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Nos Alive 23
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Álvaro Covões no arranque do NOS Alive: “Venham cedo. A música começa às cinco”

Com 55 mil pessoas esperadas por dia (a organização prevê esgotar a única data para a qual ainda há bilhetes, sábado), o festival anuncia mais um “pequeno gesto” em nome da sustentabilidade: aproveitamento de lixo orgânico para compostagem.

Hugo Torres
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Hugo Torres
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O NOS Alive está prestes a abrir portas – ou melhor, o pórtico – aos festivaleiros. Entre esta quinta-feira e sábado, a organização conta receber 55 mil pessoas por dia no Passeio Marítimo de Algés, num total de 165 mil entradas. É o limite da capacidade do festival, que vai para a 15.ª edição. Os dois primeiros dias estão esgotados há muito, e para sábado “já há poucos bilhetes”. Álvaro Covões, dono da promotora Everything Is New, está convencido de que o terceiro dia terá também ocupação máxima. O que o preocupa, na véspera do arranque do festival, é outra coisa: as horas.

“Uma das coisas que temos reparado é que muitas pessoas chegam às oito, oito e meia. A música começa às cinco. Por exemplo, no sábado, King Princess, que é uma banda fabulosa, é no [Palco] Heineken às seis e meia. Muita gente vai perder”, alerta Covões, durante uma visita ao recinto. “Venham cedo. Aproveitem o festival”, sublinha. “Esta mensagem é muito importante, porque às vezes os portugueses não têm esse espírito organizado como os nórdicos. Vamos e depois, quando chegamos: ‘ei, nem sabia que isto começava mais cedo!’.” O promotor sugere ao público que “rentabilize” dessa forma o valor do bilhete. “Este ano, o palco Coreto tem uma zona muito maior, com muito mais esplanadas. Temos todas as condições para que todos possam estar aqui muitas horas.”

Com sete palcos distribuídos pelo recinto – onde vai actuar um sem-fim de artistas, de Red Hot Chili Peppers e Black Keys a Ana Lua Caiano e Kelman Duran & Pedro da Linha; de Arctic Monkeys, Lizzo e Lil Nas X a Idles e Linda Martini; ou de Sam Smith, Queens of The Stone Age e Machine Gun Kelly a Rina Sawayama, Angel Olsen e Branko, num cartaz que volta a contemplar humoristas além de músicos –, as mudanças são poucas. Álvaro Covões compara o festival a um supermercado: quando se volta, é bom encontrar o que se procura nos mesmos sítios. Há – isso sim – um reforço no número de casas de banho, e o cuidado de acomodar convenientemente espectadores com mobilidade reduzida (diante do palco principal) e grávidas (já há 147 inscritas para aquele espaço, à direita do palco principal).

Existe, porém, uma novidade que o promotor quer partilhar, que tem que ver com o que diz serem os “pequenos gestos” necessários para tornar o mundo mais sustentável. “Este ano vamos ter pela primeira vez, e vamos ser o primeiro festival urbano a fazê-lo, um programa de aproveitamento de lixo orgânico para compostagem”, anunciou, recordando que o NOS Alive já tem uma política de combate ao desperdício alimentar, assim como aos brindes descartáveis, o que está directamente relacionado com o lixo produzido durante aqueles dias. “Já separamos o plástico, os metais; agora, o lixo orgânico. Vai ser importante e é muito útil para o futuro da humanidade”, observou. “A compostagem é fundamental para o equilíbrio da natureza.”

A sustentabilidade volta à baila em conversa com a Time Out. Recordando valores já noticiados no ano passado, que apontavam para um impacto económico do festival na ordem dos 20 milhões de euros por dia na região de Lisboa, Álvaro Covões admite que “será até mais”. Isso tem muito que ver com o número de estrangeiros que acorrem ao festival. Mas os turistas que vão ao NOS Alive não se comportam da mesma forma que a média dos turistas que visitam a cidade. “Sendo um festival urbano, é muito curioso ver o impacto no alojamento local, ou seja, o alojamento local veio substituir o campismo e, portanto, quando um país tem uma estratégia de qualificar o turismo, de ter turistas que gastem mais, é muito importante que os turistas não fiquem no parque de campismo e passem a ficar no alojamento local ou na hotelaria tradicional”, afirmou. “Hoje em dia o campismo quase não representa nada. Em 2007, chegámos a ter 6000 pessoas acampadas. Agora, sei lá, vamos ter 600, 700.”

Nesse sentido, o promotor lembrou o estudo feito no ano passado com a Nova SBE. Os resultados mostravam que “80% dos estrangeiros [que vão ao NOS Alive] ficam mais de cinco dias em Portugal, quando o turista em Lisboa fica dois, três dias. Isso é muito relevante, também para a sustentabilidade do turismo: se ficam mais dias, significa que aqueles quartos estão ocupados mais dias, portanto há menos gente a viajar”. Covões sabe, no entanto, que além do mercado externo o festival não deixa de depender da sua “notoriedade interna”. O cartaz recheado também é para português ver. “É isso que nos permite esgotar, termos casas cheias.”

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