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Jornada Mundial da Juventude
© Arlei Lima/ Time Out LisboaAnnie Mikobi, 55 anos, veio à JMJ com um grupo de católicos do Djibuti

“Cheguei e uau!” Peregrinos prometem “voltar muitas vezes” a Lisboa

Uma semana foi pouco. Quem veio à Jornada Mundial da Juventude ficou encantado com a capital portuguesa e nem as falhas nos transportes estragaram o postalinho. Falámos com participantes de vários pontos do planeta.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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“Lisboa é muito bonita e demasiado grande para se ver em tão pouco tempo.” A confissão é de Sangeun Kim, que conhecemos no primeiro dia da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a 1 de Agosto. Na altura, a sul-coreana de 29 anos mostrou-se genuinamente entusiasmada, apesar de desiludida com os transportes. “Não vos quero ofender, mas os nossos autocarros e metros são melhores, muito organizados e seguros.” Em Seul, os transportes colectivos são o principal meio de locomoção. Em Lisboa, os atrasos, perturbações e greves têm sido cada vez mais frequentes. E as esperas prolongadas também. “Queria muito andar no eléctrico 28 e consegui, mas só depois de uma longa, longa fila”, partilha, por mensagem, uns dias depois do regresso à Coreia do Sul. Ainda assim, vontade de voltar não lhe falta. Não é a única.

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© Arlei Lima/ Time Out LisboaA sul-coreana Sangeun Kim, de 29 anos, à frente do Mosteiro dos Jerónimos

“Vamos voltar mais vezes”, assegura Annie Mikobi, igualmente por mensagem, à distância de alguns dias. Natural do Congo, mas a viver e a trabalhar no Djibuti, a médica de 55 anos também esteve em Lisboa para o encontro católico. Quando a conhecemos na Cidade da Alegria, no Jardim Vasco da Gama, em Belém, Mikobi estava acompanhada por um grupo de mais sete fiéis, incluindo o filho, que tinha vindo de França, onde está a estudar. “O Djibuti é um país muçulmano e não temos muitos cristãos locais, então a Diocese de Djibuti [a única] escolheu dez fiéis para participarem na JMJ. Dois decidiram não vir”, explicou-nos. “Foi a primeira vez que vim a Lisboa e só me perguntava como seria. Mas cheguei e uau.”

A primeira vez de Mikobi em Portugal coincidiu com a sua primeira participação numa JMJ. Nascida no seio de uma família cristã, mas de origem protestante, a congolesa frequentou escolas católicas desde o ensino primário até ao secundário e acabou por se converter quando casou com um católico. “Mas nunca participei em nenhuma JMJ. Este ano, quando soube que a nossa diocese ia enviar jovens para a representar, perguntei se me podia inscrever a mim e ao meu filho.” Teve sorte e acabou por ter oportunidade de viver em família a experiência por que tanto ansiou. Sobre Portugal, e Lisboa em particular, só tem coisas boas para dizer. “É uma casa acolhedora, com gente bonita e boa.” Já o pressentia à chegada: o primeiro dia na cidade, a 28 de Julho, passou-o a dormir para recuperar energias, mas rapidamente se rendeu à simpatia dos seus hóspedes (e às bifanas).

Jornada Mundial da Juventude
© Arlei Lima/ Time Out LisboaAnnie Mikobi, de 55 anos, promete voltar mais vezes

Solarenga, alegre, livre. Foi assim que os peregrinos com quem falámos, todos pela primeira vez na capital portuguesa, nos descreveram Lisboa. No meio de um então lotado eléctrico articulado 15E, a dominicana Canoly, de 30 anos, também aplaudiu a limpeza da cidade, mas o que a deixou mesmo satisfeita foi a meteorologia. “[O clima] aqui é mais fresco, mais agradável, mais natural”, afirmou, antes de aprovar uma das mais populares especialidades da doçaria portuguesa: “O pastel de nata é delicioso. Que combinação perfeita: suave mas com uma boa estrutura.” Christophe Peeters, de 27 anos, disse-nos o mesmo. “Também temos pastéis na Bélgica, mas são diferentes. O que comemos no Cais do Sodré era muito bom. Ainda não provámos o de Belém”, lamentou o jovem, que se encontrava na Alameda Dom Afonso Henriques, depois de o seu grupo ter desistido de tentar apanhar um comboio. “Acabámos a passear, a pé, e viemos aqui parar.”

Da circulação condicionada às famosas colinas de Lisboa, a mobilidade na cidade não se revelou digna de reconhecimento, mas também não estragou o postalinho. “Não tinha muitas expectativas, só queria vir e aproveitar”, garantiu Peeters. O padre polaco Bartlomiej Zakrzewski, de 37 anos, também desvalorizou o assunto: “Não esperava nada, porque vim para me encontrar com Deus e a comunidade católica. A cidade é bonita e o tempo é muito bom, mas não é a primeira coisa no nosso pensamento.” Não sabemos como correu o resto da experiência – nenhum retomou o contacto.

Jornada Mundial da Juventude
© Arlei Lima/ Time Out LisboaJoão Pedro, 18 anos, do Brasil, veio a Lisboa “de coração aberto”

“Acredito que foi uma troca de ensinamentos entre o povo português e a juventude católica”, diz-nos João Pedro. O brasileiro de 18 anos, que nunca tinha estado em Portugal nem participado numa Jornada, viu todos os seus desejos cumpridos. Passava do meio dia quando o vimos pela primeira vez, de bandeira do Brasil na mão, rodeado de amigos, na Cidade da Alegria. “Nossa, vim de coração aberto”, prometeu. “O plano para visitar a cidade está a ser feito a cada dia. Mas queremos conhecer pelo menos os pontos turísticos.” Dito e feito. De volta a Campinas, São Paulo, recorda a experiência. Visitou todos os monumentos em Belém, do Mosteiro de São Jerónimo ao Padrão dos Descobrimentos. “E o Arco da Rua Augusta, a Igreja de Santo António, a Sé de Lisboa. E o que eu mais gostei foi a Catedral da Sé. É muito bonito conhecer e viver a grandiosidade física e espiritual que a Sé carrega em sua história.”

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