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Esta “Patrõa” põe o trabalho doméstico não remunerado à vista de todos

O chileno Elianyuri criou um estendal que à noite se ilumina. É uma crítica às assimetrias de género, que têm colocado as mulheres num lugar de subserviência.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
“A Patrõa e O Tempo”
Fotografia: Francisco CroccoInstalação “A Patrõa e O Tempo", de Elianyuri
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A “Patrõa” saiu à rua, pela primeira vez, no ano passado. O artista chileno Elianyuri estendeu a instalação numa das varandas da Rua Arronches Junqueiro, durante a Mostra de Artes Performativas em Setúbal. Agora, o estendal, que à noite se ilumina, chega a Lisboa. A partir de 6 de Maio, “A Patrõa e O Tempo” poderá ser vista também como exposição, na Apaixonarte, na Rua Poiais de São Bento. A ideia é chamar a atenção e promover o debate acerca do tempo investido pelas mulheres na realização das tarefas domésticas.

“É um foco de luz apontado às assimetrias de género que existem pelo mundo e que colocam as mulheres da casa num lugar de subserviência silenciosa. Retirando-lhes um dos bens mais preciosos e irrecuperáveis: o tempo”, lê-se em comunicado da Apaixonarte, que convidou Elianyuri a levar o projecto para dentro de quatro paredes, onde decorre a maioria do trabalho doméstico. “Estende-se, assim, uma linha de pensamento, do exterior para o interior, que de forma cénica nos remete para a obscura essência da matéria que o artista aborda.”

A inauguração da exposição, que ficará patente até 4 de Junho, está marcada para 6 de Maio, entre as 18.00 e as 20.30. O título, “A Patrõa e O Tempo”, refere um termo coloquialmente usado pelos companheiros das mulheres, que as nomeiam como gestoras do lar, um cargo de decisão limitado à esfera das lides domésticas. “O tempo-livre dele é sua propriedade. O dela é partilhado, com quem dele necessita e o exige. E assim, anexamos ao tempo outra característica: a liberdade.”

Recorrendo a uma técnica que tem vindo a desenvolver nos últimos anos, que mistura fitas de led e acrílicos para a criação de ambientes intimistas através da luz, Elianyuri evidenciou os contornos das roupas nos estendais, que pautam as paisagens de bairros por todo o mundo como retrato de um trabalho desvalorizado, bem como os dos objectos mais utilizados no quotidiano do lar.

Apaixonarte. Rua Poiais de São Bento 57. Seg-Sex 11.00-19.00 e Sáb 11.00-18.00. Entrada livre.

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