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Festival Todos
Fotografia: Nicolás Fabian

Festival Todos muda-se para Santa Clara para “acertar o mundo”

A programação, que arranca a 11 de Setembro, vai promover o diálogo entre as antigas freguesias da Charneca e da Ameixoeira.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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Cumprindo a sua vocação nómada, que dita a mudança de casa a cada três anos, o festival Todos está pronto para abraçar um novo território e continuar a sua caminhada intercultural pela cidade de Lisboa. A jovem freguesia de Santa Clara foi a escolhida. Criada em 2013 a partir da fusão da Charneca e da Ameixoeira, é rica em História e em estórias, muitas relacionadas com velhas rivalidades bairristas, que a programação prevista para os dias 11, 12, 18 e 19 de Setembro espera vir a apaziguar.

Para Miguel Abreu, o director do festival, o importante este ano será “acertar a diferença entre o tempo próprio e interior de Santa Clara e o tempo uno do mundo contemporâneo, procurando estimular o pensamento e a acção em busca do tempo certo”. O caminho é, assegura, o da aproximação e valorização das relações com as diferentes comunidades através de um programa rico em espectáculos, exposições, passeios, visitas, experiências e workshops, ao vivo e no digital, que sirva de pretexto para o convívio e nos resgate aos preconceitos.

O primeiro dia, 11 de Setembro, começa pelas 10.30, com uma visita guiada ao palacete da Quinta Alegre (gratuita, mediante inscrição). Mandada construir por Manuel Telles da Silva, 1.º Marquês do Alegrete, é o único exemplar aberto ao público totalmente recuperado e preservado das múltiplas casas fidalgas da Charneca dos séculos XVIII e XIX. Nos seus jardins, será possível visitar a exposição “O lugar que se vê do Eixo Norte-Sul”, que inaugura às 17.30 e abre portas também nos dias 12, 18 e 19 de Setembro, a partir das 14.00.

Ainda no dia 11, a Direcção Municipal de Cultura da Câmara Municipal de Lisboa estará a promover um itinerário cultural guiado, a partir das 17.00, que tem início à superfície do Metro da Ameixoeira e promete dar a descobrir paisagens surpreendentes, palacetes escondidos, uma igreja setecentista e um parque neoclássico. A actividade repete-se a 19, à mesma hora. Antes, há outros percursos por descobrir, a partir do Jardim de Santa Clara (12 de Setembro, Dom 10.00), da Igreja de São Bartolomeu da Charneca (12 e 18 de Setembro, Sáb-Dom 11.00) e da Estrada do Manique (19 de Setembro, Dom 14.00).

Se estiver com vontade de bater o pé, a programação musical começa logo a 11 de Setembro, por volta das 18.00, com um concerto da Orquestra TODOS, que volta a reunir músicos e intérpretes de várias nacionalidades. Este ano, integra também um talento local: Anastácia Carvalho, que fará ouvir-se no Jardim do Campo das Amoreiras. No dia seguinte, 12, a festa muda-se para o Largo das Galinheiras, com o projecto Kriol, que reinventa a música tradicional de Cabo Verde. Nascidos e criados no Mindelo, Danilo Lopes, membro da Orquestra TODOS desde o seu berço, na guitarra e voz, e Renato Chantre no baixo, juntaram-se durante a pandemia para nos trazer o melhor da ilha.

Na agenda de concertos, destacam-se ainda o rapper Estraca (12 de Setembro, Dom 19.00), que cresceu e reside no Bairro da Cruz Vermelha, que está agora a ser realojado na freguesia de Santa Clara; Diego El Gavi (18 de Setembro, Sáb 18.30), que quer quebrar as barreiras que apartam a cultura cigana; e a cantora Eneida Marta (18 de Setembro, Sáb 21.00), nomeada pela UNICEF como sua embaixadora para a Guiné-Bissau. Mas há ainda mais para ouvir e para ver.

Entre espectáculos de teatro e dança, a freguesia de Santa Clara promete não parar. Nos dias 11 e 12 de Setembro, sobressai a proposta de Rui Catalão, Ao Abrigo da Distância (Sáb-Dom 18.00), que parte de oito testemunhos da diáspora africana para criar um mosaico em forma de pequenos retratos cénicos, com as suas complexas relações familiares, tantas vezes vividas à distância, sob o espectro da separação ou do abandono. Já Com Paixão (18 e 19 de Setembro, Sáb-Dom 16.30), do Teatro Ibisco, narra a história de um grupo de cinco refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo para fugir da guerra, da intolerância e da morte.

Haverá ainda circo, com espectáculos no Largo das Galinheiras e no Jardim do Campo das Amoreiras: o colectivo belga-guineense Amoukanam (12 de Setembro, Dom 12.30 e 15.30), L’Autre, num dueto de dança hip-hop e mastro chinês (12 de Setembro, 16.45); e a Orquestra de Malabares, que nos chega da Galiza com seis malabaristas e uma banda musical. E não só. A programação inclui ainda projectos dinamizadas com a comunidade, como a Feira das Galinheiras (12 e 19 de Setembro, Dom 10.00), bem como vários workshops e oficinas, desde actividades de valorização ambiental no Parque Agrícola da Alta de Lisboa até uma oficina de cinema para famílias na Quinta Alegre.

Para não perder pitada, vale a pena consultar a programação no site do Festival Todos – Caminhada de Culturas. Além de organizada por dia, está ainda dividida por tema e local para facilitar a pesquisa. Atenção: a maior parte das actividades são gratuitas, mas requerem inscrição prévia.

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