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Casa do Brasil abre como “espaço de apoio a empresas” deixando cultura no plano das intenções

Câmara de Lisboa cedeu, em Dezembro, edifício da Rua Rosa Araújo ao governo do Brasil, para ali se criar espaço de negócios, cultura e convívio. Mas, afinal, vertente cultural não está assegurada.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
Avenida da Liberdade
DR/Associação Avenida da Liberdade | Avenida da Liberdade
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Os planos para a Casa do Brasil, apresentados por altura da assinatura do acordo entre a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e o governo brasileiro, eram estes: no primeiro piso funcionaria um espaço cultural, dinamizado pela Fundação do Banco do Brasil; no segundo ficaria uma agência do referido banco; no terceiro, instalar-se-iam os responsáveis pela Casa (a ApexBrasil, a Embratur e a Fundação Oswaldo Cruz); e, no último andar, fixar-se-ia uma incubadora e aceleradora de empresas brasileiras. Transversal era ainda a missão de tornar a Casa do Brasil num centro de convívio para a comunidade brasileira em Lisboa. No entanto, oito meses após a cedência do edifício e a entrada em funcionamento de algumas valências, o papel cultural da Casa do Brasil não está garantido.

Tendo o protocolo de cedência do imóvel da Rua Rosa Araújo, uma perpendicular à Avenida da Liberdade, sido assinado a 4 de Dezembro, a Time Out questionou a ApexBrasil (a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) sobre quando a Casa do Brasil abriria portas à comunidade. Embora ainda não tenha acontecido uma "inauguração formal", com abertura ao público, a actividade da agência no espaço arrancou em Abril, explica Bernardo Torelly, responsável de comunicação do organismo.

Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro
Rafael PereiraCentro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro

Já a Fundação do Banco do Brasil, que gere quatro importantes centros de artes em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte e que em Lisboa ficaria alegadamente responsável pela dinamização cultural da Casa do Brasil, afirma nunca ter participado "nas discussões sobre a ocupação do espaço". "A actuação da Fundação do Banco do Brasil é restrita ao território brasileiro", precisou o gabinete de comunicação, em resposta à Time Out. Também a ApexBrasil declara que não há negociações em curso com a Fundação, apesar de a mesma ter sido anunciada em Dezembro como uma das dinamizadoras do espaço, de acordo com o noticiado pelo jornal Público

"Promoção da diversidade brasileira"

Poderá o desenho da Casa mudar? "O edifício ainda está em fase de adaptação e ambientação", reconhece Bernardo Torelly, da comunicação da ApexBrasil. Ainda assim, existe a "intenção de destinar uma área para exposições e eventos culturais, voltados à promoção da diversidade brasileira", mas "a definição do formato e da periodicidade dessas acções" estão "em construção". O organismo esclarece ainda que, "por ora, o espaço funciona prioritariamente como um ambiente de apoio a empresas, iniciativas de internacionalização e atracção de investimentos".

Além da ApexBrasil, estão no mesmo edifício a Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) e a Fundação Oswaldo Cruz, também conhecida como Fiocruz (instituição de investigação e desenvolvimento nas áreas da ciência, tecnologia e inovação).

A Time Out questionou a Câmara Municipal de Lisboa, no sentido de esclarecer se o contrato de cedência do edifício que alberga hoje a Casa do Brasil previa o seu uso também para fins culturais, mas não obteve resposta.  

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