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The Equal Food Co.
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Estes cabazes de comida “imperfeita” combatem o desperdício alimentar

Uma caixa de produtos “feios”, mas frescos e saborosos. É esta a proposta da The Equal Food Co para combater o desperdício e promover a economia circular.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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Todos os anos, cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo vão parar ao lixo – milhares de toneladas só porque o seu formato, cor e calibre não respeitam os padrões estéticos da indústria. Juntos, Alberto Mojtar e Lukas Friedmann estão a tentar inverter as estatísticas. “É importante começarmos a tratar os produtos todos da mesma forma, porque eles não deixam de ser nutritivos nem saborosos só porque são feios”, alertam os responsáveis pela The Equal Food Co, dedicada a comercializar cabazes a partir de excedentes, que de outra forma os produtores não conseguiriam escoar. Entregues directamente à sua porta, contêm até nove quilos de fruta, verduras, legumes e superalimentos, como cogumelos, ovos e abacates.

Focada na economia circular e na sustentabilidade do planeta, a startup arrancou ainda antes do primeiro confinamento, com venda directa ao sector da restauração. Alberto e Lukas acabaram por ser forçados a reformular o negócio, mas o objectivo manteve-se o mesmo: identificar áreas com excedente em Portugal e Espanha e comercializar esses produtos, que por terem manchas, formas estranhas ou tamanhos “fora do padrão” acabam, frequentemente, em aterros sanitários. “As razões para um produto não ser vendido através dos canais de distribuição tradicionais variam. Por exemplo, com os morangos e as framboesas é o estado de maturação”, conta-nos Alberto. “Como é um produto perene, ou é congelado ou tem de chegar ao consumidor mesmo, mesmo rápido. E aí coloca-se outro problema: o nível de optimização da própria cadeia agroalimentar.”

The Equal Food Co
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Independentemente da causa do desperdício, da ineficiência das infraestratuturas aos maus hábitos de consumo, é importante perceber a extensão do problema, que tem graves impactos em recursos naturais como a água, a energia e o próprio solo. Mas, mais do que isso, fazer parte da solução. Neste caso, pode ser tão simples como mandar vir um cabaz “Igualmente Delicioso” (23€-25,56€), ao mesmo tempo que poupa até 40% face ao preço de mercado.

Desde as cenouras de Setúbal às framboesas do Alentejo, passando pela batata doce de Torres Vedras e as cerejas do Fundão, a oferta standard contém entre 18 a 20 tipos de frescos, que variam de acordo com a colheita regional e sazonal. Só tem de se decidir entre a versão com ovos biológicos, de galinhas criadas ao ar livre, ou a vegan, com uma dose adicional de cogumelos (os cabazes incluem sempre um saco de 250 gramas).

Se preferir, há ainda uma opção mais económica, por 15,90€, que promete ser o suficiente para alimentar uma a duas pessoas durante uma semana, mas não inclui ovos e tem menos “produtos especiais” (vai rodando entre abacates, cogumelos e morangos).

Com entregas totalmente grátis todas as quintas-feiras, entre as 8.30 e as 19.30, as encomendas devem ser feitas até domingo da semana anterior. “Por agora, só vendemos para Lisboa e arredores [como a Linha de Cascais, a zona sul de Sintra e Almada]. Mas gostávamos de crescer”, confessa Alberto. “A expansão é um processo logístico complexo, por isso estamos focados em dar um passo de cada vez.”

The Equal Food Co
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Parte do movimento nacional Unidos Contra o Desperdício, a The Equal Food Co já salvou cerca de 30 toneladas de comida e ajudou mais de 30 agricultores regionais desde a sua criação, no início do ano passado. Vencedora do Santa Casa Challenge em 2020, a empresa está ainda na corrida por um prémio total de cinco mil euros, no âmbito do RISE for Impact, o programa de aceleração da Casa do Impacto, para startups que promovam soluções ligadas aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.

“Trabalhei anos na banca de investimento e não tinha qualquer experiência no sector da alimentação, mas fiz muitas viagens e comecei a aperceber-me que [na Europa] desperdiçamos porque podemos. Jogar fora uma banana ou uma maçã ao final do dia são só 20 cêntimos. Mas na Índia não, a comida é sagrada, porque há muitas pessoas a passar fome”, alerta Alberto. “É difícil ter essa percepção, quando se trabalha na cidade, se vai ao supermercado e se come fora 80% das vezes. Depois de ver como se vive noutras partes do mundo, sente-se uma inquietude, uma urgência em mostrar como, mais do que ser possível, é necessário ser sustentável e criativo na forma como se gerem os recursos.”

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