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Filho Único celebram 10 anos a mudar o paradigma

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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A Filho Único celebra 10 anos no sábado. A partir das seis da tarde, há música e "churrasco à pala" na Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense. 

A data merece ser assinalada. Afinal, é difícil elencar os melhores concertos da promotora sem traçar um mapa e uma cronologia dos últimos dez anos de concertos numa Lisboa que borbulha sob (e influencia) o mainstream. Sem exagero.

Um ano antes do primeiro Super Bock em Stock, o festival da Avenida da Liberdade que deu lugar ao Vodafone Mexefest, já eles estavam a fazer a Avenida mexer, nas míticas festas do 211 da Avenida. E a própria promotora nasceu do trabalho pioneiro dos Gomes na Zé dos Bois. Como diz Nelson Gomes: “Antes de aparecermos com a ZDB o circuito de pequenos concertos não existia. Ponto.”

Retrocedam-se dez anos. “A ideia nasce de uma enorme vontade de expandir muitas das ideias que tínhamos para espectáculos quando eu e o Pedro [Gomes, o outro fundador, que entretanto saiu da associação] éramos os programadores da ZDB”, recorda Nelson. “Procurámos reduzir a programação, fazer um trabalho mais focado, e abrir também a vertente do agenciamento, mas na altura não se conseguia encaixar isso na ZDB, e então decidimos sair de lá, criar a nossa própria estrutura e andar para a frente.” E eis que nasce a Filho Único.

“Desde então o paradigma mudou muito. E isto contribuiu para a mudança da cidade”, acredita Nelson. “Começaram a aparecer novas salas, pequenas novas estruturas e a coisa começou-se a adensar. Os festivais também começaram a ganhar um protagonismo grande.” Afonso Simões vai mais longe: “Quando o Nelson entrou para a ZDB, Portugal estava muito mais insularizado no circuito de digressões e de concertos. E à medida que foi deixando de estar isolado, começou a haver uma produção maior de música e de bandas na estrada, que é o que se vê hoje em dia.”

Resultado: “A Filho Único hoje presta mais atenção a projectos específicos do que propriamente uma programação regular. A ZDB e o MusicBox e as Damas e mais algumas pequenas salas fazem-no de forma muito mais eficaz”, assume Nelson Gomes. “Preencheram esse espaço, o que nos permitiu procurar novas batalhas e actuar em novas frentes.” Mais concretamente, a promoção e apoio à internacionalização de artistas locais, desde produtores de electrónica como DJ Marfox ou Nigga Fox a bandas de indie rock como as Pega Monstro ou guitarristas como Norberto Lobo.

É isto que se vai celebrar no sábado, na Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense. Panda Bear vai encerrar a noite e Primeira Dama dará o pontapé de partida. Pelo meio, entre as seis da tarde e a uma da manhã, sucedem-se concertos que são encontros entre músicos. A música exploratória dos Tropa Macaca vai colidir com o queercore de Vaiapraia, a kora de Ibrahima Galissa entrelaçar-se-á com a bateria de Gabriel Ferrandini, B Fachada será acompanhado por uma Banda Cafetra em que militam Maria Reis, Éme, Lourenço Crespo, Moxila e Sallim. E ainda há uma grande jam com Gala Drop, Lula Pena, Maio Coopé, Niagara, Norberto Lobo e Tó Trips.

“Isto surge por causa de um concerto que não vai acontecer, por motivos de agenda, que era o Fachada com o Pete Kember  [Sonic Boom]”, revela Nelson Gomes. “Eles têm passado muito tempo juntos desde que ele veio para cá. Então pareceu automático desafiar o Fachada a tocar com o Kember. Ambos ficaram muito entusiasmados, mas infelizmente ele não está cá.”

“Nunca foi uma coisa que tivéssemos feito. Mas como são dez anos, e acaba por ser mais uma festa, a exigência não é tanta. Isto é uma celebração, é mais descontraído”, assume Afonso Simões. André Ferreira retorque: “Olha que às vezes é destas coisas que podem nascer cenas bem fortes.” Óbvio.

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