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Na montra, a figura esbelta de um flamingo cor-de-rosa mescla-se com um gira-discos clássico. A escultura causa estranheza a quem passa na Rua Presidente Arriaga, nas Janelas Verdes, a dois passos do Museu Nacional de Arte Antiga. Ali dentro a arte é outra.
Luca Colapietro, um italiano a viver em Lisboa, é o rosto atrás da Surrealejos, uma marca que pega na azulejaria portuguesa e lhe dá uma pitada de surrealismo. Troncos humanos unidos a cabeças de raposa ou pandas impecavelmente vestidos de fato e perna cruzada são algumas das imagens decalcadas nos azulejos, oriundos de uma fábrica nas Caldas da Rainha.
![Loja Surreal Azulejos](https://media.timeout.com/images/105888606/image.jpg)
Com carreira na área da publicidade enquanto director de arte, Luca, natural de Bari, mudou-se para a capital portuguesa há cerca de sete anos sem planos. “Estava farto de trabalhar para os clientes e mudei-me para Lisboa sem projectos. No início ainda trabalhei numa agência durante alguns meses, mas depois tive esta ideia e deixei o trabalho na agência”, recorda. Deambulando pela cidade encantou-se pelos azulejos tipicamente portugueses. “Em Lisboa encontram-se em todo o lado e ficou na minha cabeça a ideia de fazer uma versão nova, surreal”, conta.
Pôs mãos à obra, criou a marca, o site, e lançou-se com uma loja na Calçada de Santo André. Ao mesmo tempo, aventurou-se em projectos especiais como um painel surrealista para um restaurante ou as paredes de uma casa de banho. Porém, a pandemia obrigou-o a abrandar e ditou mesmo o encerramento do espaço físico no final de 2020. “Estava farto de abrir e fechar, então pensei em ficar só online. Tinha o website, por isso já estava tudo preparado”, explica.
“A ideia não era abrir novamente, mas agora a situação está um pouco melhor e encontrei este espaço aqui. Está dentro do meu budget e a zona é fixe”, diz. “É bom porque é uma montra. Normalmente os turistas compram aqui ou vêm e encomendam online”, acrescenta, reconhecendo que a clientela é sobretudo turística. A nova loja abriu há três semanas num espaço pequeno, tal como a anterior, repleto de azulejos, ora individuais, com gancho, para pendurar na parede (10-20€), ora com cortiça (20€), “para pôr coisas quentes em cima”.
Rua Presidente Arriaga, 100 (Janelas Verdes). Seg-Sáb. 10.30-18.30.
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