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‘Biohackers’: a nova aposta da Netflix ilumina o lado negro da ciência

A biotecnologia, a manipulação genética e a vingança ao retardador são os motores de ‘Biohackers’. Examinámos o novo thriller de ficção científica da Netflix.

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
Biohackers - Netflix
DRBiohackers - Netflix
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O fenómeno gerado à volta de Dark teve, entre outros, o mérito de nos lembrar o que já havíamos aprendido com a dinamarquesa Borgen: o inglês não é a única língua germânica em que se podem fazer séries viciantes. Aliás, vamos pôr o pescoço no cepo e atirar para cima da mesa uma verdade heterodoxa, quiçá inconveniente: a língua em que é escrita não interfere na qualidade da ficção. A prova é que, quando são introduzidos streaming dollars em produções feitas fora dos Estados Unidos ou do Reino Unido, o resultado enche o olho e o público adere na mesma. A aposta é que venha acontecer o mesmo com a série alemã Biohackers, cuja primeira temporada se estreia nesta quinta-feira na Netflix.

Biohackers é um thriller de ficção científica em que as suas personagens se sentem investidas de um poder divino – a ciência, em particular a biotecnologia e a manipulação genética. “A biologia sintética permite-nos ser criadores em vez de criaturas. Não é apenas o futuro da Medicina, mas da humanidade. É nossa responsabilidade criar o mundo do futuro. Vocês são os criadores de amanhã”, diz Tanja Lorenz (Jessica Schwarz, O Perfume – História de um Assassino) à sua turma de caloiros de Medicina, tentando entusiasmá-los. A professora é uma famosa bióloga, com uma bem sucedida empresa de inovação. É por causa dela que a protagonista, Mia Akerlund (Luna Wedler, Blue My Mind), decide estudar Medicina.

Quando a jovem estudante começa a travar amizade com os colegas da universidade, logo é apresentada ao mundo do biohacking, uma realidade sobretudo underground, a que as instituições respeitáveis resistem em aderir. De um biopiano, feito a partir de uma planta, até um rato que reluz numa cor verde, graças a uma proteína fluorescente, Mia tem muito com que se mostrar surpreendida e maravilhada. Tanto assim é que um dos amigos, Jasper (Adrian Julius Tillmann), acaba por a ajudar a integrar a equipa de investigação de Lorenz. E é aí que se percebe que a curiosidade de Mia não se circunscreve à ciência, mas está mais virada para as actividades que a renomada professora desenvolve de forma camuflada. Mia suspeita que Lorenz é culpada pela morte do irmão, vítima de uma experiência que correu mal.

As primeiras referências associadas a Biohackers antes da estreia têm sido Dark (pelo facto de a série ser falada em alemão) e Black Mirror (como passou a ser da praxe para histórias que explorem o lado negro da ciência). No entanto, há um outro título do catálogo Netflix que parece mais apropriado para emparelhar com esta nova série: Carbono Alterado. Biohackers pode ser vista como um preâmbulo para o universo cyberpunk desta. Falta saber qual é o alcance do visionarismo da professora Lorenz e a dimensão da conspiração em que está envolvida. Se ainda não é distópica, a realidade parece ser pelo menos trágica.

Ao leme da série está um showrunner inesperado: Christian Ditter. O realizador das comédias românticas Como Ser Solteira (2016) e Deixa o Amor Entrar (2014) move-se por terrenos desconhecidos e exigentes, com resultados ainda por apurar. O sucesso de Biohackers pode, aliás, influenciar a continuidade do cineasta alemão em projectos com o selo Netflix, uma vez que a série em que esteve envolvido anteriormente – Girlboss (2017), sobre a fundadora da Nasty Gal, Sophia Amoruso – foi cancelada ao fim de uma temporada.

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