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Chris Lowe, dos Pet Shop Boys: "Não quero o Grammy, odeio cerimónias"

Escrito por
Tiago Neto
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Quatro décadas depois, os Pet Shop Boys não dão sinais de abrandar. Falámos com Chris Lowe, metade do duo britânico, sobre Hotspot, o disco que é lançado esta sexta-feira.

Num espectáculo de Chris Lowe e Neil Tennant, há uma amálgama de fenómenos cuidadosamente estudados para nunca serem visíveis. Como acontece com o fogo de artifício: os olhos voltam-se para o cenário em que as cores colidem, nunca captando a dimensão da base. Nunca compreendendo as reacções químicas envolvidas. A performance dos Pet Shop Boys é assim. Um artifício encapsulado. Mas quatro décadas de trabalho não podem ser reduzidas a um cabaré de teclas e vozes e luzes. “Vamos para o estúdio e escrevemos alguma coisa que, no final, não existia. É um privilégio poder fazê-lo.”

Hotspot, o 14.o disco da dupla, que é produzido por Stuart Price, é a prova de como a saúde musical dos londrinos não está em declínio. Pelo contrário. A ideia foi alargar a veia criativa, injectar sangue novo, para que no fim tudo seja inesperado. “Neste álbum aconteceu escrever com os Years and Years. Foi algo diferente e engraçado, colaborar com outro tipo de compositor, de outra geração, que tem a sua identidade melódica”, diz-nos Chris Lowe, ao telefone, antecipando o lançamento do novo álbum, esta sexta-feira.

Years and Years (ou Olly Alexander) foi, contudo, a única peça trazida de fora. Não desvirtuou o resultado desta espécie de cordilheira synth-pop, pautada a baladas e músicas dançáveis. “É provavelmente um dos discos mais dançáveis que temos. É um disco típico de Pet Shop Boys: estilos diferentes, tempos, ritmos. Espero que o ouçam de uma ponta à outra e que soe a uma peça completa.”

Os contrastes são bastante mais claros do que no trabalho anterior (Super, 2016). Não que isso signifique uma evolução em relação ao antecessor, ou ao próprio duo, até porque uma das fórmulas para a longevidade, diz, é comportarem-se como “dois miúdos numa loja de doces” quando entram em estúdio. Talvez por isso, e apesar das muitas distinções, nunca tenham chegado ao Grammy.

“Não quero o Grammy, odeio cerimónias. Acho que até já fomos nomeados mas nunca pela música, é sempre pela capa dos discos ou qualquer outra coisa. Então não é uma coisa que me chateie. Não foi o Bowie que só recebeu um? Isso diz muito.” Se os prémios não o entusiasmam, algo terá de o fazer. E aí, Lowe é peremptório: “Saber que a música tem significado para as pessoas é tremendo, e que tem valor universal.”

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