Notícias

Conseguir casa em Lisboa é mais caro e difícil do que em Berlim ou Barcelona

Sebastião Almeida
Escrito por
Sebastião Almeida
Lisboa
©Inês Félix
Publicidade

Estudo mostra que agregados familiares em Lisboa canalizam mais dinheiro para as rendas de casa do que famílias em Berlim (Alemanha) e Barcelona (Espanha). As três cidades têm taxas de esforço acima dos 30%, mas em Lisboa quase duplica, atingindo os 58%.

O preço da habitação em Lisboa tem vindo a aumentar vertiginosamente, dificultando o arrendamento no centro e nos arredores da cidade. Este problema, comum a outras cidades europeias, tem sido amplamente debatido. Em alguns países, contudo, os poderes políticos e económicos começaram a tomar medidas para atenuar o problema da subida descontrolada das rendas e para voltar a torná-las acessíveis à classe média. Mas a situação em Lisboa e no Porto tem-se agravado. Na edição desta segunda-feira, o jornal Público compara os problemas de acesso à habitação em Lisboa, Berlim e Barcelona e as conclusões mostram que é mais difícil arrendar casa em Lisboa do que na capital alemã e na cidade espanhola.

A análise desenvolvida pelo grupo de investigação Morfologia e Dinâmicas do Território, do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto demonstra que a situação em Lisboa é muito mais complexa do que naquelas duas cidades, também elas assoladas por esta subida de preços, mas que se tornaram referências em matéria de resposta de políticas públicas habitacionais.

O estudo agora apresentado cruzou o preço das rendas e os rendimentos de um agregado para um casal com um filho, que habita num T2, em cada uma das três cidades. A equipa, de acordo com o Público, simulou o valor que esta tipologia de apartamento teria em cada uma das cidades com a maior diferença de preços possíveis. O resultado é um mapa de cada uma das cidades com diferentes cores, em que as mais quentes mostram onde o agregado utiliza mais de 30% dos seus rendimentos para pagar a renda e as cores frias onde essa taxa de esforço não ultrapassa o valor limite.

Em Berlim e Barcelona encontram-se algumas zonas da cidade a tons frios, mas em Lisboa é impossível encontrar áreas cuja taxa de esforço requer que os agregados canalizem mais de 34% dos seus rendimentos para pagarem a renda de casa.

Os rendimentos médios de uma família portuguesa (1563 €) são mais baixos do que de um agregado catalão (2614€) ou berlinense (3727€). Juntando a esta equação o valor médio da renda de um T2 com 95 metros quadrados, que em Lisboa é de 916€ por mês, em Barcelona de 1170€ e em Berlim de 1491€, o estudo mostra que nas três cidades a taxa de esforço ultrapassa os 30%. Em Berlim é de 40% e em Barcelona de 45%, mas na capital portuguesa os agregados chegam a canalizar 58% dos seus rendimentos para pagarem a renda de casa.

 + As contas da câmara de Lisboa para 2020

Últimas notícias

    Publicidade