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Alt-J este sábado na Altice Arena

Escrito por
José Carlos Fernandes
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“Pop da era da internet”: foi assim que o Daily Telegraph rotulou Relaxer, o terceiro álbum dos Alt-J. No jornal britânico esta menção tinha intenção elogiosa, mas ela pode também ser interpretada em sentido negativo: como pop de uma era em que campeia um eclectismo que, na sofreguidão de tudo querer abarcar, acaba por descobrir-se sem centro nem alma; música de um tempo em que a ilusão de já ter visto e compreendido tudo conduz a uma postura blasée e sarcástica.

É possível que a reacção a Relaxer acabe por ter determinante geracional: os “nativos digitais” tenderão a deixar-se seduzir pelas suas múltiplas facetas e desconcertantes hibridações. Ouvintes mais velhos poderão achar excessiva a dispersão e ficar irritados pelo tom de mofa que permeia todas as canções, como se, no mundo da pós-verdade, nada merecesse ser levado a sério. Quando no final de Relaxer, após sete canções pós-pós-pop, que se deleitam no name-dropping e troçam de si mesmas e da própria ideia de canção, surge “Pleader”, um hino com arranjos imponentes a cargo da London Metropolitan Orchestra e do coro de rapazes da Catedral de Ely, é provável que ninguém se deixe arrebatar e se limite a apreciar, clínica e cinicamente, o engenho com que está construída. 

Engenho não falta aos Alt-J e ele ajuda a explicar que os dois primeiros CDs, An Awesome Wave (2012) e This Is All Yours (2014), tenham vendido dois milhões de exemplares – um número que nem parece ser da “era da internet”.

Alt+J Altice Arena. Sábádo 20.30. 39€-47€

+ Este é um dos concertos da semana. Descubra os outros.

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