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O Duelo
© Inês Viegas OliveiraO Duelo

Este livro infantil convida-nos a virarmos costas à guerra

Em tempo de guerra, nunca é cedo demais para ensinar as crianças a dizer não ao ódio. A sugestão é de Inês Viegas Oliveira, que se estreia na literatura infanto-juvenil.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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A curiosidade pelo mundo que nos rodeia levou-a a estudar Física, mas as perguntas continuaram a surgir de tal maneira que, a meio de um mestrado em Matemática, Inês Viegas Oliveira decidiu procurar respostas noutro lado – numa pós-gradução em Ilustração, porque não?! “[O físico teórico] Feynman dizia que a única forma de saber muito bem uma coisa é conseguir explicá-la a qualquer pessoa. E eu, que sempre desenhei, fui-me apercebendo que essa é também uma forma de nos debruçarmos sobre temáticas complexas, como a guerra, e as simplificar”, conta a ilustradora, que agora se estreia na literatura para a infância. Editado pela Planeta Tangerina, O Duelo convida-nos a reflectir sobre conflitos, mas sobretudo sobre fazer as pazes.

A oportunidade de dar vida a este primeiro álbum ilustrado surgiu em 2020, o mesmo ano em que foi a única portuguesa selecionada para a Feira do Livro Infantil de Bolonha. Na sequência de uma candidatura ao Every Story Matters, um programa europeu de incentivo à criação de livros inclusivos, Inês viu o seu talento mais uma vez reconhecido, recebeu mentoria de Isabel Minhós Martins e começou a sonhar com a história de dois homens a discutir num país muito distante e frio. “Durante muito tempo, senti-me demasiado privilegiada para comunicar a partir do ponto de vista de que minoria fosse”, confessa. “Eventualmente, pensei que seria interessante explorar esta ideia de que andamos todos às turras por causa das nossas diferenças quando há tantas coisas boas, bonitas e diferentes à nossa volta.”

A importância de nos lembrarmos como a diversidade torna o mundo colorido e surpreendente é precisamente a moral de O Duelo. Quando tudo começa, o protagonista escreve uma carta ao seu adversário, o senhor Rostov, com quem combinou andar aos disparos – mas só depois de, costas com costas, darem pelo menos cem passos. À medida que se vão afastando, os sentimentos de raiva vão desaparecendo e o mundo torna-se cada vez mais cheio de perdão e afecto. “As ilustrações [feitas não com um mas vários materiais e técnicas] guiam o leitor nessa viagem, de um estado de espírito para outro”, remata Inês.

Planeta Tangerina. 64 pp. 13,90€

Este artigo foi originalmente publicado na revista Time Out Lisboa, edição 659 — Outono 2022.

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