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© Francisco Romão Pereira

Arte, street food e torneios de petanca: o Mīrārī e os novos finais de tarde da cidade

Tem sido um dos segredos mais bem guardados de Alcântara. Numa antiga fundição, nasceu o Mīrārī, uma esplanada generosa num cenário apocalíptico.

Mauro Gonçalves
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Mauro Gonçalves
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Através de uma passagem pouco iluminada entramos neste oásis urbano. O Mīrārī abriu no início de Junho e vive, em parte, do charme de uma fábrica quase em ruínas. A céu aberto, rodeada por paredes decrépitas e vegetação desregrada – num daqueles cenários em que a natureza claramente reclama o seu lugar –, encontramos a esplanada que quer animar os finais de tarde e noites da cidade. Entre copos, street food e até uma pitada de arte, a nova atracção lisboeta pode ser descoberta de quinta-feira a domingo.

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“É quase como uma alternativa a ir à praia”, começa por brincar Marina Mendes, uma de cinco sócios e porta-voz do espaço. “Queríamos realmente trazer alguma coisa que ainda não tem em Lisboa, esse espaço meio dinâmico onde a gente possa criar um ambiente de convívio despretensioso, muito ligado à arte”, continua.

Tudo começou com o espaço, um complexo industrial abandonado há mais de três décadas, agora destinado a transformar-se num empreendimento imobiliário. Enquanto as obras não arrancam – e se uma obra desta envergadura pode levar tempo a projectar e a licenciar –, parte do esqueleto da velha fundição é ocupado pelo Mīrārī. “A gente viu o espaço, uma ruína completamente tomada pela natureza, com mato por todos os cantos, e nos encantou. Então, nesse último ano, ficámos desenvolvendo o projecto para deixar ele com um aspecto mais cool. Acho que a gente conseguiu trazer um toque especial, tentando manter todo o aspecto de ruína e sem mudar muito do trabalho que a natureza fez.”

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O pátio divide-se em diferentes zonas – uma esplanada mais convencional, sofás para proporcionar maior conforto e até cadeiras de praia, estrategicamente aqui colocadas para proporcionar uma sensação de relaxamento e evasão. O bar serve o que os apetites ordenarem, incluindo vinhos naturais. Do lado da comida, a ementa continua em construção. Para já, conte com os recém-chegados (a Lisboa) Stack Smash Burgers, com as pizzas da La Matta, até aqui só servidas na Graça, e com as poké bowls da Aloha, outro dos exclusivos do Mīrārī e cortesia do Go A Lisboa. Como o Verão ainda agora começou, a lista não está fechada – Marina fala em comida asiática e numa banca de gelados, só para abrir o apetite.

Mas o mesmo espaço desdobra-se noutras áreas, entre elas, a música. Existe uma cabine preparada para, ocasionalmente, receber músicos e DJs, mas que serve também de posto de comando para a rádio que nasce por estes dias. “Através da rádio, a gente faz a curadoria musical no dia-a-dia. Vamos também lançar podcasts onde a gente pode fazer entrevistas com artistas, com DJs que vieram tocar aqui. A gente está trabalhando nas nossas próprias playlists para que o público também possa ter acesso a esse conteúdo. A gente fala assim que é um espaço de democratização da arte, e a música é uma parte”, adiciona.

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À entrada, há ainda espaço para uma pequena galeria dentro de portas, onde em breve os trabalhos do brasileiro Thiago Gadelha vai dar lugar a criações do português Pedro Batista. Na outra ponta do recinto, onde os velhos armazéns tomados por vegetação e restos de entulho foram deixados a descoberto, vedados apenas com rede, está a primeira intervenção de grande escala, um mural assinado pelo franco-congolês Kouka Ntadi.

Mas por aqui, os fins-de-semana, sobretudo os finais de dia, também se animam em torno do pequeno campo de gravilha. Destina-se à prática de petanca, jogo especialmente popular entre os franceses que por aqui param. O próximo passo? Começar a organizar torneios, mas sempre com os pés bem juntos.

O projecto abre-se a estas e a outras possibilidades, como também é o caso dos mercados que, pontualmente, assentam aqui arraiais. O próximo está marcado para o dia 15 de Julho e será dedicado a moda vintage e em segunda mão. Simultaneamente, por aqui, já se pensa também no Inverno, altura em que o foco passará a estar num armazém, esse sim, bem mais vocacionado para a pista de dança. Mas nada de saltar etapas. Por enquanto, o lugar do Mīrārī é ao sol.

Avenida 24 de Julho, 170 (Alcântara). Qui 16.00-00.00, Sex-Sáb 16.00-01.00, Dom 16.00-00.00

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