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Casa Pau-Brasil: o sotaque do outro lado do Atlântico chegou a Cascais

Escrito por
Francisca Dias Real
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“A história é a mesma, a diferença está na forma como essa história é contada.” Diferentes caras, marcas e espaços contam a história deste Brasil autêntico: longe de ideias pré-concebidas, perto da cultura, da moda, do design e da gastronomia. É assim que se faz na Casa Pau-Brasil – conta-se a mesma história a várias vozes, e a mais recente grita Brasil directamente de Cascais. O novo espaço, além de montra de mais de 20 marcas brasileiras, terá uma barbearia e um espaço para novos projectos e marcas experimentais.  

Para quando bate a saudade do outro lado do Atlântico ou mesmo para quem quer uma amostra do Brasil, é remédio santo passar a ombreira da porta desta Casa. “Desde o primeiro dia que queremos ser o principal instrumento de internacionalização de um Brasil completamente diferente”, afirma Rui Gomes Araújo, o fundador da Casa Pau-Brasil. “Este é um irmão mais novo e mais descolado, mais informal, mais praiano, mais carioca. Tem uma dimensão mais experimental.”

É esta vertente de experimentalismo que distingue esta Casa de Cascais da irmã do Príncipe Real. Dentro de poucas semanas, inaugura o novo espaço LAB, que recebe marcas emergentes, algumas de funcionários da loja, e projectos experimentais que não têm espaço de exposição e venda noutros locais. 

Manuel Manso

“Cascais conta a história com uma visão diferente da do Príncipe Real. Temos que nos saber adaptar aos locais onde estamos presentes. A nossa equipa, só composta por brasileiros, dá voz a essa história também, cada um à sua maneira”, conta Veruska Olivieri, sócia de Rui na Casa-Pau Brasil. 

Aqui, as marcas estruturais mantêm-se como suporte de uma loja com um ar mais industrial, ao contrário da apalaçada do Príncipe Real. Há grandes prateleiras suspensas do tecto que criam as divisórias entre cada marca e as plantas de Priscila Alves Ribeiro, dona da florista Embaixada das Flores e visual merchandiser da Casa Pau-Brasil, dão o ar tropical obrigatório que nos transportam para o calor brasileiro. 

A Melissa é uma das marcas que ocupa um dos eixos centrais da loja, assim como uma zona só dedicada a marcas femininas demarcada por escalões com marcas como Flávia Aranha e Lenny Niemeyer. Há jóias de Maria Oiticica, uma secção de homem da Osklen e uma grande área dedicada à gigante de cosmética Granado. E é aqui que vai nascer uma barbearia onde Luca, um membro da equipa da loja, será o mestre barbeiro a mostrar a sua arte com produtos da Granado. 

Manuel Manso

“O sonho do Luca quando veio para Portugal era ser barbeiro, por isso fazia todo o sentido ser ele a fazer isto. Eles, a equipa, não são narradores de uma história que nós inventámos, são antes personagens”, afirma Rui.

Na loja têm ainda uma zona para exposições, à semelhança da Casa de Lisboa, e onde Rui e Veruska querem fazer alguns intercâmbios culturais. Por agora, as paredes são ocupadas por fotografias gigantes do fotógrafo brasileiro Gabriel Wickbold. 

As montras, ao contrário da entrada do palacete de Lisboa, têm grandes vidraças para a rua. Foram também pensadas e estruturadas por Joana Astolfi, que tratou de trazer um murucututu, um quero-quero e uma capivara para compor o cenário iconográfico do Brasil inspirado no mundo carnavalesco do artista Hélio Oiticica. “Isto não é um shopping e, por isso, juntamente com a Joana, criámos uma dinâmica conjunta deste espaço e as marcas estão integradas”, refere Rui, enquanto caminha dentro da própria montra – sim, qualquer cliente pode subir o escalão e caminhar dentro daquela montra-instalação. 

Manuel Manso

“Cascais está a mudar e a subir a fasquia, e nós queremos fazer parte dessa fasquia, mas não de forma a criar barreiras à entrada”, explica. “A casa não quer ser para uma elite, queremos tocar públicos diferentes. O nosso luxo não é um luxo da exclusividade e do formalismo, para nós o luxo é a autenticidade, a história, a memória.”

E se há coisa que não lhes escapa são os detalhes: as bases de cada armário são réplicas em miniatura de edifícios modernistas brasileiros, como o Museu de Arte de São Paulo. As cortinas dos provadores são bordadas por um funcionário da casa, que bordou ali ilustrações da pintora Tarsila do Amaral para o livro Pau Brasil de Oswald De Andrade.

Manuel Manso

E destes dois intelectuais brasileiros que foram o espelho do movimento modernista no país surgem os dois novos residentes da casa: Tarsila e Oswald, “os dois cachorros vira-latas vão fazer parte da família Pau-Brasil e homenageiam duas grandes figuras modernistas”, explica Veruska. Os cães foram adoptados no Brasil e chegam a Lisboa e Cascais no mês de Setembro. A iniciativa canina dá forças também à chegada da Zee.Dog, a primeira marca com artigos para cães e gatos da loja. “Já somos uma casa pet friendly, por isso fazia todo o sentido esta adição, tanto dos vira-latas como da marca”, conclui Veruska.

O piso superior da Casa já tem destino marcado: um restaurante, cafetaria e supermercado de produtos brasileiros, que planeiam abrir lá para Setembro ou Outubro. “Com o tempo isto vai parecer-se cada vez mais com uma casa a sério e, tal como em Lisboa, temos de complementar a oferta com a gastronomia também”, remata Rui. À entrada da Casa vai nascer muito em breve uma esplanada sobre o estrado que vai servir café brasileiro.

Avenida Valbom, 16. Seg-Dom 10.00-20.00.

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