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Boudoir
Gabriell Vieira

Boudoir: nesta loja a lingerie vintage salta à vista e as tatuagens complementam

A loja vintage ocupa o piso térreo do espaço, que é dividido com um estúdio de tatuagens de Françoise Tattoo no piso inferior. Para já têm também um atelier de costura a funcionar.

Escrito por
Francisca Dias Real
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Corpetes cor-de-rosa, luvas de noiva violeta, camisas de noite rendilhadas e robes acetinados – é como abrir o baú de um quarto de vestir feminino, daqueles de tempos idos, e fazer da lingerie a prata da casa. É nisso que assenta a Boudoir Vintage Boutique, uma loja nascida no online e que ganhou casa na Almirante Reis. O holofote aponta para a roupa íntima vintage mas há mais roupa em segunda mão, objectos de decoração e ainda um estúdio de tatuagem. 

Catarina Querido, nome sonante para quem era frequentador assíduo do antigo espaço Anjos70, já tem história neste mundo do vintage – além de ter encabeçado a associação, que deu por terminada a sua actividade no Verão passado, era também ela a organizadora da mítica Feira das Almas, que mais tarde veio a chamar-se Anjos 70 Art & Fleamarket (as próximas edições estarão para breve). É-lhe natural viver rodeada de achadões. 

“A coisa começou ainda eu estava nos Anjos, era eu também que organizava a feira mensal, e acabei por ter lá uma banca minha onde já começava a vender peças”, conta. “Sempre estive muito ligada a este mundo do vintage e comecei a sentir uma atracção especial por peças que não encontras em quase nenhuma loja vintage, como é o caso da lingerie”.  

Boudoir
Gabriell Vieira

Apesar desse carinho especial, Catarina confessa que “por motivos óbvios” as peças de roupa íntima vintage são sempre as que acabam por suscitar mais dúvidas à clientela, que acaba por optar por fast fashion na hora de escolher as peças de roupa interior.

Mas aqui a história é outra. O nome da loja remete, desde logo, para o cenário daquilo que nos tempos das monarquias era uma pequena sala que era usada por senhoras, para se vestirem sobretudo, e para passarem tempo, receberem visitas, escreverem ou bordarem – era assim que se caracterizava um boudoir. Mas no número 238A da Almirante Reis não há motivos rococó, dourados brilhantes ou mobiliário espampanante, a lingerie é mesmo a peça que mais brilha. 

A loja nasceu no Instagram, onde Catarina já fazia as suas vendas habituais, mas ter um espaço físico não lhe saía da cabeça. A Covid ajudou, apesar de infortúnio para uns, acabou por se tornar numa oportunidade para outros – foi o caso. O espaço onde agora se ergue a Boudoir fechou devido à pandemia e Catarina agarrou-o. “Sempre foi um interesse enorme que eu tinha, porque já nos eventos que eu fazia no Anjos70 sempre tive um lado mais sex positive e sensual, e comecei a ver que havia de facto um nicho por explorar”, explica. “Só faltava complementar a marca com um espaço físico e aconteceu”.

Corpetes acetinados na parede chamam a atenção, muitos deles tingidos por Catarina. “Eram de peças de noiva e são sempre naqueles tons pérola, então decidi dar um ânimo às peças”, diz, mostrando que fez a mesma obra de arte com umas luvas brancas de noiva e que agora, expostas na vitrine, são rosa e violeta. Outras tantas peças douram os charriots e as mesas, soutiens e cuecas de renda, robes de cetim, camisas de dormir, bralettes ou conjuntos, vale tudo. Também encontra inúmeros pares de collants de outros tempos, que “muita gente compra para coleccionar a embalagem vintage”.

Boudoir
Gabriell Vieira

“Grande maioria do que eu tenho aqui é lingerie vintage que nunca foi usada. Consegui ficar com stocks de lojas que nunca foram vendidos, tenho muito deadstock, e acabo por aproveitar peças que vêm do fecho de fábricas”, conta. “É tudo sobretudo dos anos 50, 60 e 70, coisas incríveis que nem parece que os anos passaram por elas”.

Mas a lingerie, apesar de uma peça chave do puzzle da Boudoir, não ocupa toda a loja. Se de um lado brilha a roupa íntima, do outro há outros tantos charriots cheios de roupa retro e em segunda mão – e até coisas por estrear –, das calças aos vestidos, dos sapatos às camisas, das malas aos acessórios, há de tudo. Inclusive peças de mobiliário e decoração que não estão lá só para compor, estão à venda também – o candeeiro ilustre ou o castiçal fosco. 

Boudoir
Gabriell Vieira

Catarina tem ainda uma zona dedicada a peças de designer e de grandes marcas que vende a preços simbólicos, em relação ao preço real de cada artigo.

As vendas no Instagram e no site da marca continuam activas, porque “há sempre clientes que não se podem deslocar à loja”, diz Catarina, que opta por manter os três canais de vendas abertos e ter ainda peças exclusivas apenas no online. 

E se no piso térreo o vintage dá o encanto à coisa, quem desce à cave depara-se com um open space desafogado que se divide entre o armazém dos achados de Catarina, um estúdio de tatuagens e um atelier de costura. 

Catarina partilha o espaço desde o início com Charlene Boieiro, mais conhecida como Françoise Tattoo, e é no piso subterrâneo que a artista faz da tinta e das agulhas a sua arte maior. Charlene, porém, tem a particularidade de marcar na pele desenhos de outros artistas, dando-lhes espaço para levar as suas criações no corpo de outros.

Françoise Tatto
Gabriell Vieira

Já o atelier de costura está entregue a Naára e ao seu projecto Kahumbi – para já esta estadia ainda não é permanente, mas acaba por ser um complemento à loja. Além das criações de moda da marca, Naára está responsável por aulas de costura particulares ou em grupos de iniciação e aperfeiçoamento de costura, assim como iniciação à modelagem e ainda workshops de upcycling de peças.

“Além das actividades e das aulas que conseguimos ter aqui, acaba por me ajudar em alguns arranjos de peças que vou tendo e que precisam de ser aperfeiçoadas aqui ou ali”, explica Catarina. “Acho que num espaço como este faz todo o sentido termos esta ligação à costura, criámos boas sinergias e acho que pode resultar muito bem”.

Avenida Almirante Reis, 238A (Alameda). Ter-Sex 14.00-19.30, Sáb 10.00-13.00. 

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