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Lodge 49
Jackson Lee Davis/AMCWyatt Russell as Sean "Dud" Dudley - Lodge 49

Dud, um diletante à procura de ouro – dentro e fora da própria cabeça

A segunda (e última?) temporada de ‘Lodge 49’, que entusiasmou os críticos nos EUA, estreia-se esta terça-feira no AMC.

Hugo Torres
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Hugo Torres
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Daqui por alguns anos, quando se estiver a garimpar a actual era dourada das séries de televisão, os exploradores mais atentos vão encontrar, enterrada na areia, negligenciada pela multidão ofuscada com o brilho das grandes produções, uma pepita de ouro puro: Lodge 49. Uma comédia dramática sobre um antigo surfista, Sean Dudley (Wyatt Russell), mandrião e optimista, que perde o pai e começa à procura de um sentido para a vida. A busca leva-o até à Antiga e Benevolente Ordem do Lince, mais concretamente à Loja 49 desta sociedade secreta, em Long Beach, Califórnia. Toca à campainha. Ernie Fontaine (Brent Jennings) abre-lhe a porta e diz-lhe imediatamente: “Tenho estado à tua espera”.

A frase poderia ser repetida por cada um dos fãs que a série criada por Jim Gavin – com um piscar de olho ao romance O Leilão do Lote 49, de Thomas Pynchon – granjeou à primeira temporada. É entre esses primeiros dez episódios que se encontra a cena entre Ernie, o “cavaleiro luminoso” que é vendedor de material de canalização na vida civil, e o protagonista de Lodge 49, herdeiro de um negócio falido de material para piscinas e futuro aspirante a escudeiro da Ordem. Mas também poderia ser repetida pelos críticos de televisão norte-americanos que ficaram rendidos com a segunda temporada, em particular com o seu final (Darren Franich, da Entertainment Weekly, qualificou-o mesmo como “perfeito”). E é esta segunda ronda de dez episódios (com duração variável de cerca de 50 minutos) que se estreia em Portugal, nesta terça-feira, às 00.00, no AMC.

Sean Dudley – ou “Dud”, como todos o tratam, fazendo repicar os sinos de O Grande Lebowski – está no hospital. Recupera do ataque de tubarão de que foi vítima no final da primeira temporada, quando decidiu voltar a surfar. A irmã gémea, Liz, também está em recobro, dolorida na sua nova condição de desempregada, ainda longe de saber o que a espera mais lá para a frente – a personagem de Sonya Cassidy terá, surpreendentemente, um papel central no desenlace da temporada, que até ver é a última. A série foi cancelada devido às modestas audiências, embora os produtores não tenham desistido de continuar o projecto fora da alçada da AMC – e os fãs também não, dinamizando nas redes sociais a hashtag #SaveLodge49, com a ajuda de estrelas como Tom Hanks ou Patton Oswalt.

Um desses produtores, Paul Giamatti, ajuda na caracterização. “É uma série sobre pessoas que aderem a uma sociedade secreta para acarear mistérios e enigmas do Cosmos e das suas próprias vidas, enquanto tentam pagar a conta do bar e transformar coisas em ouro”, disse à IndieWire, em Novembro passado. Uma fórmula televisiva que junta optimismo diletante, segredos longínquos, alquimia e conspirações, numa narrativa fantasiosa e mirabolante, vivida por gente comum e plena de humor negro. Algo raro. E se Lodge 49 já tinha tudo isso à partida, agora as idiossincrasias da série são levadas ainda mais longe, mais alto, mais fundo. Esperar o inesperado é o mínimo que se pode dizer.

AMC. Ter 00.00 (Estreia T2)

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