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Dos bordados à mecânica: nove peças que tem de ver na Lisbon by Design

A mostra de design de autor está de volta ao Palacete Gomes Freire. Trinta autores, nacionais e estrangeiros, apresentam as suas últimas criações, sempre com o selo "feito em Portugal".

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Lisbon by Design 2025
Cláudia Rocha | Peças de Margaux Carel e Clotilde de Kersauson, instalações florais da Petit Bouquet
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À quinta edição, a Lisbon by Design mantém-se firme na missão de mostrar ao público o que de melhor se anda a fazer em Portugal, na ténue fronteira que separa a arte e o design. A partir desta quinta-feira e até domingo, são 30 os autores, nacionais a estrangeiros, que apresentam trabalhos recentemente desenvolvidos. Entre mobiliário, cerâmica, têxtil, luminária e escultura, o evento da belga Julie de Halleux, aqui no papel de fundadora e curadora, não perde de vista os ofícios, as técnicas e os materiais tradicionalmente portugueses.

A morada é a mesma de sempre. Durante quatro dias, o Palacete Gomes Freire transforma-se na grande casa do design – desde o átrio aos estreitos corredores que interligam os salões do primeiro andar. Pela primeira vez, a Lisbon by Design ocupa o jardim do edifício, paisagem que a Omarcity World veio encher de cor.

Além do trabalho a solo, muitos dos criativos apresentam-se numa lógica colaborativa – uma união de ideias, esforços e técnicas que, sala após sala, resulta em ambientes diferentes e únicos. Alguns chegam aqui por via de uma open call lançada pela organização. É o caso da Lava Earth Objects e da Superchi, de Baptiste da Silva e de Jacek Jan.

Além do apoio a autores emergentes, aqui expostos lado a lado com nomes como a Burel, a De La Espada, Toni Grilo ou Sam Baron, o evento reforça a aposta da sustentabilidade – nas propostas de design, mas também no programa de conversas a decorrer já a partir desta quinta-feira. No mesmo tema, a Lisbon by Design junta-se, pela segunda vez, à Morgado do Quintão, uma quinta algarvia com produção vitivinícola biológica, para atribuir a um dos participantes o Lisbon by Design Sustainable Design Award, no valor de 1000€. O vencedor fará ainda uma residência artística na quinta.

Nos quatro dias do evento, o público terá oportunidade de ver de perto as peças dos artistas e designers e, possivelmente, de contactar com alguns deles. Para lhe guiar os passos, destacamos as peças que não pode mesmo perder de vista.

1. Moon, do A.D.U. Studio

Vadim A.F. Popowsky vive entre Antuérpia e Lisboa, e apresenta a sua mais recente criação como "o único objecto no mundo que mostra as fases da lua em tempo real". Mais do que um simples candeeiro, estamos perante uma peça cuja luz mimetiza o próprio luar e, por isso, muda todos os dias. A espessura do alabastro torna a peça translúcida ao ponto de iluminar o ambiente em que se encontra. Depois de criar versões de parede e de mesa, o designer quer replicar Moon, utilizando mármore de Estremoz.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaMoon, A.D.U.

2. Ensemble, de Sam Baron e De La Espada

Numa das maiores salas do palacete, encontramos a clareira projectada pela De La Espada, marca portuguesa de mobiliário de luxo, em colaboração com o designer francês Sam Baron. Em cada peça há um potencial cénico, seja nas cadeiras – altas e verticais como troncos de árvores – ou nos sofás – estofados de verde para se assemelharem a rochas cobertas de musgo.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaEnsemble, Sam Baron e De La Espada

3. BlackCork x Burel Factory

Na sala ao lado, dois materiais sustentáveis por excelência. A colecção junta duas empresas portuguesas, mas também os respectivos criativos – Toni Grilo, pela BlackCork, e Rui Tomás, do lado da Burel Factory. De origem totalmente natural, sem desperdício e com efeitos mais do que comprovados no melhoramento acústico dos ambientes, burel e cortiça surgem combinados em bancos modulares, biombos e cadeiras, entre outros objectos de mobiliário e decoração.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaBlackCork x Burel Factory

4. Futurista, da Grau Cerâmica

Numa sala dividida com o designer Baptiste da Silva, vencedor do primeiro prémio do Quercus Suber 2025 e com quem colaboraram por ocasião desta quinta edição da Lisbon by Design, a dupla de ceramistas dá um passo em frente... rumo ao futuro. Em painéis, candeeiros e com um espelho que facilmente centra as atenções, a colecção Futurista convoca um jogo de geometrias com influências de um passado na arquitectura.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaGrau Cerâmica

5. Unbound Nature, do Studio Ēeme

Marie-Laure Davy é a designer e fundadora deste estúdio onde se trabalha sobretudo a cerâmica. Para a Lisbon by Design, num ambiente criado em conjunto com o designer de mobiliário Paul Boucher, decidiu introduzir novos elementos. Em Unbound Nature, destaque para o painel suspenso sobre a mesa. A partir de uma peça em metal (material que trabalhou pela primeira vez), as tiras de couro alinham-se. A estas, estão presas várias peças em cerâmica, semelhantes a folhas de papel em branco.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaUnbound Nature, Studio Ēeme

6. Odisséia x Diogo Amaro

De um lado, um pequeno negócio familiar que foi crescendo à medida que os bordados mimosos sobre roupa já esquecida circulou de boca em boca. Do outro, um arquitecto português, que descobriu na marcenaria uma nova paixão. Numa sala partilhada, as irmãs Carla e Mathilda apresentam a sua primeira incursão ao mundo dos interiores, com candeeiros, cortinas e painéis bordados manualmente. Ao lado, vemos Materia, as peças de mobiliário de Diogo Amaro, produzidas em carvalho francês numa velha oficina de tanoeiro, no Porto. Juntos, os dois projectos criaram uma peça especial – um biombo com estrutura em madeira e que a Odisséia passou três semanas a bordar.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaOdisséia x Diogo Amaro

7. Trama Coffee Table, de Rosana Sousa

Também do Porto chega Rosana Sousa, designer de mobiliário que encontrou no reaproveitamento de despojos do fabrico de outros móveis a sua matéria-prima de eleição. O material dita o design das peças – e não o contrário – conferindo-lhes o aspecto riscado que, desde logo, salta à vista. O trabalho já lhe valeu destaque na imprensa estrangeira, mas também em eventos de design internacionais.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaTrama Coffee Table, Rosana Sousa

8. Formas e Arestas, de Tiago Moura

O design e a carpintaria ocupam os dias de Tiago Moura, que para o Palacete Gomes Freire trouxe peças diferentes de tudo o que já vimos. Uma mesa alta, que numa das pontas se rebaixa e transforma numa mesa de apoio. Uma cadeira feita com madeira rara, a partir de aduelas de portas descartadas numa obra. Ou as cadeiras sem pernas, um convite descarado ao agachamento. O designer construtor divide a sala com Mariana Ralo. A artista da tapeçaria e da tecelagem trouxe várias peças de parede, com destaque para Unmixed, que combina materiais trazidos da Índia e do Uzbequistão, aproveitamentos da indústria e restos de antigos trabalhos.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaTiago Moura e Mariana Ralo

9. Os candeeiros da Superchi

O upcycling é lei dentro do estúdio de Caio Superchi, em Lisboa. De todos os materiais que reaproveita, o artista e artesão carioca enaltece componentes automóveis e artefactos de mecânica para construir peças únicas. Na Lisbon by Design, mostra sobretudo pequenos candeeiros – construções aparentemente simples, mas que envolvem madeira, metal e uma boa dose de história.

Lisbon by Design 2025
Cláudia RochaSuperchi

Rua Gomes Freire, 98 (Campo Mártires da Pátria). Qui-Sex 16.00-21.00, Sáb-Dom 10.00-18.00. 10€

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