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plateia vazia
Fotografia: Lloyd Dirks

Espectáculos ao vivo batem no fundo: em 2020, perderam 85,1% do público

Tal como era esperado, o primeiro ano da pandemia teve um impacto muito significativo nas actividades culturais. O cinema e os museus também sofreram perdas superiores a 50%.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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As preocupações confirmam-se: a pandemia provocou quedas brutais nos consumos culturais ao vivo em Portugal. Em 2020, num total de 14951 espectáculos, registaram-se 2,517 milhões de espectadores, uma perda de 85,1% em relação ao ano anterior. Destacam-se ainda as receitas de bilheteiras que registaram uma diminuição de 80,1%, em resultado do decréscimo do preço médio dos bilhetes vendidos (-14,5%), que passou de 20,8€ em 2019 para 17,8€ em 2020. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE), que elaborou um relatório com as estatísticas mais recentes do sector cultural e criativo.

“As modalidades de espectáculos ao vivo que mais se destacam no número de sessões realizadas foram o teatro com 6161 sessões (correspondendo a 41,2% do total) e a música com 5368 sessões (35,9% do total), que em conjunto totalizaram 77,1% das sessões”, lê-se no relatório do INE, que destaca os concertos como a modalidade com maior número de espectadores (cerca de 1,2 milhões, menos 7,8 milhões do que em 2019), com a música clássica, barroca e antiga (10,5%) a ter mais público que o pop/rock (8,8%). Apesar da queda no número absoluto de espectadores, o público do teatro parece ter sido mais resiliente do que o dos demais segmentos, ficando com 26,7% da assistência total dos espectáculos ao vivo (em 2019 tinha uma fatia de 12,9%).

Quanto ao preço médio dos bilhetes, desceu para os 17,8€ (20,8€ em 2019), com os preços mais baixos a serem praticados nos espectáculos de folclore (5€) e dança moderna (8,5€). A Área Metropolitana de Lisboa (AML) foi a que apresentou o preço médio por bilhete mais elevado: 23€, contabilizando tanto as sessões diurnas como as nocturnas de todas as modalidades. Seguem-se as regiões do Norte e do Algarve, com 13,3€ e 12,5€ respectivamente. As regiões autónomas registaram o preço médio mais baixo (7,2€, nos Açores, e 8,7€, na Madeira). Relativamente à percentagem de espectadores, bilhetes e receitas, a AML destaca-se novamente, com 39,9% dos espectadores, 55,3% dos bilhetes vendidos e 70,7% do total das receitas de bilheteira.

O cinema perdeu 75,5% dos espectadores

O sector dos espectáculos ao vivo não foi o único a sentir o impacto da pandemia e dos vários confinamentos. Em 2020, num total de 276.982 sessões (-58,1% do que em 2019), registaram-se 3,8 milhões de espectadores, verificando-se uma diminuição em 11,7 milhões (-75,5% do que em 2019). A taxa de ocupação das salas de cinema foi de 7,1%. Até agora, a mais baixa taxa de ocupação tinha sido registada em 2014, com o valor de 10,5%. Quanto às receitas de bilheteira, apesar de a receita média por espectador (5,4€) se ter mantido inalterada relativamente a 2019, verificou-se uma diminuição de 62,6 milhões de euros (-75,3%).

Relativamente à produção cinematográfica, produziram-se em Portugal 49 filmes (-25,8%), dos quais oito são de autoria nacional. Por género, os filmes de ficção representaram quase metade dos filmes produzidos (49%), seguidos de documentário (36,7%) e animação (14,3%). Os 93 filmes apoiados (-5,1% do que no ano anterior) repartiram-se entre ficção (53,8%), documentário (29,0%) e animação (17,2%). Na produção cinematográfica nacional, registou-se uma diminuição de 36,2% no número de filmes estreados (30 ao todo), dos quais 24 são de ficção, quatro de documentário e dois de animação.

Menos 14,1 milhões de visitantes nos museus

Num total de 668 museus e palácios em actividade em Portugal continental e Ilhas, foram considerados para fins estatísticos apenas 414, que em conjunto registaram 5,7 milhões de visitantes, menos 14,1 milhões (-71%) do que em 2019. Dos 5,7 milhões, 2 milhões são estrangeiros (menos 8,3 milhões), correspondendo a 35,5% do total de visitantes nos museus (eram 52,3%). Por museu, verificou-se um número média de visitantes de 13.854 mil.

Os cinco museus e palácios mais visitados foram o Palácio Nacional da Pena, o Museu dos Clérigos, o Museu Coleção Berardo, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves e o Paço dos Duques de Bragança, que em conjunto receberam cerca 1,5 milhões de visitantes, dos quais 20,6% eram estrangeiros. Em 2019, o mesmo número de museus e palácios recebeu, em conjunto, 5,3 milhões de visitantes (1,5% eram estrangeiros).

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