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O Diário de Uma Princesa Desastrada
© Arlei Lima/ Time Out LisboaMaidy Lacerda, autora de O Diário de Uma Princesa Desastrada

Esta princesa é um desastre, mas quem disse que ser princesa é fácil?

Maidy Lacerda é uma ladra de diários. Pelo menos é o que se ouve por aí. Para desfazer o rumor, conversámos com a youtuber e autora brasileira.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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São mais de um milhão e 68 mil seguidores só no canal Dear Maidy, onde Maidy Lacerda partilha teorias, curiosidades e todo o género de informações acerca de filmes de animação e cultura pop. Mas não temos dúvidas que o número não só continuará a crescer, como a incluir cada vez mais fãs portugueses. Depois da publicação de O Diário de Uma Princesa Desastrada, que a brasileira de Minas Gerais alega ter encontrado no fundo do seu armário (não será da sua imaginação?), não há ninguém capaz de a parar. Nem mesmo uma rainha com uma história triste. Calma, calma, prometemos não fazer spoilers. A não ser, claro, que nada vai acabar bem. É que, como sugere o título do seu livro de estreia, a Princesa Amora não é perfeita nem graciosa. Felizmente, ninguém sabe que ela é uma princesa. Infelizmente, toda a gente acha que ela é apenas a Florentina, a menina desastrada de que ninguém gosta, especialmente o seu arqui-inimigo Scorpio.

De uma forma misteriosa, o diário da Amora apareceu na minha casa. Não peguei, apareceu, e daí resolvi compartilhar com o mundo essa história, mas a Amora não gostou muito disso, não. De vez em quando recebo ameaças”, brinca a autora, que já tem um segundo diário na sua posse e prevê lançá-lo, no Brasil, no próximo mês de Julho. Originalmente publicado em 2022, O Diário de Uma Princesa Desastrada só chegou a Portugal este ano, pela Planeta Júnior. “Na verdade, a princesa foi inspirada em mim, na minha infância. Era uma criança completamente desastrada, igual à nossa princesa Amora, e várias coisas desastrosas que aconteceram com ela aconteceram comigo, como a professora não gostar dela e ter um menino embirrando na escola”, revela, mencionando os episódios de bullying “por ser diferente”. “Eu quis trazer isso para mostrar que cada criança, cada pessoa, é perfeita do seu jeitinho, mesmo que os outros julguem esse jeito.”

Formada em cinema e audiovisual, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Maidy Lacerda, que também é modelo e actriz freelancer, é sobretudo conhecida como youtuber e produtora de conteúdos, inclusive para o Instagram, onde partilhou recentemente um pouco sobre a sua primeira vinda a Portugal, desde a presença na Feira do Livro de Lisboa até às escapadinhas gastronómicas (adorou os pastéis de nata!). Mas o gosto por livros – e contos de fadas em particular – sempre esteve presente na sua vida. Quando era miúda e sonhava ser princesa, escreveu vários diários cheios de desgraças. Publicar um livro, um dia, quem sabe, era um sonho antigo. Foi por isso que, assim que surgiu a oportunidade, não hesitou nem um segundo em pôr a sua criatividade em prática. Na verdade, o seu primeiro livro era para ser completamente diferente. Mas a princesa Amora — ilustrada por Renata de Souza — trocou-lhe as voltas. “Eu estava a escrever uma coisa mais adolescente. Mas veio-me essa ideia, comecei a escrever três meses antes do lançamento no Brasil, e deu super certo.”

Tudo começa quando a Princesa Amora Maria Florentina de Florentia recebe um diário de presente. Ao que parece, é filha de uma fada, que também é uma rainha, a Rainha Stena de Florentia, um reino muito distante dos outros reinos, rodeado por altas montanhas cobertas de flores venenosas. De onde vêm essas flores? É uma longa história, mas Amora – conhecida por Florentina na Escola Para Pessoas Não-Mágicas, que frequenta a contragosto – não hesita em contá-la do princípio ao fim. Pelo meio, há muitas trapalhadas, claro. É que, ao contrário da mãe e da irmã mais nova, tem um total de zero poderes. E, na cabeça da Amora, isso equivale a um total de azar infinito. Por culpa de Olivia, a sua irmã nada boazinha, e Scorpio, o seu colega super malvado. Felizmente, a sua nova colega, Lila, não só não a acha estranha, como alinha em todos os seus planos mirabolantes e muito pouco angelicais. É ao acompanhá-las que descobrimos mais sobre Florentia e os seus habitantes.

“Desde o início que quis criar a história da forma mais diversa possível e espero expandir isso ainda mais nos próximos livros, trazendo mais personagens [inclusivas, em termos de identidade e orientação sexual, por exemplo] para que mais pessoas leitoras se identifiquem e se sintam acolhidas. Porque é muito gostoso quando a gente pega num filme ou num livro e se vê na história”, diz Maidy, antes de prometer outra coisa gostosa: mais receitas culinárias típicas de Florentia. “Como a princesa Amora, a cozinhar não sou muito boa, mas gosto muito de comer. Até tenho estes brincos da torta de maçã-alada caramelizada, a sobremesa favorita da princesa Amora”, conta, entre risos. “Talvez um dia haja um livro de receitas da senhora Dulce [a cozinheira do palácio do reino de Florentina].” Por enquanto, podemos encontrar uma ou outra no blogue O Diário de Uma Princesa Desastrada, onde Maidy vai partilhando mais novidades no Jornal Florim, incluindo contos gratuitos.

O Diário de Uma Princesa Desastrada, de Maidy Lacerda (texto) e Renata Souza (ilustração). Editora Planeta Júnior. 256 pp. 14,90€

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