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Coro Gulbenkian no Lux, Beyoncé e Marina Abramovic: vai ser assim a BoCA

Escrito por
Francisca Dias Real
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Mais de meia centena de artistas desdobram-se entre três cidades nesta que é a segunda edição da BoCA – Bienal de Arte Contemporânea. Entre 15 de Março e 30 de Abril, Lisboa, Porto e Braga – cidade convidada – recebem dezenas de propostas multidisciplinares que põem em diálogo as artes visuais, a performance, as artes cénicas e a música. De um concerto do coro Gulbenkian no Lux a uma celebração religiosa que usa a música e vida pessoal de Beyoncé como forma de empoderamento: há de tudo para ver em mês e meio.  

São 52 artistas que se envolvem nesta ronda da bienal, muitos deles a pisar campos artísticos que nunca pisaram antes. John Romão continua a assumir a direcção artística da BoCA, cada vez mais comprometida com a transversalidade e sinergia entre instituições culturais, público e artistas – só a programação deste ano traz 22 estreias mundiais e 15 estreias nacionais. Anunciados já estavam nomes como Pedro Barateiro, Angélica Liddell, Gabriel Ferrandini e Marlene Monteiro Freitas, esta última enquanto uma das quatro artistas residentes, juntamente com Horácio Frutuoso, Diana Policarpo e Gerard & Kelly.

Em Lisboa, os espectáculos deste festival repartem-se por locais como as novas Carpintarias de São Lázaro, o Teatro D. Maria II, o Rive Rouge, o Lux, o MAAT, o Teatro da Trindade, o Teatro São Carlos ou o Reservatório da Patriarcal. Mas vamos à agenda que se estende pela capital, para ir assinalando no calendário o que não pode perder nesta edição.

A BoCA arranca dia 15 nas Carpintarias com dois DJ sets, um de Black, dos Gala Drop e co-fundador da Filho Único, e outro de Nídia, que editou na Príncipe o seu primeiro longa duração Nídia é Má, Nídia é Fudida, destacado por publicações como a Pitchfork.  

Um dos grandes destaques desta edição vai para o regresso a Portugal de Marina Abramovic. A artista não viajará a Lisboa, mas terá nas Carpintarias de São Lázaro a instalação Spirit House, um conjunto de cinco videos já vistos em 1997 no Matadouro das Caldas da Rainha. Mais de duas décadas depois, a instalação, onde Abramovic executa para a câmara várias acções, como chicotear-se nas costas até ficarem vermelhas, é apresentada em Lisboa.

Gonçalo M. Tavares & Os Espacialistas propõem Os Animais e o Dinheiro, uma conferência-performance sobre as potencialidades artísticas do quotidiano, no Teatro da Trindade (26 de Março).

O actor e encenador Alfredo Martins leva ao Rive Rouge (11 e 12 de Abril) um espectáculo imersivo: Silent Disco, onde explora o potencial da tecnologia das festas silent disco com o público a ser guiado através de auscultadores pelo espaço da discoteca.

Ainda no ambiente de clube nocturno, o coro Gulbenkian pisa a linha do inédito e ocupa o Lux (5 e 6 de Abril) para interpretar Stimmung (1968), uma das mais célebres obras de Karlheinz Stockhausen. Sem sair do Lux, há ainda uma performance de Linn da Quebrada (30 de Abril) com uma equipa de DJs, vocalistas e bailarinos, entre os quais BadSista, Jup do Bairro, a percussionista Dominique Vieira e o DJ Pininga.

A convite da BoCA, Gabriel Ferrandini concebe a sua primeira criação de palco, partilhando-o com o actor Frederico Barata. Rosa. Espinho. Dureza., que estreia no Rivoli no Porto, desce só depois para Lisboa para ocupar o D.Maria II (4, 5 e 6 de Abril) e apresentar um actor e um baterista a fazerem de si mesmos, numa actuação composta por três actos: trabalho, sexo, amor. Ainda nas estreias noutros territórios artísticos, Tânia Carvalho segue numa nova incursão para a criação de um concerto a ser apresentado no Teatro da Garagem. Em duploc barulin conhecemos uma nova expressão artística da artista que aprendeu a tocar Erhu, instrumento de cordas chinês (20 e 21 de Março).

O Museu de Arte Antiga será palco da vídeo-instalação da coreógrafa e dançarina Meg Stuart, mais precisamente na Capela das Albertas – um espaço que vai reabrir exclusiva e temporariamente para receber esta obra. The Only Possible City pode ser vista de 15 de Março a 30 de Abril.

Ainda num ambiente de religiosidade, a Igreja de St. George, na Estrela, recebe a estreia absoluta de Beyoncé Mass, de Yolanda Norton (29 e 30 de Março). Esta é uma celebração religiosa de adoração feminina que usa a música e a vida pessoal de Beyoncé como uma ferramenta que promove um discurso de empoderamento sobre os marginalizados e esquecidos, particularmente as mulheres negras.

Quanto ao Programa Educativo desta edição da Bienal, este é um projecto concebido por John Romão que começou em Dezembro de 2018 e continua este ano para ser apresentado no final de Abril. Sente-me, Ouve-me, Vê-me parte da série homónima de Helena Almeida, de 1978-1979, e visa homenagear através da música contemporânea uma das maiores artistas portuguesas e que morreu em Setembro de 2018. É uma parceria com três universidades de música das três cidades onde a bienal vai acontecer. Em Lisboa, Delfim Sardo é o curador responsável, juntamente com Diogo Alvim como compositor, pelo espectáculo da Escola Superior de Música de Lisboa no Teatro São Carlos (29 de Abril).

+ A agenda cultural de Lisboa que não pode perder

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