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Anna Correa
© Claudia Córdova ZignagoRosa Cuchillo (Rosa Faca), de Anna Correa, abre o festival no dia 31 de Outubro

Eufémia está de volta à cidade a partir de 31 de Outubro

A programação do festival, que este ano se prolonga até 5 de Novembro, inclui espectáculos, concertos, formações, conversas e mostras de fotografia.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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O Festival Eufémia procura promover a reflexão crítica sobre o universo das mulheres nas artes performativas. A segunda edição arranca a 31 de Outubro e prolonga-se até 5 de Novembro, na Biblioteca de Marvila, no Auditório Camões e no Mercado de Culturas. A programação inclui espectáculos, concertos, formações em artes cénicas, conversas e mostras de fotografia, com a participação de, como se lê em nota da iniciativa, “pessoas com identidades diversas, que expressam, resistem e transformam a partir do compromisso de construir uma ligação entre a criação artística, a sua história pessoal e os contextos sociais e políticos concretos em que estão inseridas”.

O grupo Eufémias nasceu em 2020, pelas mãos de seis artistas, investigadoras e formadoras da Argentina, do Brasil e de Portugal. Um ano depois, o Festival Eufémia – que procura alertar para as lutas pela igualdade de oportunidades, para as denúncias contra as diferentes violências sistémicas e para a importância e urgência de fazer algo para expôr todas as formas de opressão, dependência e violação de direitos – estreou-se em 2021. Agora, em 2023, propõe-se uma segunda edição, focada em “Perspectivas de Género e Identidades em Cena”, com espectáculos de teatro e performances de mulheres oriundas de países como a Argentina, o Brasil, a Palestina, o Peru e Portugal.

“Politicamente engajadas e com fortes mensagens artísticas e sociais a transmitir”, como se lê na mesma nota da organização, as propostas sustentam-se em dramaturgias que abordam temas como a cosmovisão andina, a história de mulheres palestinianas no exílio ou processos de auto-ficção que destacam a potência performativa de corpos dissidentes. Destaca-se, por exemplo, Corpo na Trouxa, da palestiniana Shahd Wadi, que no dia 2 de Novembro, às 15.15, sobe ao palco do Auditório Camões para partilhar a história da sua família e da trouxa que embrulha a vida de um corpo que reside na “fronteira”, também como um manifesto de resistência. Mas há mais para ver.

No dia de abertura do festival, 31 de Outubro, véspera de feriado, estreia Rosa Cuchillo (Rosa Faca), de Anna Correa, sobre uma mãe que procura, além da morte, o seu filho desaparecido. Com apresentação marcada para a Biblioteca de Marvila, às 21.00, a acção cénica foi criada para ser apresentada em mercados andinos do interior do Peru. A entrada é livre, mas é necessário reservar o seu lugar online, no site do festival. Segue-se, a 1 de Novembro, à mesma hora e no mesmo local, mas com entrada paga (5€-8€), a estreia de Blanca es la Noche, de Julia Varley, que se inspirou em poemas de Hilda Hilst e na história da poeta italiana Alda Merini, que passou anos da sua vida num hospital psiquiátrico, tendo conseguido sobreviver graças à escrita dos seus poemas.

No dia 2, além do já mencionado Corpo na Trouxa no Auditório Camões, está prevista uma palestra-ritual performativa na Biblioteca de Marvila, às 21.00. Criada por Sanara Rocha, Entre pele, sangue e ossos (5€-8€) aborda o tabu que é o sangue menstrual feminino e como há lugares que interditam a entrada de mulheres com o período em determinados espaços. Já no dia seguinte, 3 de Novembro, às 21.00, a Biblioteca de Marvila acolhe Confissões, uma performance a solo de Ana Correa, que irá partilhar com os espectadores seu processo criativo em constante diálogo com as personagens criadas nas obras do seu grupo, Yuyachkani, sobretudo as que surgiram durante o período da violência política no Peru.

A programação, que se prolonga até dia 5, inclui ainda duas performances na Biblioteca de Marvila. Focada em falar sobre a experiência de habitar os lugares de outrem, From Above/Do Alto, de Sílvia Almeida, tem sessões marcadas para os dias 1, 2 e 3, das 19.00 às 20.30, e no dia 4, das 15.00 às 16.00 e das 19.00 às 20.30; e Exercício para Performers Medíocres, de Tita Maravilha, que se baseia no processo de auto-ficção da performer e na meta-linguagem contemporânea do humor e tem sessão marcada para dia 4, às 21.00. No dia seguinte, 5 de Novembro, há uma parada final pelas ruas de Marvila, que reúne participantes das formações que se vão realizar no âmbito do festival.

Além dos espectáculos, haverá várias propostas a acontecer em paralelo, como as formações em artes cénicas (cinco ao todo, com vagas limitadas e um passe geral para as frequentar, cujo preço varia entre os 65€ e os 75€), mas também quatro conversas (sobre dissidentes, linguagem inclusiva, políticas culturais e activismo e até género e resistências na literatura) e três concertos (Fio à Meada no dia 31 de Outubro, Rosana Peixoto a 4 de Novembro e Fado Bicha a 5). Para não perder pitada, o melhor é consultar a agenda completa online.

Biblioteca de Marvila, Auditório Camões e Mercado de Culturas. 31 Out (Ter)-5 Nov (Dom). 5€-8€. Para os espectáculos de entrada livre, é necessário fazer reserva no site do festival

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