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Família reúne-se em homenagem: o fado de Celeste Rodrigues está vivo

Luís Filipe Rodrigues
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Luís Filipe Rodrigues
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Camané, Katia Guerreiro e muitos outros grandes fadistas portugueses vão prestar uma última homenagem a Celeste Rodrigues, esta quinta-feira, no CCB. Diogo Varela Silva, o neto, é o encenador do espectáculo.

Durante mais de 70 anos, Celeste Rodrigues deu a voz à canção de Lisboa. Foi uma referência para sucessivas gerações de fadistas e só parou de cantar quando morreu, em Agosto passado. Para este ano, já tinha datas marcadas em França e na América do Sul. E esta quinta-feira iria cantar no Centro Cultural de Belém.

“A Celeste morreu, mas morreu em actividade”, sublinha Diogo Varela Silva, o seu neto e o encenador do derradeiro concerto de homenagem à fadista. “Quando este espectáculo foi anunciado era ela quem ia cantar. E o Museu do Fado teve a ideia de fazer um tributo à Celeste, aproveitando a data que já estava marcada e convidando alguns dos artistas que estavam mais ligados a ela. Faltam alguns, que não puderam participar porque já tinham outros compromissos. Mas, mesmo assim, temos ali a primeira divisão do fado.”

Não é exagero falar numa “primeira divisão no fado”. Entre os cantores que vão passar pelo Grande Auditório do CCB na quinta-feira estão Ana Sofia Varela, Camané, Duarte, Fábia Rebordão, Helder Moutinho, Jorge Fernando, Katia Guerreiro, Mísia, Pedro Moutinho, Ricardo Ribeiro, Sara Correia e Teresinha Landeiro. A acompanhá-los vão estar André Ramos, na viola de fado, Francisco Gaspar, na viola baixo, Pedro de Castro e o bisneto de 15 anos de Celeste, Gaspar Varela, nas guitarras portuguesas.

Gaspar ainda vai dar muito que falar. É um jovem talento da guitarra portuguesa e estreou-se em palco com apenas sete anos, a acompanhar a avó. “Foi o concretizar de um sonho”, recorda. “Foi por causa dela que comecei a tocar guitarra.” Por estes dias, o guitarrista está lançado. Já tocou sozinho no CCB e na semana passada foi ao Lux. Lançou um disco no ano passado. Chegou a acompanhar Ana Moura. “Mas não foi a mesma coisa que estar a acompanhar a minha avó. Ela era a minha maior referência”, diz, emocionado.

O elenco vai cantar e tocar apenas “temas de criação da Celeste, que felizmente tinha um repertório próprio muito grande. Cada fadista cantará uma canção”, revela o neto. “E temos duas estreias. Vamos mostrar inéditos da Celeste que ninguém conheceu e que foram gravados por ela ainda com 95 anos. Foram as últimas coisas que gravou, uma delas até relativamente pouco tempo antes de morrer.” Tudo acompanhado por vídeos da autoria de Sebastião Varela, mais um dos bisnetos da fadista.

Este concerto será, provavelmente, a única oportunidade para ouvir toda esta gente a despedir-se de Celeste Rodrigues. Porque não é fácil reunir tantos artistas para um concerto, e não se pode fazer um concerto destes sem eles. “As pessoas que vão estar no espectáculo são pessoas que realmente gostavam da Celeste e de quem ela gostava”, conclui Diogo Varela Silva. “São uma boa representação da família fadista que ela tinha.” 

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