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Feira Gráfica de Lisboa volta para mostrar a resistência de continuar a publicar

A 3ª Feira Gráfica Lisboa arranca sábado, no Pavilhão Branco das Galerias Municipais, com mais de 100 trabalhos.

Escrito por
Maria Monteiro
Feira Gráfica Lisboa
Filipa Pinto MachadoFeira Gráfica Lisboa
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Para artistas, autores e editores que se dedicam à produção editorial em pequena escala, a luta pela subsistência não é exactamente novidade. Bem antes da pandemia, já faziam hábito da teimosia para contrariar as dificuldades inerentes à produção, distribuição e apresentação da micro-edição – ainda mais necessária face à massificação e preponderância do suporte digital em relação ao papel.

“Estas publicações muitas vezes são de nicho e isso também é um gesto de resistência, porque fazem algo que outras editoras e criadores não fazem”, explica Emanuel Cameira, fundador da editora Barco Bêbado e co-curador da Feira Gráfica Lisboa, a par de Filipa Valladares, Gonçalo Duarte e Xavier Almeida. A terceira edição, que apropriadamente se apresenta sob o conceito “Continuar a Publicar!”, decorre entre 3 e 11 de Outubro no Pavilhão Branco das Galerias Municipais de Lisboa.

Além de se mudar do Mercado de Santa Clara para as instalações da EGEAC no Campo Grande, evidenciando a sólida colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, a feira assume uma configuração diferente, para se adaptar às limitações da actualidade. Em vez da habitual disposição em bancas, as publicações escolhidas serão mostradas numa exposição. “Este formato obriga a uma selecção mais reduzida, mas mantém a intenção de dar a ver ao público aquilo que é feito neste segmento da produção cultural”, reconhece Emanuel Cameira. 

Apesar dos condicionamentos, o evento continua a apostar na diversidade e traz, este ano, mais de uma centena de publicações independentes, como livros, revistas, jornais culturais, fanzines, cartazes ou serigrafias de vários artistas e colectivos nacionais.

Feira Gráfica Lisboa
Filipa Pinto MachadoFeira Gráfica Lisboa

De acordo com Bernardo Gaeiras, da Câmara Municipal de Lisboa, “neste contexto de crise não só sanitária, mas económica e financeira, nomeadamente na cultura, torna-se ainda mais importante fazer esta feira”. Esta acaba por ser uma plataforma de promoção e divulgação de “agentes e sectores que normalmente não contam com apoios institucionais”. Estarão representados Ana Baliza, Alex Vieira, Antítese, Barricada de Livros, BCF Editores, Chama | Ficção, Chili Com Carne, Diana Salu, Dois Dias Edições, Douda Correria, Filipe Felizardo, Gabinete Paratextual, Ghost editions, Homem do Saco, não (edições), Oficina Arara, Sapata Press, Sr Teste, Stolen Books, Urutau e Xavier Paes, entre outros.

Além das publicações propriamente ditas, serão mostrados exemplares de “edição em andamento”, revela Emanuel Cameira. “São provas tipográficas, esboços de capas ou ilustrações e outros materiais que dão origem ao produto final impresso”. Em paralelo com a exposição de micro-edição, a Feira Gráfica Lisboa integra uma “dimensão de reflexão que não se fica apenas pela divulgação passiva das publicações”. Durante o período do evento, haverá um programa online de lançamentos e conversas com temas como Publicar em tempo de pandemia – constrangimentos e oportunidades; Activismo Gráfico – o território da edição como espaço de afirmação identitária; Independência e apoios à edição – uma relação (in)compatível? ou A criação como afronta. “Acredito que as conversas vão ter mais público este ano, muito pelo facto de podermos documentá-las e visualizá-las mais tarde”, opina Bernardo Gaeiras. “[O online] vai permitir chegar a mais pessoas ao longo do tempo.”

Quem quiser adquirir uma publicação, pode fazê-lo presencialmente ou através do site da Feira Gráfica, que redireccionará os visitantes para os sites dos editores para compra directa – com uma nota de 10€ já se consegue levar uma edição bem catita para casa. A entrada é livre, mas está sujeita a lotação limitada.

Pavilhão Branco. Palácio Pimenta (Campo Grande, Lisboa). Ter-Dom 14.30-19.00. Entrada livre

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