A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar

Este bar não é só para Camones

Escrito por
Clara Silva
Publicidade

Funciona desde o mês passado no espaço do antigo Estrela, na Graça, e tem sessões de cinema com pipocas, open mic, concertos e sofás para toda a gente – até para cães. Fomos conhecer o Camones.

Na escada que sobe para o Camones, multiplicam-se as fotografias da outra vida do bar que há 85 anos abria como Grupo Recreativo Estrela de Ouro, no bairro operário Estrela d’Ouro, na Graça.

A avaliar pelas fotografias agora expostas na parede, o clube do bairro criado há mais de 100 anos pelo galego Agapito Serra Fernandes tinha por hábito juntar à mesa nas comemorações do seu aniversário o mesmo número de crianças que as velas do bolo: 36 por ocasião do 36º aniversário, 37 para 37 velas e por aí fora.

A vida do clube recreativo foi interrompida algures no tempo para se transformar num “casino clandestino à porta fechada”, conta Cláudia Loureiro, a responsável pelo novo bar que ali funciona desde Setembro, depois de grandes obras de recuperação.

Antes de ser o Camones, e até 2017, o espaço acolheu as noites semanais Estrela Decadente, com jantares vegan, concertos, exposições e DJ sets. Talvez pelo historial de problemas com os vizinhos por causa do barulho, agora o Camones fecha cedo, à meia-noite no máximo, mesmo aos fins-de-semana.

Duarte Drago

“Ao contrário do que aconteceu nos outros anos, em que era um espaço à porta fechada, aqui o objectivo é ser mesmo um espaço de porta aberta”, reforça Cláudia.

De quinze em quinze dias, à terça, o Camones organiza sessões de open mic abertas a todos. “Já tivemos desde um senhor que vinha contar anedotas, mas esqueceu-se e decidiu fazer uma reflexão, a uma professora de Matemática que veio fazer charadas”, recorda.

Às quintas e domingos há sessões de cinema gratuitas com pipocas (a de quinta mais para adultos e a de domingo mais “familiar”) e à sexta há sempre música ao vivo – por enquanto com concertos também gratuitos.

Duarte Drago

A ideia é que funcione como uma “sala de estar”, onde até os cães (no máximo quatro ao mesmo tempo) são bem-vindos, diz Cláudia. Aliás, o espaço tem a sua própria mascote, o Loopy, que normalmente recebe os clientes à porta.

No fundo, é como se estivéssemos em casa de um amigo. Há puffs e sofás, mesas onde se pode beber um copo de vinho (Reguengos, a 4,5€) ou uma cerveja (a artesanal Oitava Colina, feita no bairro, 4€), hambúrgueres e tostas para matar a fome e mobília com história.

Alguns pratos na parede foram comprados na Feira da Ladra, os discos e livros a pessoas do bairro, a bicicleta na parede, Julieta, pertencia a Cláudia e já não era usada há algum tempo, a arca azul foi encontrada na rua e os instrumentos foram deixados pelos músicos que ali costumam tocar.

Há também uma máquina de setas e outra de Pac Man (!) e em breve haverá matraquilhos.

Quanto ao nome, inspirado por uma amiga varina da Madragoa que está sempre a referir-se aos turistas como “camones”, a ideia é retirar-lhe a carga negativa “Os portugueses também são camones no estrangeiro e vamos projectar documentários sobre o que é ser português lá fora”, conta Cláudia.

Além disso, é levar mesmo a palavra à letra e dizer a toda a gente, turistas ou não: “Come on, venham”, desafia Cláudia.

Rua Josefa Maria, 4-B (Graça). Seg-Dom (fecha à quarta) 17.00-23.00

+ Os novos bares em Lisboa que tem mesmo de conhecer

Últimas notícias

    Publicidade