses a transformarem o lápis azul usado pela censura num símbolo da liberdade de expressão e a co-criarem um mural digital, que será tornado público no dia 25 de Abril.

Uma sondagem, um colóquio e uma colecção

Na hora de pensar e debater, a Comissão não só vai lançar várias linhas concursais, de apoio quer à criação artística quer à investigação, como se propõe a perceber qual é a percepção dos portugueses sobre a democracia e os legados do 25 de Abril. Coordenado por Pedro Magalhães, investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o estudo “Os portugueses e o 25 de Abril” e os seus resultados vão ser apresentados a 19 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian. Além disso, destaca-se ainda o Congresso Internacional 50 anos do 25 de Abril, que terá lugar entre 2 e 4 de Maio, na Reitoria da Universidade de Lisboa, e o regresso do Festival Política, que em Lisboa se realiza entre 3 e 5 de Abril.

Já para celebrar, além de ter desafiado companhias de teatro que nasceram ou se consolidaram no período da Revolução a criar espectáculos ou a reporem produções, a Comissão vai evocar o Encontro da Canção Portuguesa, que se realizou no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 29 de Março de 1974. “Este acontecimento será revisitado a 22 de Março, no Cineteatro Capitólio, com um espectáculo que reunirá músicos que actuaram no evento e músicos de gerações posteriores, e que será complementado com debates”, lê-se no comunicado da Comissão, que também destaca “Abril Abriu”, ciclo programático do Teatro Nacional D. Maria II, com arranque programado para 27 de Março.

A madrugada que esperámos

A programação completa está disponível online para consulta, mas “a festa estará em pleno” nos próximos dias 24 e 25 de Abril, com a evocação do início das operações militares que, há 50 anos, conduziram ao derrube da ditadura, nomeadamente através dos eventos que estão a ser preparados pelos municípios nacionais, como Lisboa e Porto. O conjunto de iniciativas inclui concertos e videomapping, reconstituições históricas, desfiles pelas ruas e paradas militares. Em Lisboa, as iniciativas vão decorrer sobretudo na Avenida da Liberdade e no Terreiro do Paço.

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