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Estes são os 100 melhores livros do século XXI, segundo ‘The New York Times’

‘A Amiga Genial’, volume inaugural da tetralogia da enigmática Elena Ferrante, encabeça a lista do jornal norte-americano. Hilary Mantel, Roberto Bolãno ou Kazuo Ishiguro fazem parte do top 10.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Jardim da Estrela
Gabriell Vieira | Jardim da Estrela
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O The New York Times Book Review, o suplemento literário do principal jornal norte-americano e uma das publicações de críticas de livros mais influentes do sector, decidiu celebrar os primeiros 25 anos do século XXI com um “projecto ambicioso: tentar determinar os livros mais importantes e influentes da época”. Para isso, contou com a ajuda de 503 votantes, entre romancistas, escritores de não ficção, académicos, editores, jornalistas, críticos, poetas, tradutores, livreiros e bibliotecários, incluindo, por exemplo, Stephen King e Bonnie Garmus. E A Amiga Genial, o volume inaugural da tetralogia da enigmática Elena Ferrante, acabou a encabeçar a lista.

A par de George Saunder – que surge em 18.º com Lincoln no Bardo, em 54.º lugar com Dez de Dezembro, e em 85.º com Pastoralia –, Elena Ferrante é um dos dois únicos autores com três livros entre os 100 melhores. História da Menina Perdida, o volume que encerra a saga napolitana, ficou em 80.º lugar, e o romance Dias de Abandono (que não pertence à tetralogia) em 92.º. Além disso, a italiana é das poucas autoras traduzidas numa lista claramente dominada por autores anglo-saxónicos. Neste sentido, destacam-se também o chileno Roberto Bolaño, que ocupa a 6.ª posição graças ao seu romance 2666; e o alemão W.G. Sebald, em 8.º lugar, com Austerlitz.

Já em 2.º lugar, quebrando outra hegemonia (a do romance), surge The Warmth of Other Suns, de Isabel Wilkerson, que procura reconstituir a migração dos afro-americanos do Sul para o Norte e o Oeste dos EUA. O livro ainda não tem tradução portuguesa, mas a Cultura Editora lançou recentemente uma outra obra da mesma autora, Castas. As Origens do Nosso Descontentamento, que analisa os sistemas de castas nos EUA, na Alemanha nazi e na Índia.

O restante top 10 inclui o romance histórico Wolf Hall, que Hilary Mantel dedica a Thomas Cromwell. Segue-se The Known World, de Edward P. Jones, sobre um escravo negro da Virgínia que veio a ser, ele próprio, proprietário de escravos; Correcções, de Jonathan Franzen, uma saga familiar que é também um retrato dos EUA na viragem do milénio; e, entre Bolãno e Sebald, A Estrada Subterrânea, de Colson Whitehead, que se centra na vida dos escravos negros nas plantações dos estados sulistas. Em 9.º e 10.º lugar, respectivamente, surgem Nunca Me Deixes, de Kazuo Ishiguro, prémio Nobel da Literatura de 2017, e Gilead, de Marilynne Robinson, uma narrativa epistolar que narra a autobiografia ficcionada de um pastor congregacionista do Iowa.

Como é que foi criada a lista?

A ideia era que cada um dos 503 votantes fizesse uma selecção dos dez melhores livros do século XXI, seguindo uma única regra: tinham de ter sido publicados nos EUA, em inglês, a partir de 1 de Janeiro de 2000. “Depois de votarem, os inquiridos tiveram a possibilidade de responder a uma série de perguntas em que escolhiam o seu livro preferido entre dois títulos seleccionados aleatoriamente. Combinámos os dados destas perguntas com as contagens de votos para criar a lista dos 100 melhores livros.”

Além dos autores já mencionados, a lista conta ainda com nomes como Joan Didion (em 12.º, com O Ano do Pensamento Mágico), Cormac McCarthy (em 13.º, com A Estrada), Chimamanda Ngozi Adichie (em 27.º, com Americanah), Zadie Smith (em 31.º, com Dentes Brancos), Annie Ernaux (em 37.º, com Os Anos), Donna Tartt (em 46.º, com O Pintassilgo), Marjane Satrapi (em 48.º, com Persepolis) e Lucia Berlin (em 79.º, com Manual Para Mulheres de Limpeza).

Outra curiosidade: os livros mais recentes na lista são todos de 2022. Confiança, de Hernán Diaz (50.º lugar); Lealdade, de Hua Hsu (58.º lugar); Demon Copperhead, de Barbara Kingsolver (61.º lugar); De Amanhã em Amanhã, de Gabrielle Zevin (76.º lugar); e a septologia de Jon Fosse (78.º lugar).

Se quiser, a lista completa está disponível online, no site do The New York Times, onde é possível descobrir em quem votaram os seus autores favoritos, bem como submeter a sua própria selecção dos dez melhores livros do século XXI.

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