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O espaço está aproveitado ao centímetro. Entre a cozinha e as quatro mesas junto à parede, há apenas uma cortina metálica, parcialmente corrida, deixando a preparação à vista de todos. A Tosta abriu em Maio, nos Anjos, e apresenta-se como uma cozinha de sanduíches. O britânico Jake Goosen é o chef de serviço. Mais do que uma forma rápida de forrar o estômago, aqui a sandes é promovida a especialidade gastronómica. No fundo, como resume, é como pegar nos vários ingredientes de um prato e colocá-los entre duas fatias de pão.
"Acreditamos que uma sandes pode ser uma refeição. E também gostamos de dizer que cozinhamos as sandes. Cozinhamo-las lentamente. Se aparecer durante a preparação, vai encontrar carne cozinhada ao longo de horas no forno. Todos os nossos molhos são feitos, fermentados, aqui. A atenção que damos a uma sandes é a mesma que damos a um prato gastronómico, mas com um preço acessível", explica Edouard Tintignac, um dos três sócios responsáveis pelo espaço.

Para Goosen, também ele sócio fundador, uma dentada numa destas sandes pode também ser uma viagem. Com criatividade e alguma experimentação, o antigo chef da Tasca Pete junta ingredientes e trabalha-os na cozinha, até chegar às receitas de conforto que enaltecem a qualidade dos produtos. "No restaurante onde estava anteriormente, sentia dificuldade em manter-me num tipo de cozinha apenas. Aqui, é óptimo porque podemos trabalhar com cozinhas de todo o mundo. As sandes permitem-nos isso", comenta o chef.
Há cinco sanduíches no menu e, em pouco mais de um mês, duas delas já se tornaram praticamente intocáveis. Cubano (10€), a rainha das sandes, é uma mistura compacta e com camadas bem definidas de fiambre fumado, carne de porco desfiada, queijo provolone, maionese picante, salsa verde e mostarda. Tosta Mista (7€), outro êxito da ementa, junta fiambre fumado, brie e provolone, maionese, pimenta e alho negro.

Jerk Chicken (10€) completa o trio de sanduíches quentes, também conhecidas como tostas, com coxas de frango assadas, salsa de abacaxi, sour cream fumado e cheddar. A Smokey Veg (9€) e a Lemon Zuke (9€), ambas servidas em focaccia, completam o cardápio. A primeira, vegana, leva cenoura e beterraba assada, pesto de miso fumado, alface, tomate seco, pepino e babaganoush. A segunda, a mais fresca das receitas, junta curgete, queijo de cabra e parmesão, limão, manjericão e noz pecan.
O menu é curto e quer-se, por isso, dinâmico. "Também é importante mantê-lo interessante para nós", assinala Jake que, em poucas semanas de funcionamento, já teve oportunidade de fazer substituições na carta. A sazonalidade será sempre um critério a ter em conta e um dos próximos ingredientes a entrar na cozinha da Tosta poderão ser os figos. Quanto aos fornecedores, a ideia é manter a cadeia o mais local possível. Há queijos da Ortodoxo, molhos e fermentações feitos em casa e pão da The Marvila Bakehouse. Muitos dos verdes vêm directamente da mercearia ao lado. O mesmo acontece com a carne, comprada num talho da rua.

Para Jake Goosen, a Tosta foi um sonho alimentado durante os últimos anos. "Andava à procura de alguém que me ajudasse a tornar este sonho realidade. Tivemos de nos conhecer. Tomámos café todas as semanas, durante quase um ano, e foi aí que o plano foi sendo desenhado. Quando este espaço apareceu pela segunda vez, foi um agora ou nunca", recorda o chef.
"Não queríamos começar com um sítio muito grande", completa Edouard, proprietário de uma agência criativa, juntamente com Juliette Moreau, a terceira sócia da Tosta. "E os espaços pequenos fazem-te ser mais criativo. Este sítio era tão pequeno que, quando a Juliette estava a fazer o projecto de interiores, tivemos esta ideia – cozinhamos sandes e queremos que as pessoas vejam tudo o que fazemos. Por isso é que se sentam na cozinha", continua. "No início, achámos que, por ser um lugar tão pequeno, íamos abrir a janela e vender sobretudo para fora. Mas não. O espaço tem bom ambiente. As pessoas passam tempo aqui. Não é só pegar e levar", remata.

Conquistada pelo estômago, já existe uma clientela fiel na Tosta. Aficcionados das sandes, que pedem para levar os molhos da casa. O objectivo é vir a ter uma cozinha maior, fechada ao público, onde outros produtos possam ser preparados e novas receitas testadas. Na ementa, os responsáveis também querem ir além das sanduíches. Actualmente, há sempre uma sobremesa no menu – por estes dias, é um cheesecake de kiwi –, mas já se fazem planos para incluir uma salada e, quando o tempo arrefecer, uma sopa. Comida ligeira, é certo, mas cozinhada a preceito, como tudo nesta pequena cozinha de sandes.
Rua do Forno do Tijolo, 29D (Anjos). Qua-Dom 12.00-15.00, 19.00-22.00
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