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Alerta super-heróis: em Outubro há mais uma prova do Ironman em Cascais

Todos os anos, a corrida de mais de 226 quilómetros atrai milhares de pessoas à vila. Correr, nadar e pedalar: eis a força do Ironman.

Escrito por
Ricardo Farinha
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Para muitos, é um dos melhores super-heróis da Marvel. Para outros, é a mais desafiante prova desportiva do mundo. Falamos do Ironman, a competição de triatlo que nos últimos anos se tornou um marco em Cascais – e que está de volta já no dia 21 de Outubro. Ao todo, são 140.6 milhas 226.3, se falarmos em quilómetros que se dividem entre natação, corrida e ciclismo. Tão física quanto psicológica, é descrita pelos amantes da modalidade como uma prova de superação inigualável, onde a determinação é a característica mais importante.

O Ironman nasceu no Havai. Corria o ano de 1977 e entre os diferentes desportistas (e clubes) do arquipélago surgia uma inquietação: afinal, quem eram os que estavam em melhor forma? Há anos que se discutia se eram os atletas de corrida ou os nadadores. Mas numa cerimónia de prémios, um comandante da marinha chamado John Collins lembrou-se de dizer que era um ciclista que detinha o recorde de maior consumo de oxigénio alguma vez registado. O que significava que talvez fossem os ciclistas os melhores de todos. Ora, Collins e outros atletas presentes naquele evento já tinham participado em provas de triatlo. Não demorou muito até o militar sugerir resolver o debate de uma vez por todas, com uma derradeira competição. Juntavam-se as três provas mais importantes da ilha de O’ahu os 3.9 quilómetros da Waikiki Roughwater Swim, os 185 quilómetros da Around-Oahu Bike Race e os 42 quilómetros da maratona de Honolulu e chegava-se a uma prova que só os atletas mais incríveis conseguiriam vencer. “Quem acabar em primeiro, vamos chamar-lhe o Ironman”, sugeriu Collins.

E foi assim que, logo em 1978, decorreu a primeira edição, com 15 atletas. Gordon Haller, um especialista de telecomunicações da marinha, foi o primeiro Ironman do planeta. Hoje, o Ironman é uma competição global, com provas oficiais em dezenas de países, cujos vencedores se podem qualificar para o campeonato do mundo da modalidade, que naturalmente acontece todos os anos no Havai. 

A vez de Cascais

A história de amor entre Cascais e o Ironman começou em 2017. Para que uma localidade possa acolher uma prova oficial da competição, tem de receber durante três anos o chamado “half”, que reduz para metade a distância percorrida pelos atletas, ficando-se pelos 113.13 quilómetros. O termo oficial é 70.3, o número equivalente em milhas. O evento foi desde o início um tremendo sucesso. Com 2174 atletas inscritos na primeira edição, Cascais bateu o recorde mundial de participação numa prova de estreia da marca Ironman.

Tal como no Havai, os participantes podem desfrutar da beleza natural e do património histórico na zona de Cascais. “Durante a prova passa-se pelo centro de Cascais, pela Serra de Sintra, dá-se uma volta pelo Autódromo do Estoril, segue-se pela Marginal em direção a Lisboa… É um grande passeio”, argumenta João Pinto Coelho, que já participou em vários Ironman e fez o “half” em Cascais, sendo ele diretor comercial do Onyria Quinta da Marinha, o hotel oficial da competição.

IRONMAN
Nigel Roddis

 

“Esta é também uma forma de mostrar este destino inesquecível, ganham-se muitos embaixadores pelo mundo fora”, explica. De acordo com os dados da organização, mais de 40% dos atletas ficam hospedados pelo menos duas noites em Cascais. E mais de 30% trazem dois ou mais acompanhantes normalmente aproveitam a viagem para uns dias em família. “Atrai um público que não conhecia Cascais, fora dos mercados tradicionais”, defende Pinto Coelho sobre a importância de a vila receber o Ironman todos os anos. Em geral, são pessoas com poder de compra elevado, que também procuram os restaurantes ou as lojas da vila. O impacto económico rondou os 20 milhões de euros em 2022, com mais de 4500 participantes provenientes de 102 países. Todas as edições têm tido uma adesão maior do que a anterior.

Em 2023, a prova está marcada para 21 de Outubro, quando as temperaturas estão mais amenas. Os atletas nadam entre a baía de Cascais e a Praia do Tamariz. Já o percurso de bicicleta prolonga-se desde Belém até à Malveira da Serra, percorrendo toda a Avenida Marginal e a parte da Serra de Sintra que pertence ao concelho de Cascais, transitando entre mar, cidade e campo. O trajeto de corrida acontece todo dentro da vila. Há sempre milhares de pessoas a assistir, neste evento desportivo que transforma completamente a vida da região durante um dia.

As inscrições estão esgotadas no site oficial do Ironman (com preços a começar nos 650€)  mas esta é uma prova que requer uma preparação física bem planeada, como explica João Pinto Coelho. “Participar no Ironman é superar um limite que uma pessoa não acreditava ser possível. Para uma prova de full-distance, normalmente começa-se a preparar com um ano de antecedência. Para quem faz a estreia, parece um objectivo impossível e conseguir alcançá-lo gera sentimentos realmente difíceis de explicar. É uma realização muito grande. E tem complementos muito importantes para todas as dimensões da vida: o trabalho com continuidade e consistência, a questão psicológica, a vertente alimentar, são ensinamentos fundamentais.”

Enquanto hotel oficial do Ironman, o Onyria Quinta da Marinha rapidamente se enche nos dias em torno do evento. Não só recebem os atletas e as suas famílias ou amigos, como contribuem para toda a preparação. Por exemplo, os participantes que lá ficam hospedados recebem uma autorização especial para nadar no lago da unidade, de forma a poderem treinar antes da prova. Também há formações com especialistas que partilham os seus conhecimentos: desde como abordar certa parte da competição até à maneira como se deve colocar um creme, passando pela nutrição, montagem de bicicletas ou as tão importantes massagens. “Desde o início que chegámos a um acordo bastante rápido com eles. Tínhamos todo o interesse em estarmos associados a uma marca como esta, com estes valores de superação e trabalho contínuo. O nosso Director-Geral de Operações, o Paulo Figueiredo, até já tinha participado no Ironman antes de ele vir para Cascais. Eu já gostava muito de correr e fui desafiado quando a competição veio para cá, comecei a participar também.”

Em média, um atleta demora qualquer coisa como 12 horas e meia a completar a prova. É uma competição muito exigente, para que muitos olham como um objetivo de longo prazo. Afinal, fazer 226 quilómetros a nadar, correr e a pedalar não é para todos. Ou pelo menos parece não ser. Há quem diga que o foco necessário é quase um super-poder. Talvez devamos mesmo falar em super-heróis quando pensamos no Ironman.

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