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Carros, semáforos, fumo, puf! Nesta Lisboa as pessoas têm prioridade

A Praça das Flores foi a escolhida pela Junta de Freguesia da Misericórdia para tentar cumprir a utopia de Jan Kamensky de uma Lisboa que dá prioridade às pessoas.

Helena Galvão Soares
Jornalista
Visual Utopies, Jan Kamensky
Visual Utopies, Jan Kamensky
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Jan Kamensky esteve em Lisboa em Julho passado, a convite do colectivo activista Lisboa Possível e da associação ambientalista ZERO, para pensar numa das suas Utopias Visuais para Lisboa. O resultado foi agora apresentado, com o cruzamento frente à Igreja da Madalena a ser o escolhido para aparecer um largo pedonal com árvores, lago, pássaros e muitas pessoas a substituírem o trânsito, passeios estreitos e ar enfumarado.

A Junta de Freguesia da Misericórdia chegou-se à frente para, por um dia, sexta-feira, 23 de Setembro, tentar cumprir a utopia criada pelo "jardineiro digital" Jan na Praça das Flores. A data escolhida não será aleatória. A Semana Europeia da Mobilidade realiza-se de 16 a 22 de Setembro. 

Durante a pandemia, com as ruas vazias, as cidades expunham toda uma infraestrutura desenhada para um protagonista que lá não estava: o trânsito. É tudo isso que vemos ir pelos ares nas animações digitais que Jan Kamensky começou então a criar a partir de imagens reais de várias cidades, começando pela sua, Hamburgo.

Não desaparecem só carros e ar poluído, desaparece também um sem-número de coisas que só existem no espaço público porque ele está maioritariamente ocupado pelo trânsito: estradas, desníveis de passeios, passadeiras, pilaretes, semáforos, sinais de trânsito. Nas margens das estradas, no passeio, está concentrado tudo o que não pode estar a impedir o trânsito, mas pode impedir a deslocação normal das pessoas: caixotes do lixo, caixas técnicas de electricidade, bocas de incêndio, candeeiros, mupis, paragens de autocarro, quiosques... 

Com iniciativas como O Dia Sem Carros e A Rua é Sua desaparecidas do mapa da cidade, a utopia de Jan Kamensky, posta em prática por um dia na Praça das Flores, será uma boa forma de pôr os lisboetas a pensar no que seria viver numa cidade em que as pessoas, e não os carros, estão no centro do desenho do espaço público.

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