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Rafael Gallo
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Escritor de “mão cirúrgica”, Rafael Gallo vence Prémio José Saramago

O romance ‘Dor Fantasma’, que será publicado em Portugal pela Porto Editora, é a obra vencedora deste ano. O autor é natural de São Paulo e tem 40 anos, a idade limite do prémio.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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O brasileiro Rafael Gallo é o vencedor do Prémio Literário José Saramago deste ano, com o seu romance inédito Dor Fantasma, que será publicado em Portugal, pela Porto Editora, e no Brasil, pela Globo Livros. O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira, 14 de Novembro, numa cerimónia aberta ao público, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém.

“A 16 de Novembro, celebramos o centenário de José Saramago, mas hoje estamos a honrar, sempre com o mesmo sentido de responsabilidade, a generosidade com que José Saramago acolheu dar o seu nome e prestígio, ficando para sempre associado a jovens autores da belíssima língua portuguesa, cujo mérito está expresso nos livros vencedores e nos que se seguem”, disse a presidente do júri, a editora Guilhermina Gomes, que destacou ainda o facto deste ano, entre centenas de candidatos, mais de 40% serem mulheres – apesar disso, o vencedor é um homem.

Natural de São Paulo, Rafael Gallo deu os primeiros passos na área da literatura com os contos que acabou por reunir em Réveillon e outros dias, que propôs a várias editoras, sem nunca ter sido aceite ou publicado, até concorrer ao Prémio SESC de Literatura. Foi através deste concurso brasileiro para autores de obras inéditas que foi publicado pela primeira vez em 2012, pela editora Record. Três anos depois, lançou o seu primeiro romance, Rebentar, também pela editora Record, que lhe valeu o Prémio São Paulo de Literatura, na categoria de autores estreantes com menos de 40 anos. Não publicou mais nada desde então, tendo agora ganhado o Prémio José Saramago com o inédito Dor Fantasma, já na idade limite para concorrer.

Como já tinha sido anunciado o ano passado, esta edição seguiu um novo modelo, que distingue apenas inéditos – no domínio da ficção, romance ou novela –, escritos em língua portuguesa, por autores até aos 40 anos, oriundos de qualquer país da lusofonia. A constituição do júri também mudou, passando a ser composto por escritores anteriormente galardoados com o prémio. Além da editora Guilhermina Gomes, da Fundação Círculo de Leitores, da escritora Nélia Piñon, membro honorário, e de Pilar del Río, presidente da Fundação José Saramago, o júri deste ano foi composto por José Luís Peixoto (Prémio Literário José Saramago 2001), Gonçalo M. Tavares (Prémio Literário José Saramago 2005), João Tordo (Prémio Literário José Saramago 2009) e Bruno Vieira Amaral (Prémio Literário José Saramago 2015).

Sobre o vencedor deste ano, Bruno Vieira Amaral disse: “É mão cirúrgica, aplicando incisões seguras e sábias, é mão de pintor, na pincelada criativa e intencional, é mão de maestro segurando a batuta e guiando a orquestra num crescendo de som e fúria que culmina no magistral desenlace do romance”. Além da publicação da sua obra, em Portugal e no Brasil, Rafael Gallo, que se tornou o quarto autor brasileiro a receber o galardão (depois de Adriana Lisboa, Andréa del Fuego e Julián Fuks), recebe também um prémio no valor pecuniário de 40 mil euros (até agora eram apenas 25 mil).

Instituído em 1999, para celebrar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura de 1998 a José Saramago, e atribuído pela Fundação Círculo de Leitores a cada dois anos, o Prémio Literário José Saramago pretende defender a língua através do estímulo ao surgimento de jovens escritores da lusofonia.

O Prémio José Saramago já distinguiu, além dos nomes que fizeram parte do júri desta edição, os escritores Paulo José Miranda, Adriana Lisboa, Valter Hugo Mãe, Andréa del Fuego, Ondjaki, Julián Fuks e Afonso Reis Cabral, que foi o último autor galardoado, em 2019, com o romance Pão de Açúcar.

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